29.7.08

Mamãe disse hoje:
- Você não é mais daqui...


Percebi ontem:
- Meu lugar é em outro lugar...

Sem conexão

Hoje voltei a mim.
Porque teve uma semana que esta não era eu
Ele era mais que eu
Agora tudo retorna ao seu lugar
Meu corpo longe do seu
Meu desejo sucumbido por novas expectativas
Do perto não quero mais nada
Voos maiores me lançam ao futuro desconectado de minhas memórias
Profundo abismo entre tudo que um dia pensei fazer e o tudo que me espera adiante.

26.7.08

.................................................................... 13/07/2008

sei que vou perder os sentidos devagar.
talvez seja rápido.
como isso que aconteceu a dois meses
não quero outra vez esse frio que corta a alma.
quero é o calor que me faz sentir viva e rápida, mesmo que descuidada.
o perigo que me deixa vulnerável
a irresponsabilidade do momento
a discordia do corpo
o estar e não-estar.
pertencer a você ou não, não importa agora.
gosto das ambiguidadesque me formam.
quero hoje mais que uma tarde aliviada de meus compromissos
quero descobrir os limites do auto-controle,
naõ ultrapassá-los, apenas indentificá-los.
.................................................................... 12/07/2008

reticencias

as reticencias são mais que um recurso que usamos quando não temos o que falar. na verdade [ou na maioria das vezes] as uso quando minha fala é mais que a escrita. elas são armas que como tais ataco o pensamento de outrem. provocar no leitor a participação no texto faz com que uma interação no processo criativo aconteça. E isto... [agora as usei de sacanagem, quero continuar a escrever] é apenas isso, por enquanto.
.................................................................... 05/07/2008

o céu e o meu cinza

o relógio na ultima vez que olhei marcava 17:43, depois fechei meus olhos e passado um pouco mais de tempo, o saculejo do onibus, as conversas alheias [que chamam nossa atenção], o vento no rosto, tudo passa, tudo se distancia... apenas a saudade fica em cena.
Esse sentimento me fez sair daquela esfera movimentada, eu estava ali e não estava.
Foi quando abri os olhos e o que me esperava era um horizonte escuro, de nuvens carregadas, pesadas de chuva e chuva forte [eram com eu]. Parecia que não era dia, que não era um fim de tarde com por-do sol. Engano meu. Percebi que as pessoas na minha frente estavam iluminadas, e não era luz sobrenatural, luz que quem vê está em outro plano [na verdade se fosse isto, eu seria a ultima a perceber essa luz], era o sol que transpassava as janelas, os bancos e se refletia naqueles que eu mal conhecia.
Essa luz que me deixou de boca aberta, sem ação, sem raciocinio, me fez contemplar. Contemplação: vontade de parar ali, sentar no meio fio e olhar, aproveitar os instantes que o cinza e o vermelho-alaranjado dividiam o céu, que delimitavam os espaços ou lutavam por eles.
Foi nesse espaço curto de tempo que me dei conta da grandiosidade que me cobria a cabeça, das nossas inconstancias, dei conta também daqueles fenomenos e da minha insensibilidade, da minha [e apenas minha] estranheza.
Estava ali naquele momento, o meu corpo e a minha mente [talvez a primeira vez que consegui mante-los juntos até aquele momento).
Pertencia a mim essa experiencia, de me reconhecer pequena, passageira, com o mundo maior que mim a minha espera, só que ele é maior que minhas ambições [e ações].
Contemplar me impediu de agir. Não fotografei aquilo.
No fundo sei que não conseguiria transmitir as sensações que me cortavam registrando com minha fotografia.
Precisava ali viver e não somente olhar.
.................................................................... 25/06/2008

atravessar o rio negro e chegar no cacau

aquele foi o céu mais azul e aquela a mata mais verde que vi.
o rio negro mais distanciava o barco da costa e as sombras mais negro o deixavam.
aquelas foram as cores mais intensas que vi,
foi a faixa verde mais longa com coqueiros na água e barcos cortando o rio.
a chegada em cacau foi marcada pela sensação ímpar de sentir-se estranho.
a estranheza de andar por ruas de chão batido,
dividir o espaço com caminhões esfumaçando o ar,
ser cortada no caminho por crianças correndo...
o movimento intenso entra balsa, rua, praça, feira,
tudo me deixava com a imensa sensação de não pertencimento, de visitação, de estrangeiro.
aquela foi a primeira vez que me senti fora de um lugar e de invadir um cotidiano,
mas essa invasão não dizia nada para ninguem
apenas para mim

15.7.08

Hoje estou feliz.
E digo isto porque ate certo momento dessa viagem, não estava bem, confesso.
Mas foi importante o estranhamento, a distancia, o sentir-se só.
Passei por isso bem, estou feliz agora, e apenas isso importa.