8.4.09

andei tão preocupada com meus sentimentos que me distrai no tempo decorrido e não percebi o desmazelo com minha própria ideia de mulher. não há momento mais cruel quanto este que passo por esses dias e a incerteza que consome rapidamente as horas... sim, os ponteiros giram tresloucadamente, meus pêlos crescem e as unhas descascam, as espinhas estouram no rosto atraente, de fato o que preciso é de uma hidratação na alma e não nos fios de cabelo.

rascunhei dezenas de bilhetes mas não entreguei. até que resolvi ligar e escrevi numa folha de papel o que diria, a folha molhou e já não conseguia entender as palavras em grafite 0,9 já que estavam embaralhadas com respingos de lágrimas e manchas de café. preferi o silencio, já que ele é companheiro mais fiel.

posso agora dizer que dói. dói muito confiar em si e mais ainda se responsabilizar pelo rumo que a vida toma. não acredito em amor, e as poucas pessoas que me conhecem sabem desse meu pensamento, precisamente quando depois de algumas doses de alcool a filosofia amorosa da dona jaque salta pelos lábios e numa linguagem pouco articulada misturada ao sotaque indefinido eu sopro aos quatro ventos que o amor não existe, é inventado, é cultural, que no fundo, quer seja o amor, quer seja o romance, é uma resposta muito bem elaborada por seres sentimentalistas à necessidade de prazer que todo homem tem. acredito muito mais na companhia, na cumplicidade. não sou especialista nesse tipo de coisa. só sei que dói e o que causa dor não é bom pra ninguem. gosto das diretrizes que embasam a vida de maneira simples e me proponho a resolver meus dilemas de modo prático, mas é dificil meu camarada. é dificil porque a nossa vontade escapa dos planos mais racionais.

hoje, o dia que deveria estar demonstrando meu amor por aquele ser que me colocou no mundo, que me orienta e conhece como ninguém, a situação foi contrária. ela que com sua cumplicidade, me abraçou e sua respiração e o meu resfolegar misturaram-se. não queria que fosse assim e gostaria muito de fingir estar tudo bem por esses dias, mas minha expressão e os olhos fundos não deixam que eu me engane e minta a mim mesma diante do espelho, muito menos diantes daqueles que gosto.

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