15.2.09

não poderia ser diferente, a madrugada nunca é boazinha feito tia-[a]vó do interior que tira leite de vaca e oferece goiabada feita com carinho pra você. a madrugada é como a tarde ensolarada dentro de um metrô do rio de janeiro: quente feito o inferno, apertado tal como um espartilho do século XIX e feio como o diabo.

é, isso mesmo. o sono não vem e as memórias sacanas te invadem a cabeça, a mente, os olhos, o corpo. e quando vê, aí que a insonia te domina e não há no mundo ser que se desprenda dessas miudezas.

e não há no mundo ser que se desprenda dessas miudezas?

não há no mundo ser que se desprenda dessas miudezas.


envolver-se com alguem requer uma certa organização espacial, um senso de direção e um sonífero que funcione e não ofereça contra-indicações intelectuais. a concentração nesses casos é a mais afetada e enquanto o trabalho te chama o desejo de puxa pela perna e dá uma rasteira daquelas, um carrinho por trás na pequena área e você puto pede ao Juíz um cartão vermelho.
Aí, a galera vai ao delírio! Você vai ao delírio.

a confissão feita às paredes enquanto os olhos se dirigem ao teto é secreta, que deve ser mantida em segredo. porque cada canto da casa deve ter uma lembrança, uma marca e tudo na vida e no mundo é assim. o meu pé direito guarda o dia em que desobedeci minha avó e abri a porta do guarda-roupa e maldita caiu nele. é no próprio corpo que a história se faz.

3 comentários:

  1. Nossa! Quanto coisa boa aqui hoje!
    Primeiro você pintou uma madrugada horrível: "a madrugada é como a tarde ensolarada dentro de um metrô do rio de janeiro: quente feito o inferno, apertado tal como um espartilho do século XIX e feio como o diabo". Não concordo mesmo, minhas madrugadas são bem mais "aprazíveis" que o metrô. hehehe
    Logo abaixo algumas palavras sobre insônia que me fizeram lembrar (não sei exatamente porquê) uma frase do Caio Fernando Abreu: "Quero alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis.
    Depois a frase do dia: "envolver-se com alguem requer uma certa organização espacial, um senso de direção e um sonífero que funcione e não ofereça contra-indicações intelectuais." (SEN-SA-CIO-NAL). Por fim, totalmente inspirada, você encerra com uma tirada que deixaria até Karl Marx, de 18 Brumário (precisamente o primeiro parágrafo), com inveja: "é no próprio corpo que a história se faz".
    Incrível! Parabéns! Muita inspiração!

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  2. epa, peralá rapaz...
    que analise é essa???
    eu heim??!

    vixi maria!

    :P

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  3. hahaha... me empolguei na interpretação...

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