29.11.09

Ando cansada ultimamente. O tempo do ócio tornou-se inaceitável porque quando estou nele os pensamentos são tão rápidos que é impressionante a estratégia de se transformarem em lágrimas e correrem pelos olhos pra tomar um ar.

Não entendo como conseguem se materializar em líquido.

Contudo não são deles que pretendo falar e sim das quarenta e sete balinhas de caramelo que comi compulsivamente até o meio do dia à procura de tirar da minha boca o gosto daquele fumo, daquele fumante.

O gosto que dos lábios não sai.

É claro que sei, são minhas lembranças que trazem o sabor do cigarro enrolado com minhas mãos sujas de terra preta, um cigarro fino, bem tratado, bolado com gosto (característico de uma paixão fugaz)



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Sonhei que me casava com um passáro de asas muito grandes e fortes.
Ele com seu canto jurava-me amor eterno
e uma melodia nova em todos os dias de sol.

22.11.09

p/ o curto tempo que tenho



Penso hoje
nnnno mundo

que parecia não existir
que com poucos olhares

aaaaaaaaameaçava cair

cccccccccccccccccccomo

uma tonelada em mim.

2.11.09

Dizem que a gente não está no mundo só a passeio, creio eu também que se é pra passear ando caseira demais. Ando presa em sentimentos sem graça que esperam encontrar um espelho pra ter o seu reflexo.

Se do lado A do disco penso ser essa uma ‘razão razoável’ dada a vida e à forma de fazer dela algo de valor - dotada de sentido que encontra significado na relação com outro -, do lado B do mesmo disco concluo que é ingenuo ou fraco encontrar-se nessa condição.

Sim, porque é uma condição, percebida agora mais cedo quando voltei pra casa com a sensação do tempo correr pelas mãos e minha capacidade de trangredir os limites frágeis do espaço transformada num conformismo.

Lamentável para alguem que como eu gosta de andar pelas bordas do mundo.

Convenhamos que a cidade fragmentada não é o lugar de bordeiros, porque de certa maneira a tal categoria livre não traz aos meus pensamentos identificação alguma, acho que nunca me sentiria livre nos termos que muito pretendem. Anularia até essa idéia mas justifico minha ansia pelo não-reflexo de mim em outros na inconstancia de objetivos de vida que fazem dos bordeiros pessoas tal como xamãs, que andam pelo mundo humano e extra-humano, ou pensado de outra forma, não pertencem a eles e por isso não conseguem adentrar nem em um, nem em outro.

Ora o conforto de se apegar a uma posição exótica parece ao menos uma justificativa recorrente de cabeças pensantes e aventureiros meia-boca. Porem os aventureiros de boca-inteira são realmente livres já que não se importam com categorias – seja de libertade, seja de ser dotado de privilegio de andar entre mundos.

Dessa forma, consciente de minha condição bordeira-meia-boca errante entre um caminho palpavel e outro inventado pelas minhas idéias, imagino um projeto de vida que tem a obrigação de me surpreender.

É nesse sentido que vejo ser incompatível saborear sentimentos tão pequenos, (como ‘posse’ – mesmo que este seja fruto de ‘amor’) diante de um mundo que se apresenta como de ninguém ou de tantos seres que pouco importa compreendê-los sobre meus próprios conceitos fatídicos.


o que é pra ser vigora
por isso nem dúvidas me servem de contraceptivos aos sonhos.

1.11.09

Contra qualquer continuidade...


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Me leve daqui,
Mas não me olhe no fundo porque seu tempo voaria tal como meus pensamentos...

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Saia daí, se ponha em mim
Mas não amplie seus sonhos sobre os meus

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Eu queria mais, pode ser só um pouquinho, não tudo,
Porque aí a gente perde a graça

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