30.7.10

22.7.10

Aquela frase “com o tempo passa” só pode estar errada
porque o tempo só faz aumentar o sentimento e a confusão... “com o tempo complica”.

Sim, estou na beira da estrada me perguntando se entro no carro de carona ou se vou ali de bicicleta pelo acostamento. Estou machucada, e os tombos vêm servindo como anestésicos, porque dor atrás de dor, quando você se dá conta, já está acostumado.

Minhas palavras caíram pra debaixo da cama, extrapolaram as margens do word, se refugiaram nas paredes, tudo isso porque você não se importa com elas.

É culpa minha?
É culpa sua?
A culpa é de quem?

O tempo me faz apenas recuperar uma paixão inventada.
Só não quero morrer na praia cedo demais

15.7.10

está tudo meio de cabeça pra baixo
o cotidiano normal remexido
-------------------------------------quem vai querer mudar
-------------------------------------quem vai querer andar

meu corpo existe num drama
entre ele, eu, nós
há distancias imaginadas
caminhos tortos, um atalho

uma saudade leve,
aroma que vem do sonho de domingo as dez da manhã
um relógio que conta as horas em marte
-------------------------------------você vai querer mudar
-------------------------------------você vai querer andar

não cabe em si
extrapola os sons, o gosto
carcome o sentimento frouxo
sonha comigo, contigo
-------------------------------------eu vou querer

14.7.10

12.7.10

descobri essa coisa de inferno astral. e cá entre nós não há no mundo coisa melhor que explicar (ou tentar) o que a gente sente - isso quando você (digo eu) é um ser apegado numa tal racionalidade irracional.

9.7.10

eu gosto muito de coisa velha. tenho o ferro da minha bisavó no meu quarto. tenho os cadernos da quarta série. adoro as senhoras e senhores que tem muita estória pra contar. mas se uma coisa que me atrai são novidades musicas, não que eu seja uma moça antenada ou que meus saberes musicais são tantos que isso me faça ser uma boa entendedora de música: não. pelo contrário até.

bem, essa balela toda é pra colocar esse video aí de baixo acompanhado do link do site de Devendra Benhart. O cara é louco. Psicodélico. Coisa de primeira. Gostei demais!



O site: http://www.devendrabanhart.com

é possivel ouvir todos os discos.

8.7.10

acordei subitamente no meio da noite,
era a saudade que se espalhou no meu lado da cama.

briguei com ela
discuti
dei-lhe um tapa na cara.

hoje acordei de olho roxo,
mas foi porque a insonia me pegou de jeito depois.

7.7.10

"Coquetéis bacteriológicos
Gases fratulentos
O caos

Conhaque pros valetes
Tintos para damas
E cachaça pros pobres

E como já dizia a minha prima Catarina
Deus nos dê fígado, pois temos o planeta inteiro pela frente.
Na verborragia do verso
Estoura o limite de ânsias
Há um desquite que a metáfora não alcança "



e a vida se fez de louca
mundo livre s/a

6.7.10

eu mudei
de tom, de cor, de dor.

porque dois anos atras eu me perguntava onde estaria. onde estou?
to no meio do caminho de um processo tosco.

li aquele escrito, a terceira opção foi a escolhida e agora percebo que algo se perdeu no meio do caminho de um processo tosco...

eu continuo a escrever bastante, mas agora escondo e não guardo aqui. eu continuo a indagar minhas imagens, mas agora não tenho a coragem de fotografar. o desejo de ser amada continua tal como antes, mas a pessoa mudou. as viagens literárias já não mais me satisfazem, agora só as viagens por conta de alguns narcóticos naturais. questões antropológicas se renovaram não porque li um novo texto mas porque vivi determinada situação.

continuo sempre de cabelo preso, descalça na maior parte do tempo, mesmo no norte não bebo sequer um litro d'agua por dia, sentindo frio durante o dia por causa do ar condicionado, com sombrancelhas por fazer, esquecendo de limpar o ouvido, confusa, cheia de incertezas e com uma saudade enorme de minha mãe... precisamente do olhar dela.

preciso de um afago, por favor.
hoje me bateu uma tristeza, um cansaço que não tenho como nomear as causas...

vai ver é o tempo quente, que esquenta o peito e transforma em lágrimas as sensações de vazio e as ansiedades da gente. eu desprezei algumas semanas atras a importancia dos laços menos superficiais.

lamento.

hoje estou carente, descrente.

5.7.10

O problema é que, de tanto ver no Outro sempre o Mesmo - de dizer que sob a máscara do outro somos "nós" que estamos olhando para nós mesmos -, o passo é curto para ir direto ao assunto que "nos" interessa, a saber: nós mesmos. Pessoalmente, estou mais interessado em saber como os outros "representam" os seus outros que em saber como nós o fazemos; afinal, os outros são outros porque seus outros são outros que os nossos (nós, por exemplo)" (VIVEIROS DE CASTRO, 1999)


Vira e mexe me deparo com as dúvidas comuns daqueles que se iniciam numa profissão, principalmente tratando-se da acadêmica, em que a classificação é o primeiro passo. Sim, você precisa se posicionar metodologicamente, teoricamente, pessoalmente. Isso implica, de certo modo, na eleição de algumas noções bastante específicas sobre o papel que você desempenha numa relação (com a instituição que você trabalha, com as pessoas que você “estuda”, com os autores que você utiliza). Chego neste ponto, relação com os autores que utilizamos. Já dizia Simmel, a interação ocorre até quando na frente do espelho nos olhamos antes de sair de casa e pensamos no outro... De fato começo aqui me embaralhar e jogar pra essa categoria “Outro” as responsabilidades de minha própria condição. Deixe-me explicar.

A temática¹ da alteridade já fora tratada de variadas formas pelos mais diversos autores desde as críticas pós-modernas², passando pelos "interacionismos" e os contatos interétnicos³, diga-se de passagem que todas elas tem um doce, como uma cereja do sorvete - as contribuições são inegáveis. Contudo o que penso com mais afinco é essa relação que nós diante de sistemas de pensamentos tão particulares nos dispomos, com nosso próprios termos, explicá-los.

É uma sinuca de bico.

Daí chego no (meu) ponto crítico, que nos ultimos meses me rouba horas e horas... Falar de arte indígena expressa (nas entrelinhas) a ânsia de compreender – mas do que explicar – sistemas significativos e construídos simbolicamente. Sim, estou partindo do pressuposto que a vida social, quer seja em seus aspectos imateriais, quer materiais (tecnologia, instrumentos, objetos) possui uma dimensão simbólica inerente.

Mas porque tivemos nos últimos anos essa mudança de posicionamento?

Ando confusa. Se por um lado piso forte contra as interpretações arqueológicas* que pressupõe a “arte” indígena como sistemas de comunicação a partir de um movimento da antropologia (e há vários trabalhos que se empenharam na tentativa de “traduzir” os signos de uma arte que comunica posições sociais – lembro aqui dos Kayapó), também ainda não consigo sustentar uma hipótese que não lance mão desse aspecto comunicativo da arte.

As expressões humanas carregam em si um aspecto fundamental: comunicação. Troca talvez seja uma noção melhor. E isso implica ir um pouco mais fundo... as relações sociais se dão a partir de nossa capacidade e necessidade de interação, a necessidade desse tal outro.

Alguém quer falar sobre isso?


______________

1. palavra de antropólogo e permito usá-la aqui só pra exercer esse lado pouco desenvolvido de minhas expressões.
2. como não lembrar da questão do autor, autoridade etnográfica, questões de literatura e antropologia...
3. isso então é uma loucura, só de pensar que a etnologia brasileira é divida (porcamente) entre "classica" e "contatualista"... lembro também do texto clássico do barth...
*. Exemplo o trabalho da denise shan "linguagem iconográfica da cerâmica marajoara", mas devo dizer que acho isso mais interessante que as interpretações figurativas do andre prous.