5.3.09

o futuro podia não ser futuro, daí as incertezas não fariam par com este corpo, e o passado poderia não ter memórias, daí estes lábios pronúnciariam mais calma e sossego do que agora será traduzido em signos. faz três minutos notei que vivo em pouca vergonha, de forma mediocre até, porque há um mundo tão bonito lá fora que meu enclausuramento só pode ser covardia. quando não estou entre quatro paredes estou imersa em palvras de alguém, isto, quando não estou com os pensamentos em outro.

podia ser o sofrer, mas esse é o viver. viver, que repito, é delimitado pela preocupação com o tempo, com a interação, com as músicas que como melodias de açucar se desfazem dentro do peito. ou com a intensidade que é ser jovem demais. é a vida toda pela frente te puxando pelo pé, mas há uma mochila cheia de pedras nas costas, sendo cada peso a meta que propus ao meu espírito quando tinha ainda doze anos. fugi de você ontem até porque eu não me faria bonita para ninguém - nem aos olhos de quem me ama; porque quando amamos alguem o bonito transforma-se nele e não importa quantos anos se passaram ou quantos dias não se veem, ou quantos minutos atras se beijaram, o bonito é bonito por ser, e tal coisa está nos olhos de quem a vê.

aquele gosto guardado aqui debaixo da língua, agridoce - como já sabes, me vem de meia em meia hora e as coisas expressas que gostas de ler não podem mais ser escritas por mim, é complexo demais, ou fluido. quando vejo já fui levada a fazê-lo pensando em você.

possuindo apenas sintonias pobres e letras baratas nem a espessa camada de gelo pude retirar de mim nessa manhã, e a fiz de propósito porque falta dias e milhares de minutos para o calor de dentro se expor sem preceitos. não falarei das memórias de beijos rápidos, de conversas despretensiosas e contrariedades que afastam os corpos, no final das contas [e isso já com os dez por cento do garçon], todos nós sabemos que diferenças separam mais que juntam individuos inteligentes. e não sou mais nem menos interessante porque falo isso, nem mais fraca ou forte feito rocha porque me liberto de angustias atraves de palavras...

durante um tempo na vida tudo é permitido, na verdade, este tempo dura enquanto os donos querem. outros justificam as permissões. minhas justificativas já não são segredo para ninguém.

o vento da juventude que me sopra o rosto
o ardor de paixões que causam fissuras nos ossos
a escassez de experiencia sensorial que transforma vontade em necessidade
a linguagem pobre que me causa insuficiencia de versos

***
canso rápido de minhas idéias e documento tais oscilações em vazias leituras.

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