8.9.08

a vontade de escrever diminuiu bastante por esses dias, a de fotografar aumentou... mas tudo nessa minha vida tem um "mas", um "no entanto", um "porém". não seria diferente agora. fotografar é difícil, junta a falta de tempo, o falta de cia, a falta de segurança, a cara de novinha, e você se sentiria como eu. pode parecer desculpa tola, mas andar com uma máquina [que passei seis meses pagando] correndo o risco de ser roubada por aí, não dá. de resto, poderia me entreter com essa vida virtual, participar de fóruns e discussões, conversar a noite toda, ou ler os vários textos que deveria ler, só que chega uma hora que tais coisas não saciam a vontade de passar o tempo, chega uma hora que estar com pessoas é essencial. preciso muito disso agora. e não importa se passo doze horas num prédio, com pessoas que tem os mesmos interesses, é preciso de vez em quando, andar por aí, observar o movimento, o barulho ou o silencio de um lugar. é bom fazer isso só, e digo, já fiz isso algumas vezes, tem outras, que é necessário dividir com alguém [ou alguens]. essas relações imprecisas, desconexas, diluídas em expectativas e faces, desconcertantes e sem o mínimo de conforto, me deixam saturadas dessas normas, dessa complexidade, desse descuido ou mesmo desinteresse. me corta o tesão qualquer tipo de obrigação. uns meses atrás sentia isso diante o fotografar, substitui pelo escrever, agora sinto isso em ralação a esse espaço, e não adianta ninguém dizer nada, nem me consolar dizendo que a escrita é interessante. isso não me serve mais ao objetivo que foi criado. ponto forçado, pensamento perdido. tesão perdido. uma coisa afirmo, os dias passam rápido demais, num dia desses me vi escrevendo algo que senti vergonha depois. sinto mais vergonha agora. sinto mais desprezo agora. encontrei quem não queria naquele dia, tive que fingir indiferença, pura vontade de parecer superior. menti pra mim, me criei uma situação que existe apenas aqui, num circuito muito pequeno. estórias são inventadas todos os dias, quadros e planos também, gosto de ver o mundo enquadrado, faço um recorte, ver demais é quase como não ver nada, é o não dominar as impressões. todas as semanas passadas me levam a pensar no tempo que perdi, nostalgia e desagrado do uso mal feito dos dias, a espera de alguém. sabia que canto muito bem? e escrevo desenfreadamente em guardanapos gastando a tinta da minha caneta de ponta grossa? emputecedor. minha lente caiu e todo o trabalho do fim de semana vai pra o conserto dela. a vontade de fotografar vai passar. esse sentimento de esquizofrenia também. e o desleixo do cabelo. amanhã não vou escrever, vou dormir esperando não lembrar do desconforto que me causam as incertezas da fala do outro. deixo o médico pra minha mãe, recomendo um psicólogo para meu professor, e um padre pra minha amiga; porque alguns desabafam com as paredes, outros precisam realmente de um ouvido, eu, apenas de um beijo.

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