28.12.10

dói muito. seria presunção dizer que dói mais em mim que em outro ser.
mas me admiro com minha capacidade de tornar tudo complicado, angustiante, lamentável.
minha alma experimenta uma inquietude característica daqueles que estão perdidos, que não compreendem muito bem seu papel no mundo, que não consegue vislumbrar um motivo real (inventado) que justifique buscar felicidade.
talvez as escolhas não sejam as mais acertadas, talvez seja o medo que sinto cortar cada osso de meu corpo.
talvez eu esteja descobrindo o quanto covarde eu sou.

tenho feito desses dias os mais cinzas que lembro, e me pergunto quando trarei para eles alguma cor.amor.coragem.

20.12.10

eu sinto nojo, vergonha e pena de mim.

há algo que impede que as pessoas sejam sinceras comigo. há também uma dose forte de minha parte de um sentimento que não sei nomear - desconfiança, talvez, desapego.
procuro classificar estas sensações e não passa de um exercício medíocre.
medíocre tal como eu mesma.

sinto que cada dia que passa fico sem lugar, fico sem amor, fico sem vida.

escrever me machuca mais do que em qualquer outro, porque é um reconhecimento silencioso da minha incapacidade de ter neste outro o carinho que preciso.
me relaciono com pessoas distantes mas não sei se é por que eu quero isso ou não consigo ser diferente.

ando por demais triste, ansiando por estar naquele mundo que inventei e é confortável. longe de mim, de minhas referências e drogada... pelo menos assim as questões não me vêm a cabeça.

por que me exponho para um homem que por vezes demonstrou sentimento algum por mim, nem quando abortei um ser que era fruto dele também.
por que apostei minhas fichas em um homem que saboreia meu sexo pensando em outras mulheres.
por que tento olhar nos olhos de pessoas que apresentam de forma fraca e dúbia aquilo que deveria ser forte, chamada por alguns de amizade.
por que não consigo enfrentar a mim mesma quando penso que nada disso vale a pena.
por que não tenho coragem de acabar com isso
porque acho que vai passar, tudo vai passar

18.12.10

é muito difícil quando você percebe sua mudança de forma tão enfática.
é um choque.
uma crise.

sempre soube da minha incongruência familiar - de pensamento, de gosto, do modo de vestir, do que ver, como falar...
mas passar esse tempo fora só expôs ainda mais tudo isso,
só potencializou minha convicção da categoria "peixe fora d'água" quando entro nesta casa.

meus irmãos cresceram, um abandonou a escola, o outro repetiu de série
...eu quase choro...

o alto nível de estresse por qual passam meus pais, faz meu nível de depressão tornar-se maior. minha decepção, meu transtorno. é muito cedo pra dizer que cansei de argumentar a favor de outros valores que não apenas a moral do trabalho...

todos meus irmãos trabalham no negócio do meu pai, mantêm a coisa na família mas não valorizam o estudo, o conhecimento, a leitura, em última instanciá, a informação.

eu sou aquela que ninguém quer ser, aquela que ler demais, que é estranha, que se veste mal, que não sabe e não entende nada daquilo que eles consideram importante.

o que aconteceu comigo?
ou
o que aconteceu com eles?

dói mudar tanto

por vezes me vejo melancólica
outras vezes finjo não me importar
por vezes passa pela cabeça a responsabilidade que tenho de dar certo na vida.
outras vezes é pesado demais.

observo do sofá o diálogo que se desenvolve na sala, ao lado da tv, entre pai, mãe e filho...finjo não escutar focando os olhos nas linhas de páginas amareladas de um velho livro.

renúncia. cansaço. basta.
não sou mais daqui.

14.11.10

essa curta vida me faz (re)correr aos sentimentos mais puros que uma mulher se permite sentir.

15.10.10

eu sempre aposto minhas fichas no jogo errado. não tem jeito.
por mais uma vez aquela certeza foi embora, como você que sai da minha cama sem dar tchau, beijo ou carinho mesmo. e nesse jogo (perdido desde o começo) me submeto aos seus desejos e aceito as suas escolhas. na verdade eu não posso apagar meus escritos, emails enviados ou os olhares que dispensei a você com a esperança de no silêncio lhe convencer da minha paixão. mas me dá muita vontade. porque digo novamente, sinto vergonha de mim na imagem como a qual você me olha, observa. estou aqui, sozinha mais uma vez, sem cheiro, fome, sono, quase sem som.

25.9.10

De dentro desse quarto extrapolo meu limite, porque o tempo se submete aos meus devaneios, tua sombra me persegue, teu gosto me sobe aos lábios e sem voz alguma escuto do vento um sussurro.
Notas, melodias, sabores, cores, espaços, lugares... eles me levam até você, quando não sinto teu cheiro, sinto a textura de sua barba, a espessura de teus pelos, aquele olho caído, de um castanho comum.

Marcas no meu corpo desfrutam do toque seu, das coisas ditas, dos olhares não correspondidos.

Iludir com dor o amor me traz uma pequena paz...
porque a calmaria que encontrei no ar que dividi com você não voltou tal como a carta extraviada.

26.8.10

Eu revirei uma mala que escondi por quase um ano. Lá estavam meus amores, minhas ansiedades de outrora e meu desejo de liberdade.
Por vias de mão dupla caminhei até agora, numa via, na verdade, muito particular, onde eu projetava naquela parte que vem do lado oposto, aquilo que eu pensava ser que poderia vir. Isto é, até agora balbuciei poucas e medíocres palavras sobre o que é viver aqui, no meio do nada, longe de tudo, onde qualquer relação, a mais intima, é superficial.... virtual... no sentido mais stritu da palavra.
Reconheço que me falta mais imediatismo nessa hora, me falta aquilo que eu mais pensava ter: a filosofia do sentir.
Pode ser discurso frouxo, porque faz tempo, já me acostumei com ele.
Pode ser também refugio perante a insanidade que é esta cidade, local onde encontramos um pouco de índio, de nordestino, de moderno, pós-moderno, porralouca, covardes.

Cheguei onde queria não chegar. A covardia tomou conta de mim nos meses anteriores, nos quais sob a balela da metodologia falida da imagem em que sequer enquadrar cenas cotidianas, como algumas vezes bem fiz, consegui me empenhar.
Faltou interesse? Juro que não.
Faltou “olhar”? também não... tenho em minha cabeça retratos de senhoras descascando macaxeira, meninos remando ou pulando no rio, homens carregando mercadorias no porto, vendedores desconfiados, pessoas felizes tomando a cervejinha diária, motos cortando ruas com fogões voando, esgoto, ratos, fumaça, castanheira, por-do-sol, casas, santos, luzes, movimento de forró, quase o cheiro desse lugar poderia estar “impresso” nas minhas imagens, imagens da cabeça, da lembrança, da memória.

Imagino que nunca poderia fazer sentir alguém o que sinto aqui.
Estou fora do lugar mas ao mesmo tempo tão dentro dele, que não consigo olhar distanciado (mas é preciso?)... a melhor maneira é não se envolver sentimentalmente (mas é possivel?)...
Por isso recorro e corro desesperadamente pra esse mundo em que palavras se transformam em pessoas e podem elas mesmas tomarem a decisão de rumar em direção as pessoas de carne,sentimento e osso, ou apenas em bits de um arquivo de texto.

Hoje elas se permitem, através de mim, encontrar os olhos de outros.

1.8.10

hoje o dia está lindo, há um céu azul, com nuvens como algodão doce, uma brisa, um vento leve. se lá fora está assim, aqui dentro tem um nó, como de marinheiro, e não dá pra desfazer.
o peito está embasado, escuro, nem poderia expressar minha maneira de sentir hoje em palavras.
porque juro, não entendo como você faz de mim o que bem quer... fico como cego em tiroteio sem saber pra onde ir.
há possibilidades lamiadas
sombra fresca
sussurro
e um soco na boca do estomago.

30.7.10

22.7.10

Aquela frase “com o tempo passa” só pode estar errada
porque o tempo só faz aumentar o sentimento e a confusão... “com o tempo complica”.

Sim, estou na beira da estrada me perguntando se entro no carro de carona ou se vou ali de bicicleta pelo acostamento. Estou machucada, e os tombos vêm servindo como anestésicos, porque dor atrás de dor, quando você se dá conta, já está acostumado.

Minhas palavras caíram pra debaixo da cama, extrapolaram as margens do word, se refugiaram nas paredes, tudo isso porque você não se importa com elas.

É culpa minha?
É culpa sua?
A culpa é de quem?

O tempo me faz apenas recuperar uma paixão inventada.
Só não quero morrer na praia cedo demais

15.7.10

está tudo meio de cabeça pra baixo
o cotidiano normal remexido
-------------------------------------quem vai querer mudar
-------------------------------------quem vai querer andar

meu corpo existe num drama
entre ele, eu, nós
há distancias imaginadas
caminhos tortos, um atalho

uma saudade leve,
aroma que vem do sonho de domingo as dez da manhã
um relógio que conta as horas em marte
-------------------------------------você vai querer mudar
-------------------------------------você vai querer andar

não cabe em si
extrapola os sons, o gosto
carcome o sentimento frouxo
sonha comigo, contigo
-------------------------------------eu vou querer

14.7.10

12.7.10

descobri essa coisa de inferno astral. e cá entre nós não há no mundo coisa melhor que explicar (ou tentar) o que a gente sente - isso quando você (digo eu) é um ser apegado numa tal racionalidade irracional.

9.7.10

eu gosto muito de coisa velha. tenho o ferro da minha bisavó no meu quarto. tenho os cadernos da quarta série. adoro as senhoras e senhores que tem muita estória pra contar. mas se uma coisa que me atrai são novidades musicas, não que eu seja uma moça antenada ou que meus saberes musicais são tantos que isso me faça ser uma boa entendedora de música: não. pelo contrário até.

bem, essa balela toda é pra colocar esse video aí de baixo acompanhado do link do site de Devendra Benhart. O cara é louco. Psicodélico. Coisa de primeira. Gostei demais!



O site: http://www.devendrabanhart.com

é possivel ouvir todos os discos.

8.7.10

acordei subitamente no meio da noite,
era a saudade que se espalhou no meu lado da cama.

briguei com ela
discuti
dei-lhe um tapa na cara.

hoje acordei de olho roxo,
mas foi porque a insonia me pegou de jeito depois.

7.7.10

"Coquetéis bacteriológicos
Gases fratulentos
O caos

Conhaque pros valetes
Tintos para damas
E cachaça pros pobres

E como já dizia a minha prima Catarina
Deus nos dê fígado, pois temos o planeta inteiro pela frente.
Na verborragia do verso
Estoura o limite de ânsias
Há um desquite que a metáfora não alcança "



e a vida se fez de louca
mundo livre s/a

6.7.10

eu mudei
de tom, de cor, de dor.

porque dois anos atras eu me perguntava onde estaria. onde estou?
to no meio do caminho de um processo tosco.

li aquele escrito, a terceira opção foi a escolhida e agora percebo que algo se perdeu no meio do caminho de um processo tosco...

eu continuo a escrever bastante, mas agora escondo e não guardo aqui. eu continuo a indagar minhas imagens, mas agora não tenho a coragem de fotografar. o desejo de ser amada continua tal como antes, mas a pessoa mudou. as viagens literárias já não mais me satisfazem, agora só as viagens por conta de alguns narcóticos naturais. questões antropológicas se renovaram não porque li um novo texto mas porque vivi determinada situação.

continuo sempre de cabelo preso, descalça na maior parte do tempo, mesmo no norte não bebo sequer um litro d'agua por dia, sentindo frio durante o dia por causa do ar condicionado, com sombrancelhas por fazer, esquecendo de limpar o ouvido, confusa, cheia de incertezas e com uma saudade enorme de minha mãe... precisamente do olhar dela.

preciso de um afago, por favor.
hoje me bateu uma tristeza, um cansaço que não tenho como nomear as causas...

vai ver é o tempo quente, que esquenta o peito e transforma em lágrimas as sensações de vazio e as ansiedades da gente. eu desprezei algumas semanas atras a importancia dos laços menos superficiais.

lamento.

hoje estou carente, descrente.

5.7.10

O problema é que, de tanto ver no Outro sempre o Mesmo - de dizer que sob a máscara do outro somos "nós" que estamos olhando para nós mesmos -, o passo é curto para ir direto ao assunto que "nos" interessa, a saber: nós mesmos. Pessoalmente, estou mais interessado em saber como os outros "representam" os seus outros que em saber como nós o fazemos; afinal, os outros são outros porque seus outros são outros que os nossos (nós, por exemplo)" (VIVEIROS DE CASTRO, 1999)


Vira e mexe me deparo com as dúvidas comuns daqueles que se iniciam numa profissão, principalmente tratando-se da acadêmica, em que a classificação é o primeiro passo. Sim, você precisa se posicionar metodologicamente, teoricamente, pessoalmente. Isso implica, de certo modo, na eleição de algumas noções bastante específicas sobre o papel que você desempenha numa relação (com a instituição que você trabalha, com as pessoas que você “estuda”, com os autores que você utiliza). Chego neste ponto, relação com os autores que utilizamos. Já dizia Simmel, a interação ocorre até quando na frente do espelho nos olhamos antes de sair de casa e pensamos no outro... De fato começo aqui me embaralhar e jogar pra essa categoria “Outro” as responsabilidades de minha própria condição. Deixe-me explicar.

A temática¹ da alteridade já fora tratada de variadas formas pelos mais diversos autores desde as críticas pós-modernas², passando pelos "interacionismos" e os contatos interétnicos³, diga-se de passagem que todas elas tem um doce, como uma cereja do sorvete - as contribuições são inegáveis. Contudo o que penso com mais afinco é essa relação que nós diante de sistemas de pensamentos tão particulares nos dispomos, com nosso próprios termos, explicá-los.

É uma sinuca de bico.

Daí chego no (meu) ponto crítico, que nos ultimos meses me rouba horas e horas... Falar de arte indígena expressa (nas entrelinhas) a ânsia de compreender – mas do que explicar – sistemas significativos e construídos simbolicamente. Sim, estou partindo do pressuposto que a vida social, quer seja em seus aspectos imateriais, quer materiais (tecnologia, instrumentos, objetos) possui uma dimensão simbólica inerente.

Mas porque tivemos nos últimos anos essa mudança de posicionamento?

Ando confusa. Se por um lado piso forte contra as interpretações arqueológicas* que pressupõe a “arte” indígena como sistemas de comunicação a partir de um movimento da antropologia (e há vários trabalhos que se empenharam na tentativa de “traduzir” os signos de uma arte que comunica posições sociais – lembro aqui dos Kayapó), também ainda não consigo sustentar uma hipótese que não lance mão desse aspecto comunicativo da arte.

As expressões humanas carregam em si um aspecto fundamental: comunicação. Troca talvez seja uma noção melhor. E isso implica ir um pouco mais fundo... as relações sociais se dão a partir de nossa capacidade e necessidade de interação, a necessidade desse tal outro.

Alguém quer falar sobre isso?


______________

1. palavra de antropólogo e permito usá-la aqui só pra exercer esse lado pouco desenvolvido de minhas expressões.
2. como não lembrar da questão do autor, autoridade etnográfica, questões de literatura e antropologia...
3. isso então é uma loucura, só de pensar que a etnologia brasileira é divida (porcamente) entre "classica" e "contatualista"... lembro também do texto clássico do barth...
*. Exemplo o trabalho da denise shan "linguagem iconográfica da cerâmica marajoara", mas devo dizer que acho isso mais interessante que as interpretações figurativas do andre prous.

2.6.10

"Jaqueline, eu fico preocupada com vc
as vezes, eu acho que vc se expoe demais."


Uma amiga me falou isso ontem, eu pensei nisso à noite, no meio da madrugada e agora.

Posso falar?

Se expor é o prelúdio do conhecer.

Na verdade (e uso essa expressão antes como recurso de linguagem do que qualquer outra coisa) há um ponto certo pra nossa opacidade ou exposição?

17.5.10

eu escrevi a carta de amor mais linda que consegui, me debrucei sobre ela dias a fio, horas e mais horas de revisão. o word, coitado, perdeu as contas das linhas e caracteres, os paragrafos não cabiam na folha - saltavam além da margem - continuavam pra fora da tela, refletiam em mim e quase como um ciclo vicioso mantivemos uma relação indizivel entre autor e obra.

não falta loucura nesse momento.
não falta vontade de ser amado.
falta reserva.

mas pra minha ideia de "ser", reserva é punição, é prisão, é perda de vida. foi por isso que me mostrei transparente, falando de mim, de minhas dificuldades de articulação racional das palavras, do meu silêncio e medo de mulher, das minhas expectativas de campanhia, das minhas visões sobre um jovem homem tão indecifrável quanto um texto hebraico.

faz falta carinho nesse momento.
faz falta um beijo do amado.
não falta vergonha


dez dias se passaram, dez dias que este homem me consome silenciosamente.
sem reservas, beijos ou respostas

digo a mim e por isso escrevo hoje: é preciso manter a calma enquanto espero você.

10.5.10

com minha boca seca
coração acelerado
olhos cansados

descrevo meu corpo em poucos pontos
pontos com virgulas
travessões
interrogações


minha paixão sem nome
que d'um nada
de dentro pra fora
transformou-se
algo dizivel
um contrapasso de razão

15.4.10

do nada aconteceu o que eu tanto queria
e não falo de poesia


revirou-se no baú das lembranças e sem entender ao certo o que lhe faria melhor, escolheu umas fotos onde o vermelho era cor perfeita, um contraste forte demais, com olhares fortes demais. foi assim que hoje me peguei pensando novamente na maneira como escondo as palavras, por tras das fotos, ou escondo as fotos, por tras das palavras. e o medo de juntá-las me fez silenciar toda a expressão que tinha, as idéias mirabolantes, os sonhos, os sabores e texturas das coisas.

foi um processo em velocidade baixa, feito quando a gente tem que diminuir a aceleração do corpo para passar num cruzamento.

não passei por ele ainda

14.4.10

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte

delira


queria ter escrito isso, mas foi o ferreira gullar

9.4.10

anseio pela pele morena queimada de sol
e pelos beijos de gosto de fumo

porque meu jejum de palavras
tem em você um fim

19.3.10

porque ir ao cinema me faz bem

A tradição filosófica aprendida na escola, nos meios institucionalizados fora renegada ao meu espírito por anos e anos. até que num dia comum, num estalo silencioso, duas toneladas de coragem cairam sobre minhas costas e me impulsionaram a necessidade de arriscar-me em relfexões sobre minha própria condição. Foi quando percebi que precisava de mais encontros comigo, com meus desejos. Lembro exatamente desse momento, quando li aquelas legendas de um filme fraco enquanto linguagem porém ireedutível a qualquer análise que não a da experiência sensível. Tal filme colocado no lugar de uma tese se apresentou mais objetivo que uma equação matemática e mais inteligível que mil palavras.


novembro/2009

18.2.10

o que é se sentir seguro?

esta nas ultimas duas semanas tem sido minha pergunta, ou questão, reflexão.
interesse ralo que empreendo, mas no conforto de um sofá tudo faz sentido, ou no balançar de uma rede os sentidos são tantos que pouco importa a razão que justifique o pensamento.

"é melhor ficar de olho num raio de 100 metros, porque assim, você atento, pode evitar qualquer problema."

"moça não se desarme ainda, você pouco o conhece e nada melhor que passar a impressão de mulher segura."

"mas como você pode afirmar isso com tanta segurança? sabe quantos dados a arqueologia tem levantado nos ultimos anos que vão contra isso que você tá dizendo?"

sacou?

pois é, trata-se do lugar em que você está, da maneira que você se comporta e relaciona com as outras pessoas e ainda o que você pensa e tenta fazer de modo mais científico (la antropológico).


então a pergunta seria, por que me sinto tão insegura?

não é o fato de estar numa cidade pequena que todos vão lhe conhecer, nem tão pouco a sensação de olharem para você como uma moça bonita que vem do rio mas não vai dá muito certo aqui, ou a pretenção de descobrir uma maneira de estar bem. não é nada disso sozinho, e sim, tudo junto, bem mituradinho - feito vitamina de banana com aveia - porque nada nesse mundo pode ser pensando isolado. nada.

15.2.10

retorno ao lugar de sempre,porque nele há uma mistura de tantas jaqueline's que nem quando me proponho o desapego de mim mesma consigo sufocar os sentimentos que carrego.

juro,
faz poucos minutos
que notei:
não importa o lugar
os sentidos que consomem o peito
(dessa moça)
são exagerados
extremos
inconstantes.

23.1.10

esses dias que passam vagarosamente se transformam em um turbilhão de sensações desencontradas.

percebo agora que não foi importante se envolver, me preservar
manter a cortina nos olhos não foi a opção acertada.
e aceitar calada as mentiras funcionou como remédio para dor de cabeça
(sabemos que passa sem ele)

passaria, como passou.

é possivel suportar qualquer coisa e mesmo que minha atitude desenhe-se como a pior dentro dos parametros de bons relacionamentos daqueles que gostariam de continuar amigos foi a atitude tomada com o fim de não expor mais dor aos olhos de quem quer que seja.

não era possivel dividir meu desasossego tão logo meu desespero ao ver formar em mim uma vida que nem era bem vinda ao mundo

que acabaria com planos futuros
com uma vida planejada para o não-planejamento.

foi caro e paguei alto o preço de estar sozinha por dois,
mas principamente por aquele pequeno que em mim.

depois de dez dias percebo que nem dez anos serão suficientes para esquecer esse nada a que me referi num agora sem tempo nem medida.

1.1.10

hoje vim rever minhas metas estipuladas no fim de 2008, com aquela esperança renovada pra 2009... as metas eram:

ler trinta e oito livros - é, eu não li esses livros todos mas posso dizer que li muitos trechos de muito mais livros. foi um up total nas leituras!
conhecer o médio rio negro - conheci muito mais que o médio rio negro, conheci um mundo especial, formas de vida que fazem a gente reavaliar tudo o que somos. conheci belém também, conheci cidades especiais, de gente cabocla que nega uma origem indígena, de pessoas que falam olhando nos olhos tentando extrair sua essencia pra depois de umas horas te chamar de filha.
fazer a prova do mestrado (se conseguir me decidir até a data)- bem, não me decidi!
comer mais besteiras e engordar cinco quilos - missão cumprida e com muito gosto! engordei seis, perdi quatro, depois mais dois... porém ao perder três calças jeans (que já quase andavam sozinhas no metrô!)não há como negar meu sucesso nesse item.
dizer eu te amo pra dona mirian no dia das mães - disse isso para além desse dia. foi importante não apenas pra mim, mas pra ela.
visitar meu pai em sp - eu até tento, mas n consigo conversar com ele mais que dez minutos, inda mais ir pra casa dele. essa eu até corto da lista.
tirar minha habilitação - agora, só se for de barco!
trocar meu equipamento reserva - eu vendi meu equipamento reserva :(
adquirir minha 2.8 - grana curta :(
tomar vergonha na cara e expor minhas fotos - a vergonha ainda toma conta de mim
fotografar em p&b - ?!
sair mais aos domingos - sim, sai muito mais aos domingos, e nas segundas, quintas... foi delicioso encontrar com amigos, beber, prosear, dançar brega, forró, ver filme, debates antropológicos, só me arrependo de saborear aqueles sanduiches que fazem mal pra caralho.
não ficar online no gmail e não escrever tanto no blog - ah isso sim, claro que por motivos externos, mas no fim das contas fiquei bastante cinza e passei belos dias sem vir aqui.
aprender a falar no telefone - opa, essa é complicada!
demonstrar mais carinho aos amigos - fiz mt isso e transformei minhas amizades tão superficiais em laços, que creio, mais fortes, prazerosos.
talvez pintar o cabelo - não pintei, resolvi deixar assim pra fazer mais o tipo antropóloga
ler tudo o que geertz escreveu - vou mudar de autor, geertz não merece tanto
conhecer nossa senhora das dores - isso deve ser meta de vida e não de ano
conseguir um emprego estável e um apartamento barato (muito dificil)- sem se formar é foda conseguir isso,e hoje nem quero mais
dizer mais coisas bonitas - ah, como eu disse coisas bonitas, como expressei coisas que senti.
ter mais prazer - foram prazeres especiais, mas alguns depois me causaram dor.
dormir mais e sonhar menos - foi o contrário
aprender ter paciência e calma (utopia) - inda bem que eu tinha consciencia que não era fácil!
cortar o refrigerante e fazer algumas trilhas do rio - fiz algumas trilhas, serve?!
ir ao show da alanis! - muito caro e ela nem é tão boa assim
participar de algum concurso - nem de fotografia, nem de emprego, nem de porra nenhuma, chega dessa competição!
aprender ingles de verdade - to aprendendo ainda
dar os livros que tenho e nunca vou ler - não deu. epa, não dei
comprar poucas coisas velhas - comprei coisa pra caralho. muitos livros velhos!
gastar menos e depositar mais na conta - to devendo mil no cheque especial!
investir nas minhas ideias - sim, isso fiz com muito gosto
ter pouca vergonha pra assumir mais as vontades - isso então fiz como nunca antes pensei fazer
largar de ser uma bichinha que fala de relacionamentos - saquei que sou uma mulherzinha frágil e nem tão cedo vai dar pra ser a resolvida de estória, de qualquer estória.


as metas pra 2010

viver melhor, fazer amor e dar muito amor. ouvir boas canções e analisar os quatro mil cacos de cerâmica que me esperam em tefé. esse ano será aquele que preciso reconher que o mais importante é ficar bem comigo, conseguir suportar os próprios pensamentos e ter paz de espírito. vou aprender ser mais e melhor pra mim.