24.8.08

fuligem

hoje vou escrever o texto mais bonito do mundo. e ele será também o mais profundo, o complicado, inquietante, sufocador, no entanto, nas entrelinhas será possível ler a inocência, ingenuidade, praticidade e formas banais da vida. porque não importa o quanto tentamos, tão pouco se conseguimos alcançar os fins propostos, o que vale é o fato de tentar. e não diz respeito a ninguém o quanto verdadeiro você é, nunca ninguém vai te achar assim e você nunca vai conseguir ser verdadeiro sempre. as falsas palavras fazem parte de qualquer discurso, seja ele político, científico ou romântico. o discurso não se encerra em si, ele continua no outro, ele se reproduz. falei numa conversa normal sobre restaurantes que jogam comida fora, defendendo isso como se eu soubesse as leis que não favorecem a ação contrária, falei isso, porque ouvi de alguém. também já disse sobre uma professora coisas que não cheguei pensar sozinha, muito menos formulei uma análise sobre ela, eu reproduzi. isto é o que mais faço. reproduzo o tempo inteiro, desde gosto musicais até teorias sociológicas. não importa, o fato é que, muita informação entra por esse ouvido, por esses olhos, e parte considerável é processada, parte é excluída. quanto a primeira parte a subdivido em grupos que podem ser entendidos sob as seguintes nomenclaturas: arquivo oculto, arquivo de leitura, arquivo corrompido. é assim, muitas leituras se encaminham diretamente para o grupo arquivo oculto, ficam lá escondidas e guardadas no esquecimento (esse um defeito assumido e detestado, que convivo em guerra). outras impressões por tempo indeterminado ocupam o espaço de arquivo de leitura mas quando encontram-se com outras, a incompatibilidade torna impossível o convívio, algumas idéias se quebram e sem querer mesmo são remanejadas para o grupo arquivo corrompido. nesse momento a tentativa de texto bonito sem humildade, não funciona e por fim, caio no deslize de falar sobre meus mecanismos e processos de formação. triste. mais uma vez não consigo manter minha palavra. nesse instante me faço de coitada e como um pedido de desculpa escrevo frases para justificar uma frustração. é sempre assim. um dia essas apostas que faço comigo irão terminar causando tragédias... exclusão do blog talvez. perdi o sentido disso aqui, mas vou me animar e retomar os projetos que se sacolejam dentro da bolsa e na cabeça. de cabo a rabo, tudo, essa pouca exatidão e atropelos construtivos não interfere na substância, talvez na forma, como essas manchas escuras que podem aparecer com o passar do tempo.

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