23.3.09

nesse momento meus pensamentos foram perdidos porque faz duas horas que não penso em outra coisa que não minha insegurança. imagino trilhões de situações e monto cada cena, com figurino e trilha sonora de primeira. escrevo cada diálogo na minha cabeça, as expressões durante o diálogo e o silencio característico desse tipo de interação face a face. não adianta nada. isto não serve pra mim. porque quando eu procuro alguém é você quem procuro, e me sinto fraca só de pensar que estou só nesse barco. e algumas vezes penso que o melhor é me criar a personagem que sozinha viaja por aí, acompanhada de uns livros, de referencias visuais do cinema clássico ou outsider. poucas vezes reservei a mim a sinceridade com a qual escrevo tais palavras, sinceridade que me permite indagar sobre minha condição de alguém que se vê perdido, sem rumo [mesmo traçando planos]. preciso que meu organismo produza mais serotonina mas tenho pra mim que será necessário sair desse quarto e me atirar em outros círculos... sinto que não conheço meu corpo nem minha personalidade, só sei que não gosto de me mostrar ou tornar públicas sensações sinceras, dessa maneira posso contar nos dedos das mãos quantas vezes escrevi de forma transparente sobre minha medíocre maneira de saborear o gosto do mundo. queria culpar alguém por isso mas até agora me sinto covarde.
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espero por ele toda noite
acabo adormecendo
e sou
despertada por chuvas
de flores amarelas
que formam um tapete
da porta da minha casa
até o lugar sem nome
de minha liberdade.

Um comentário:

  1. puxa, chego por vezes a falar sozinho ... a falar com o espelho depois de olhá-lo umas quinhentas outras tantas, pra ver a mesma pessoa que poderia estar em mil lugares com mil pessoas, mas ali, aqui, escrevo só ... adorei o tapete, as flores amarelas ...

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