30.12.08

obliterar os fluxos de pensamento
organizar as idéias não tão deliberadamente


"A Introdução, que costuma ser aquilo que primeiro se lê em um trabalho
deste tipo, é também, geralmente, aquilo que por último se escreve.
Neste espaço vazio entre o fim da escrita e o início da leitura por outrem,
parece ser preciso realizar ao mesmo tempo duas coisas inteiramente diferentes.
Justificar aos próprios olhos o que foi feito, e tornar essa justificação, esse
sentido próprio pessoal, em um texto que conquiste a cumplicidade do leitor. Não
qualquer leitor, mas justamente aquele para quem uma tese acadêmica só faz
sentido se não precisa justificar-se.
Leitores de teses, ou pelo menos os freqüentadores profissionais desse gênero
de trabalho, são céticos e críticos quanto a todas as demonstrações que o texto
possa lhes oferecer; mas são também os que mais demandam que se lhes diga
que caminho o texto os fará seguir.
Talvez isso se dê em função da complexidade
da comunicação que está sempre em jogo nas ciências sociais, em todos os
momentos ou aspectos da produção de seus conhecimentos
. Talvez também
porque nenhum texto é uma máquina que funcione sem intervenção, e seja então
necessário dizer de antemão, no mínimo, quais são as matérias-primas e o que se
quer manufaturar.
Falando em ‘entropologuês’, é preciso que a eficiência da
máquina não seja julgada de modo absoluto, pois ela não faz mais do que
produzir desordem
. É preciso que se delimite o universo de atenções, intenções e
interesses e em que o texto se inscreve. "



retirado da tese de amir geiger

Nenhum comentário:

Postar um comentário