28.8.08

três de mim

eu deveria ser no mínimo três. sim porque tudo seria muito mais fácil.
uma de mim continuaria sendo a Quel: acordaria todo dias às oito, tomaria o café acompanhada da mãe, trataria fotos de casamentos, batizados e aniversários. depois almoçaria sempre o frango temperado e o arroz grudento e sairia pra passear de carro no banco do carona lendo em voz alta as notícias do dia pra motorista, a mãe.
outra de mim continuaria tentando ser uma antropóloga, discutiria a imagem como representação, fotografaria o mundo, produziria uns 100 filmes ditos etnográficos, talvez passasse na prova do mestrado, talvez conseguisse uma bolsa, talvez não me preocuparia com dinheiro, nem com dúvidas metodológicas, nem com teorias imagéticas. viveria no rio, encontraria um homem bacana e viveria com ele por dez anos, visitaria a mãe aos fins de semana.
a ultima de mim poderia se decidir de vez pela arqueologia, daí não ficaria numa plena confusão enquanto na frente de uma tela luminosa lê sobre editais de provas, tão pouco sofreria com as incertezas de uma profissão. se mudaria pro amazonas, trabalharia em escavações e projetos de amigos, depois seria orientada por alguem legal, produziria um trabalho de analise arqueologica bacana, seria envolvida nas causas indígenas, produziria boas fotos apenas por que gosta. talvez encontrasse alguem, talvez seria feliz, e visitaria a mãe duas vezes no ano.


odeio ser ignorada e é isso que ela faz comigo.
um dia digo na cara as verdades que precisa ouvir,
talvez ela entenda
ou de vez me desconsidere como filha.
eu sou uma filha da puta.
bem puta.


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fim da produção de agosto.
não me permito escrever mais que 23 vzs ao mês.
a gente precisa de um limite em tudo,
o meu é esse, o nº 23.
23 postagens.
23 pensamentos.
23 aborrecimentos.
nenhuma verdade, nem a mais subjetiva.

Um comentário:

  1. De vez em quando passo aqui e leio...e gosto...
    Não importa o quanto andemos...pais serão sempre pais...filhos serão sempre filhos...
    E em relação as suas opções...a terceira é sempre mais romântica, afinal faz lembrar os naturalistas do século XIX....rsrs...
    bons dias

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