notas em transparência [tentativa dois]
Você é tudo o que eu queria pra mim, você com a toda sua erudição completa minha vontade e me surpreende com o tom carinhoso que vejo sair dos seus lábios. Não confundi minhas expectativas quando me entreguei a este que me leva com destreza e me trata como unica. Porque eu não sou mais uma. Eu sou mais do que você antes nunca pensou ter. E de fato, sua indulgencia me deixa ser sua e você de mais ninguém. Arranjei os encontros, desmenti minhas invenções dando-lhes mérito ao acaso, mas cada parte da estória sabia e planejava silenciosamente as ações. O não ligar, o não falar, o dar silencio, o se entusiasmar - até o gemido - vezes acho ser consciente, vezes acho ser de gente distraída... mas vem de você e também sai de mim.
E não há no mundo borboletas que já não estiveram em minha barriga quando pensei e ansiei por um encontro, por um beijo. Cada particularidade das horas compartilhadas com você me consome a alma e a tristeza - e em algumas situações -a alegria. O que me atormenta saber é que hoje viram em mim felicidade, ninguém me disse, mas pude a ver refletida nos olhos de diversas pessoas que esbarraram em mim no centro da cidade, e a vergonha desse ar ditoso me impediu de encarar amigos no metrô e cumprimentar um professor que amo feito pai e admiro como mestre. Toda estabilidade que construi nesses meses de leituras e entregas etnográficas, literárias, me fez perceber que a instabilidade não é uma oposição, é como aquela coisa de entropia, ou de ordem na desordem... Na verdade crua que sangra e pulsa nas pontas dos meus dedos, me observei nua diante do espelho em plena uruaguaiana e era possivel ver as pessoas passando por detras de mim: a moça de saia rosa, o senhor de calça quadriculada que é um charme, um vendedor de guarda-chuva que elevou seu preço quando o céu começou a chorar - ele estava surpreso com a florescencia do espírito dessa que vos escreve. Sucumbi no final da tarde quando percebi que via você em homens vários, podia naquele instante entender que você já estava em mim em imagens de outros - e comecei bendizer até a minha décima terceira geração no momento que meu coração disparou ao supor que aqueles passos eram teus, e eram.
Me resta saborear o emaranhado de desordem que se instaurou na minha vida curta, analisá-la com o intento de encontrar ordem onde pensei um dia não ter.
30.3.09
porque nesses dias pude experimentar o inferno e o céu e são sempre as pessoas que nos causam isto. a experiencia de viver os dias com intensidade é um mecanismo de torná-los dinâmicos. sim, porque imagino que passar a semana inteira esperando pelo nada deve ser de cortar o coração, falo isso pois tenho a sensação que o mundo conspira em favor daqueles que dão alguma importancia para cada hora do dia e não é vã essa cosmologia inventada às 10:54 da manhã.
24.3.09
notas em transparência [tentativa um]
Você é tudo o que eu não queria pra mim, você apesar de toda erudição não completa minha vontade e me despreza com o tom soberbo. Confundi minhas expectativas quando me entreguei a este que me leva com destreza e sinicamente me trata como mais uma. Porque eu não sou mais uma. Eu sou mais do que você antes nunca pensou ter. E de fato, sua fraqueza não me deixa ser sua, nem você de ninguém. Arranjei os encontros, desmenti minhas invenções dando-lhes mérito ao acaso, mas cada parte da estória sabia e planejava silenciosamente as ações. O não ligar, o não falar, o dar silencio, o se entusiasmar - até o gemido - vezes acho ser consciente, vezes acho ser de gente distraída... mas vem de você e também sai de mim.
E não há no mundo borboletas que já não estiveram em minha barriga quando pensei e ansiei por um encontro, por um beijo. Cada particularidade das horas compartilhadas com você me consome a alma e a tristeza - e em algumas situações -a alegria. O que me atormenta saber é que hoje viram em mim solidão, ninguém me disse, mas pude a ver refletida nos olhos de diversas pessoas que esbarraram em mim no centro da cidade, e a vergonha desse ar solitário me impediu de encarar amigos no metrô e cumprimentar um professor que amo feito pai e admiro como mestre. Toda estabilidade que construi nesses meses de leituras e entregas etnográficas, literárias, me fez perceber que a instabilidade não é uma oposição, é como aquela coisa de entropia, ou de ordem na desordem... Na verdade crua que sangra e pulsa nas pontas dos meus dedos, me observei nua diante do espelho em plena uruaguaiana e era possivel ver as pessoas passando por detras de mim: a moça de casaco verde, o senhor de blusa amarelo-manga que odeio, um vendedor de guarda-chuva que elevou seu preço quando o céu começou a chorar com piedade dessa que vos escreve. Sucumbi no final da tarde quando percebi que via você em homens vários e praguejei até a minha décima terceira geração no momento que meu coração disparou ao supor que aqueles passos eram teus.
Me resta fugir do emaranhado de desordem que se instaurou na minha vida curta, analisá-la com o intento de encontrar ordem onde pensei um dia não ter.
Você é tudo o que eu não queria pra mim, você apesar de toda erudição não completa minha vontade e me despreza com o tom soberbo. Confundi minhas expectativas quando me entreguei a este que me leva com destreza e sinicamente me trata como mais uma. Porque eu não sou mais uma. Eu sou mais do que você antes nunca pensou ter. E de fato, sua fraqueza não me deixa ser sua, nem você de ninguém. Arranjei os encontros, desmenti minhas invenções dando-lhes mérito ao acaso, mas cada parte da estória sabia e planejava silenciosamente as ações. O não ligar, o não falar, o dar silencio, o se entusiasmar - até o gemido - vezes acho ser consciente, vezes acho ser de gente distraída... mas vem de você e também sai de mim.
E não há no mundo borboletas que já não estiveram em minha barriga quando pensei e ansiei por um encontro, por um beijo. Cada particularidade das horas compartilhadas com você me consome a alma e a tristeza - e em algumas situações -a alegria. O que me atormenta saber é que hoje viram em mim solidão, ninguém me disse, mas pude a ver refletida nos olhos de diversas pessoas que esbarraram em mim no centro da cidade, e a vergonha desse ar solitário me impediu de encarar amigos no metrô e cumprimentar um professor que amo feito pai e admiro como mestre. Toda estabilidade que construi nesses meses de leituras e entregas etnográficas, literárias, me fez perceber que a instabilidade não é uma oposição, é como aquela coisa de entropia, ou de ordem na desordem... Na verdade crua que sangra e pulsa nas pontas dos meus dedos, me observei nua diante do espelho em plena uruaguaiana e era possivel ver as pessoas passando por detras de mim: a moça de casaco verde, o senhor de blusa amarelo-manga que odeio, um vendedor de guarda-chuva que elevou seu preço quando o céu começou a chorar com piedade dessa que vos escreve. Sucumbi no final da tarde quando percebi que via você em homens vários e praguejei até a minha décima terceira geração no momento que meu coração disparou ao supor que aqueles passos eram teus.
Me resta fugir do emaranhado de desordem que se instaurou na minha vida curta, analisá-la com o intento de encontrar ordem onde pensei um dia não ter.
23.3.09
nesse momento meus pensamentos foram perdidos porque faz duas horas que não penso em outra coisa que não minha insegurança. imagino trilhões de situações e monto cada cena, com figurino e trilha sonora de primeira. escrevo cada diálogo na minha cabeça, as expressões durante o diálogo e o silencio característico desse tipo de interação face a face. não adianta nada. isto não serve pra mim. porque quando eu procuro alguém é você quem procuro, e me sinto fraca só de pensar que estou só nesse barco. e algumas vezes penso que o melhor é me criar a personagem que sozinha viaja por aí, acompanhada de uns livros, de referencias visuais do cinema clássico ou outsider. poucas vezes reservei a mim a sinceridade com a qual escrevo tais palavras, sinceridade que me permite indagar sobre minha condição de alguém que se vê perdido, sem rumo [mesmo traçando planos]. preciso que meu organismo produza mais serotonina mas tenho pra mim que será necessário sair desse quarto e me atirar em outros círculos... sinto que não conheço meu corpo nem minha personalidade, só sei que não gosto de me mostrar ou tornar públicas sensações sinceras, dessa maneira posso contar nos dedos das mãos quantas vezes escrevi de forma transparente sobre minha medíocre maneira de saborear o gosto do mundo. queria culpar alguém por isso mas até agora me sinto covarde.
**
espero por ele toda noite
acabo adormecendo
e sou
despertada por chuvas
de flores amarelas
que formam um tapete
da porta da minha casa
até o lugar sem nome
de minha liberdade.
**
espero por ele toda noite
acabo adormecendo
e sou
despertada por chuvas
de flores amarelas
que formam um tapete
da porta da minha casa
até o lugar sem nome
de minha liberdade.
22.3.09
maria olhou com discrição e alguma vergonha para os olhos dele, que fugiram dela num instante só, rapidamente se viraram para a direita pro cartaz do filme que seria exibido na sala 1. ali era grande e você poderia se perder entre as cadeiras vermelhas. e foi exatamente o que planejaram, ele e ela. não suportaram a idéia que ambos continuaram com o hábito de ir ao cinema nos domingos no inicio da noite. não no cinema, mas naquele cinema que por tantos anos foram na companhia um do outro, que tantas vezes ele a vira chorar no final, ou no inicio, ou no meio - era bem verdade que ela era uma chorona e fazia questão de esconder isso. ele respeitava sua vergonha e fingia não notar os olhos vermelhos e reservava o silencio [que não era constrangedor] para aqueles minutos em que o tom avermelhado do glóbulo branco precisa para voltar ao normal. ela fingia que não sabia que ele fingia não notar.
a fila aumentou, outras pessoas chegavam em poucos minutos e em um tom indiferente [forjado com pouca chance de convencimento] ele veio cumprimentar maria, que vendo a patética situação criada pelo hábito cinéfilo se viu em um beco sem saída, do tipo se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. o bicho em questão era o desejo, com cinco xícaras de amor, três de tesão, oito de cumplicidade. não entendiam como deixaram as coisas chegarem a este ponto, mas sabiam que não fora algo planejado, consciente.
- oi...
- oi - com um sorrisso no canto da boca misturado com um nervosismo que dava-lhe cólica maria respondeu - e você continua vindo aqui...
- pois é, e você também!
- mas eu posso, afinal eu que te trouxe aqui, lembra?
sentaram-se juntos como faziam e foi quando ele passou seu braço esquerdo sobre os ombros dela e como reação do corpo, ela se encollheu e sua cabeça descansou sobre ele.
a fila aumentou, outras pessoas chegavam em poucos minutos e em um tom indiferente [forjado com pouca chance de convencimento] ele veio cumprimentar maria, que vendo a patética situação criada pelo hábito cinéfilo se viu em um beco sem saída, do tipo se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. o bicho em questão era o desejo, com cinco xícaras de amor, três de tesão, oito de cumplicidade. não entendiam como deixaram as coisas chegarem a este ponto, mas sabiam que não fora algo planejado, consciente.
- oi...
- oi - com um sorrisso no canto da boca misturado com um nervosismo que dava-lhe cólica maria respondeu - e você continua vindo aqui...
- pois é, e você também!
- mas eu posso, afinal eu que te trouxe aqui, lembra?
sentaram-se juntos como faziam e foi quando ele passou seu braço esquerdo sobre os ombros dela e como reação do corpo, ela se encollheu e sua cabeça descansou sobre ele.
17.3.09
O dia foi longo e permeado de desortes de todo tipo, perda de capital, desencontros pretenciosos, ligações não atendidas, ansiedade, angustia e um pouco de dó de si.
por mais que nos ultimos dias eu tenha me entregue a algum tipo de incoerencia, é duro e desafiador perceber que tal sensação continua, mesmo após encontrar aquele amigo que não via há tempos, ou quando pude conhecer alguem por uma carta lida em frente a uma camera... conheci chantal akerman ela me contou suas imperfeitas e contraditórias histórias por um fio condutor que se expressa pelo silêncio, pela repetição, pelo nada numa tela... aquilo que é mulher.
mas repito a sensação continua. meu gosto pode até ser reiventado quando leio coisas que por exemplo bourdieu escreveu, mas só por uns dias, gostaria que minha vida tivesse tomado outro rumo. queria por uns dias não ter acesso a tantas informações que mais me enjoam de minha condição de individuo, do que me tras calma ou bem-estar, ou liberdade mesmo que forjada e mal resolvida... por uns dias gostaria de não sentir meus impulsos. não é o caso de não atendê-los, é o caso mesmo de não senti-los.
é furada a tentativa de otimização do tempo, aproximação virtual, desapego pelo outro. é furada a tentativa de querer parecer mulher madura, não me cabe esse papel. não tem um dia que não pense em me deixar livre pra alguem, mas não consigo. queria ter mais controle sobre mim, sobre meu gosto, sobre meus pensamentos.
é crise de pouca idade, tenho certeza.
de cabo a rabo, prefiro só a simplicidade
por isso vos deixo a velha máxima:
"DE GUSTIBUS NON DISPUTANTUR"
ps.: em latim pq aí estou marcando minha distinção, minha despretenciosa e desavergonhada tentativa de me inserir na elite intelectual, de possuir códigos outros que não de alguem que vem de uma familia protestante, na qual nenhum membro possui formação universitária, descendentes de nordestinos, cheios de supertições...
por mais que nos ultimos dias eu tenha me entregue a algum tipo de incoerencia, é duro e desafiador perceber que tal sensação continua, mesmo após encontrar aquele amigo que não via há tempos, ou quando pude conhecer alguem por uma carta lida em frente a uma camera... conheci chantal akerman ela me contou suas imperfeitas e contraditórias histórias por um fio condutor que se expressa pelo silêncio, pela repetição, pelo nada numa tela... aquilo que é mulher.
mas repito a sensação continua. meu gosto pode até ser reiventado quando leio coisas que por exemplo bourdieu escreveu, mas só por uns dias, gostaria que minha vida tivesse tomado outro rumo. queria por uns dias não ter acesso a tantas informações que mais me enjoam de minha condição de individuo, do que me tras calma ou bem-estar, ou liberdade mesmo que forjada e mal resolvida... por uns dias gostaria de não sentir meus impulsos. não é o caso de não atendê-los, é o caso mesmo de não senti-los.
é furada a tentativa de otimização do tempo, aproximação virtual, desapego pelo outro. é furada a tentativa de querer parecer mulher madura, não me cabe esse papel. não tem um dia que não pense em me deixar livre pra alguem, mas não consigo. queria ter mais controle sobre mim, sobre meu gosto, sobre meus pensamentos.
é crise de pouca idade, tenho certeza.
de cabo a rabo, prefiro só a simplicidade
por isso vos deixo a velha máxima:
"DE GUSTIBUS NON DISPUTANTUR"
ps.: em latim pq aí estou marcando minha distinção, minha despretenciosa e desavergonhada tentativa de me inserir na elite intelectual, de possuir códigos outros que não de alguem que vem de uma familia protestante, na qual nenhum membro possui formação universitária, descendentes de nordestinos, cheios de supertições...
15.3.09
11.3.09
ontem desejei não ser mulher
nem madura, e talvez, desprovida de consciência
duvido que um dia de terça comum há dois anos atrás tal coisa me faria alarde ao peito
duvido muito menos que daqui dois anos eu sinta novamente isso.
***
O senhor nunca levou em conta que os homens precisam de mitos?
- Sim, claro. Mas então eles devem escrever poemas - é que faço também, a propósito. Também preciso de mitos - e de pinturas.
- O senhor era pessimista?
- Não. O pessimismo e o otimismo são igualmente categorias que não convêm; não consigo trabalhar com esses conceitos; se assim me permitem, eles são muito grosseiros. Eu não era nem otimista nem pessimista; fazia o possivel para ser realista.
Norbert Elias por ele mesmo. Zahar. 2001
nem madura, e talvez, desprovida de consciência
duvido que um dia de terça comum há dois anos atrás tal coisa me faria alarde ao peito
duvido muito menos que daqui dois anos eu sinta novamente isso.
***
O senhor nunca levou em conta que os homens precisam de mitos?
- Sim, claro. Mas então eles devem escrever poemas - é que faço também, a propósito. Também preciso de mitos - e de pinturas.
- O senhor era pessimista?
- Não. O pessimismo e o otimismo são igualmente categorias que não convêm; não consigo trabalhar com esses conceitos; se assim me permitem, eles são muito grosseiros. Eu não era nem otimista nem pessimista; fazia o possivel para ser realista.
Norbert Elias por ele mesmo. Zahar. 2001
8.3.09
5.3.09
o futuro podia não ser futuro, daí as incertezas não fariam par com este corpo, e o passado poderia não ter memórias, daí estes lábios pronúnciariam mais calma e sossego do que agora será traduzido em signos. faz três minutos notei que vivo em pouca vergonha, de forma mediocre até, porque há um mundo tão bonito lá fora que meu enclausuramento só pode ser covardia. quando não estou entre quatro paredes estou imersa em palvras de alguém, isto, quando não estou com os pensamentos em outro.
podia ser o sofrer, mas esse é o viver. viver, que repito, é delimitado pela preocupação com o tempo, com a interação, com as músicas que como melodias de açucar se desfazem dentro do peito. ou com a intensidade que é ser jovem demais. é a vida toda pela frente te puxando pelo pé, mas há uma mochila cheia de pedras nas costas, sendo cada peso a meta que propus ao meu espírito quando tinha ainda doze anos. fugi de você ontem até porque eu não me faria bonita para ninguém - nem aos olhos de quem me ama; porque quando amamos alguem o bonito transforma-se nele e não importa quantos anos se passaram ou quantos dias não se veem, ou quantos minutos atras se beijaram, o bonito é bonito por ser, e tal coisa está nos olhos de quem a vê.
aquele gosto guardado aqui debaixo da língua, agridoce - como já sabes, me vem de meia em meia hora e as coisas expressas que gostas de ler não podem mais ser escritas por mim, é complexo demais, ou fluido. quando vejo já fui levada a fazê-lo pensando em você.
possuindo apenas sintonias pobres e letras baratas nem a espessa camada de gelo pude retirar de mim nessa manhã, e a fiz de propósito porque falta dias e milhares de minutos para o calor de dentro se expor sem preceitos. não falarei das memórias de beijos rápidos, de conversas despretensiosas e contrariedades que afastam os corpos, no final das contas [e isso já com os dez por cento do garçon], todos nós sabemos que diferenças separam mais que juntam individuos inteligentes. e não sou mais nem menos interessante porque falo isso, nem mais fraca ou forte feito rocha porque me liberto de angustias atraves de palavras...
durante um tempo na vida tudo é permitido, na verdade, este tempo dura enquanto os donos querem. outros justificam as permissões. minhas justificativas já não são segredo para ninguém.
o vento da juventude que me sopra o rosto
o ardor de paixões que causam fissuras nos ossos
a escassez de experiencia sensorial que transforma vontade em necessidade
a linguagem pobre que me causa insuficiencia de versos
***
canso rápido de minhas idéias e documento tais oscilações em vazias leituras.
podia ser o sofrer, mas esse é o viver. viver, que repito, é delimitado pela preocupação com o tempo, com a interação, com as músicas que como melodias de açucar se desfazem dentro do peito. ou com a intensidade que é ser jovem demais. é a vida toda pela frente te puxando pelo pé, mas há uma mochila cheia de pedras nas costas, sendo cada peso a meta que propus ao meu espírito quando tinha ainda doze anos. fugi de você ontem até porque eu não me faria bonita para ninguém - nem aos olhos de quem me ama; porque quando amamos alguem o bonito transforma-se nele e não importa quantos anos se passaram ou quantos dias não se veem, ou quantos minutos atras se beijaram, o bonito é bonito por ser, e tal coisa está nos olhos de quem a vê.
aquele gosto guardado aqui debaixo da língua, agridoce - como já sabes, me vem de meia em meia hora e as coisas expressas que gostas de ler não podem mais ser escritas por mim, é complexo demais, ou fluido. quando vejo já fui levada a fazê-lo pensando em você.
possuindo apenas sintonias pobres e letras baratas nem a espessa camada de gelo pude retirar de mim nessa manhã, e a fiz de propósito porque falta dias e milhares de minutos para o calor de dentro se expor sem preceitos. não falarei das memórias de beijos rápidos, de conversas despretensiosas e contrariedades que afastam os corpos, no final das contas [e isso já com os dez por cento do garçon], todos nós sabemos que diferenças separam mais que juntam individuos inteligentes. e não sou mais nem menos interessante porque falo isso, nem mais fraca ou forte feito rocha porque me liberto de angustias atraves de palavras...
durante um tempo na vida tudo é permitido, na verdade, este tempo dura enquanto os donos querem. outros justificam as permissões. minhas justificativas já não são segredo para ninguém.
o vento da juventude que me sopra o rosto
o ardor de paixões que causam fissuras nos ossos
a escassez de experiencia sensorial que transforma vontade em necessidade
a linguagem pobre que me causa insuficiencia de versos
***
canso rápido de minhas idéias e documento tais oscilações em vazias leituras.
4.3.09
sei apenas da alma que reclama pra si atenção
sei também que isso é murmúrio de meia idade
porque eu nunca achei o uniforme da seleção feminina de volei bonito
como sempre detestei homens que usam amarelo-manga
isso é velhice de espírito
monotonia da mente
morte do sonhos
a alma desse ser - e de um grupo maior de gente - é porão, entulhado de quinquilharias, abarrotado de memórias, submerso por angustias e expectativas.
... meu iáiá, meu iôiô...
detalhe pertinente de reflexividade: ando brega d+ pra meu próprio gosto salgado.
sei também que isso é murmúrio de meia idade
porque eu nunca achei o uniforme da seleção feminina de volei bonito
como sempre detestei homens que usam amarelo-manga
isso é velhice de espírito
monotonia da mente
morte do sonhos
não deveria os olhos transparecer os sentidos?
não dizem que são eles as janelas da alma?
a alma desse ser - e de um grupo maior de gente - é porão, entulhado de quinquilharias, abarrotado de memórias, submerso por angustias e expectativas.
mas se isso fosse verdade coisas lindas não saiam daqui:
o gosto pelas cores
pitéuzinho de composições
cheiro de mar
... meu iáiá, meu iôiô...
:)
1.3.09
danei a declamar poesia pros meus amantes
e recordar calmamente as cenas mais alegres da vida - até aquelas que ainda não vivi.
como um déjà vu [ou nostalgia]
***
li hoje que os chimpanzés têm (alguma, e seja lá qual for) noção de eu. eles podem se olhar no espelho e reconhecerem-se.
hoje não me senti no topo da escala da evolução, quando acordei e não me reconheci na imagem que era refletida de mim: um misto de criança e mulher, de juventude e desesperança, de beleza com feiura (uma feiura braba daquelas). danei a reclamar com Jacuí minha situação, ele ou ela [1] me dava toda a atenção que precisava naqueles dez minutos matinais antes do café.
depois do banho me senti um dos seres mais bonitos do mundo e mais dono de si também.
________
[1] pois não é que troquei o sexo do meu gato? pensei ser uma femea e a dei um nome feminino, justifico: ela miava pra cacete e como uma homenagem aos nambikwara a nomeei como a flauta sagrada, na verdade não queria era ouvir aquele miado irritante; mas na quinta passada a vi fazendo xixi pra trás - típico comportamento masculino (se fosse a especie homo, falaria: "fazendo xixi em pé") - entrei em paranóia, agora aqueles olhinhos verdes tão meigos são de um macho que tem duas bolinhas enormes entre as patas, tá sendo dificil pra mim, ainda não lhe mudei o nome e acho injusto fazer isso agora.
e recordar calmamente as cenas mais alegres da vida - até aquelas que ainda não vivi.
como um déjà vu [ou nostalgia]
***
li hoje que os chimpanzés têm (alguma, e seja lá qual for) noção de eu. eles podem se olhar no espelho e reconhecerem-se.
hoje não me senti no topo da escala da evolução, quando acordei e não me reconheci na imagem que era refletida de mim: um misto de criança e mulher, de juventude e desesperança, de beleza com feiura (uma feiura braba daquelas). danei a reclamar com Jacuí minha situação, ele ou ela [1] me dava toda a atenção que precisava naqueles dez minutos matinais antes do café.
depois do banho me senti um dos seres mais bonitos do mundo e mais dono de si também.
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[1] pois não é que troquei o sexo do meu gato? pensei ser uma femea e a dei um nome feminino, justifico: ela miava pra cacete e como uma homenagem aos nambikwara a nomeei como a flauta sagrada, na verdade não queria era ouvir aquele miado irritante; mas na quinta passada a vi fazendo xixi pra trás - típico comportamento masculino (se fosse a especie homo, falaria: "fazendo xixi em pé") - entrei em paranóia, agora aqueles olhinhos verdes tão meigos são de um macho que tem duas bolinhas enormes entre as patas, tá sendo dificil pra mim, ainda não lhe mudei o nome e acho injusto fazer isso agora.
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