Eu fico muito puta e histérica e dano a chorar desesperadamente quando me falam que não existe verdade. É claro que todo o discurso é bonito, é relativista, é humanitário, é envolvente... é uma merda.
Esse papo pós-moderno as vezes não desce. E meu conforto é saber que não estou sozinha nisso.
Uma área onde isso é debatido e muito é no cinema-documentário. A áurea de verdade que envolve o gênero é forte demais e apesar de não faltar gente dizendo que a verdade não existe, ela fica ali, acorrentadas nos nossos pés, perseguindo as mentes e deixando nossos miolos com cheiro de quiemado.
Definir um filme como documentário ou etnográfico passa por esse fio condutor da verdade que nessa era pós-modernidade tão aclamada e aplaudida perde todo significado.
A palavra soa desacreditada nesse contexto e para isso a substituíram por outras, “fidelidade” é uma ótima substituta. Fazer cinema-documentário envolve o pesquisador-realizador e o objeto-personagem, numa relação conturbada onde o que se quer é afirmar, mostrar, dizer.
Nesse cenário o que seria a verdade da pessoa, passa ser a fidelidade ao personagem. O que seria a verdade do realizador é renomeado como construção que envolve relações de poder. O que vivemos hoje na área de realização de filmes com o viés antropológico é o intimo conflito entre o que se pretende fazer: filme ou pesquisa.
Por que devemos escolher tão rigidamente?
Será que são tão diferentes assim?
E já que todos é possuidor de sua verdade, a minha é essa: o filme é etnográfico quando a experiencia da filmagem é feita com olhar antropológico, e para isso não é necessário anos a fio em pesquisa, nem formação em ciências sociais, mas a importancia que é dada ao olhar e acima de tudo ao ouvir.
Por mais que seja convincente a sua não existencia, mas a pluralidade dela a "verdade que não é verdade" decepciona, me calo, escuto e me deixo concordar, mas é deprimente caminhar numa terra que não é de ninguem.
como diria um de nossos personagens: "essa que é a verdade!"
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