5.2.09

curtíssimo capitulo III: sobre ele


Sempre aquele semblante mostrava-se calmo e o apreço que possuia por aquela profissão era muito grande. Estudara muito por muito tempo e de alguma maneira podiamos ver em suas falas comentários cândidos em relação ao seu futuro. Polido. Gentil. Funcionava feito máquina e tinha gostos normais para os que o vissem de fora e esquisitos para alguem que o visse por dentro. Repetidas vezes concordara que a ideia de se envolver naquele momento com outro ser, desprovido de uma armadura contra as tentações do seu desejo, lhe culminaria numa emboscada. Sem ser destro, com destreza caminhava pelos assuntos e tinha um humor elevado. Um requinte no andar e paladar, com bom ouvido. Bom entendedor no melhor sentido da expressão do comercial de cerveja. Para ele, meia-palavra-basta.

Numa noite pegou-se sem dormir ao pensar no vazio que sentira naquele dia, um dia duro que nem mesmo as pequenas doses de bebida no inicio da noite aliviaram as tensões dos ombros. Queria era uma massagem de um par de mãos leves, talvez pequenas. Fazia pouco tempo que preferia o costume de ser só mas tinha a necessidade de dormir acompanhado de um outro corpo alguns dias. Meio macho, meio homem, meio moleque, mas gostava mesmo era de ser o primeiro - um toque mais selvagem nas palavras já que nos gestos e no olhar era tão feminino como uma moça. Sussurrou para seus próprios neurônios as atitudes que devia tomar e a concentração que deveria manter no trabalho até que não aguentou. Pegou as chaves e saiu pra ver estrelas com o vento do mar soprando aos ouvidos a melodia da calma no odiado, mas desejado [somente naquele momento] silêncio.

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