31.12.08

sim, agora posso fazer o balanço do ano. porque é só agora lhe considero como encerrado, já faz vinte minutos que o ultimo dia do ano começou e eu tenho algumas horas para elaborar minhas resoluções para os próximos longos mas rápidos [e voados] doze meses que virão.

as metas eram:
ler a obra de levi-strauss
tirar minha habilitação
escrever um texto
ser mais paciente
começar o curso de francês
participar de festivais
conhecer três cidades
fazer a obra do quarto
comprar doze livros
trabalhar todo fim de semana
produzir algo bacana
não deixar o cabelo crescer
terminar o namoro
fazer vestibular para UFF
trocar o equipamento

fracassei em algumas metas, levi-strauss vai ficar pra mais tarde, mas a habilitação desse ano não passa, conheci mais de três cidades, recusei maconha, fiz documentário (esse é o produzir algo bacana). E trabalhei (quase) todo sabado, terminei o namoro no inicio do ano, troquei o equipamento e aprendi a trabalhar com a luz rebatida. conheci uns prazeres bons... beijei outra boca e experimentei a amargura de sentir-se só. andei de barco, senti muito vento no rosto e ganhei um por-do-sol como presente de aniversário. conheci ótimas pessoas e fugi de outras (mas isso sempre acontece). escrevi "demais". falei "demenos".
li muitos textos atrasados. não fiz caridade e me sinto bem por isso. só dei uns trocados prum muleque.

as metas são
ler trinta e oito livros
conhecer o médio rio negro
fazer a prova do mestrado (se conseguir me decidir até a data)
comer mais besteiras e engordar cinco quilos
dizer eu te amo pra dona mirian no dia das mães
visitar meu pai em sp
tirar minha habilitação
trocar meu equipamento reserva
adquirir minha 2.8
tomar vergonha na cara e expor minhas fotos
fotografar em p&b
sair mais aos domingos
não ficar online no gmail e não escrever tanto no blog
aprender a falar no telefone
demonstrar mais carinho aos amigos
talvez pintar o cabelo
ler tudo o que geertz escreveu
conhecer nossa senhora das dores
conseguir um emprego estável e um apartamento barato (muito dificil)
dizer mais coisas bonitas
ter mais prazer
dormir mais e sonhar menos
aprender ter paciência e calma (utopia)
cortar o refrigerante e fazer algumas trilhas do rio
ir ao show da alanis!
participar de algum concurso
aprender ingles de verdade
dar os livros que tenho e nunca vou ler
comprar poucas coisas velhas
gastar menos e depositar mais na conta
investir nas minhas ideias
ter pouca vergonha pra assumir mais as vontades
largar de ser uma bichinha que fala de relacionamentos.

a lista foi maior...
deve ser pq nesse ano ela é pública
:)

30.12.08

obliterar os fluxos de pensamento
organizar as idéias não tão deliberadamente


"A Introdução, que costuma ser aquilo que primeiro se lê em um trabalho
deste tipo, é também, geralmente, aquilo que por último se escreve.
Neste espaço vazio entre o fim da escrita e o início da leitura por outrem,
parece ser preciso realizar ao mesmo tempo duas coisas inteiramente diferentes.
Justificar aos próprios olhos o que foi feito, e tornar essa justificação, esse
sentido próprio pessoal, em um texto que conquiste a cumplicidade do leitor. Não
qualquer leitor, mas justamente aquele para quem uma tese acadêmica só faz
sentido se não precisa justificar-se.
Leitores de teses, ou pelo menos os freqüentadores profissionais desse gênero
de trabalho, são céticos e críticos quanto a todas as demonstrações que o texto
possa lhes oferecer; mas são também os que mais demandam que se lhes diga
que caminho o texto os fará seguir.
Talvez isso se dê em função da complexidade
da comunicação que está sempre em jogo nas ciências sociais, em todos os
momentos ou aspectos da produção de seus conhecimentos
. Talvez também
porque nenhum texto é uma máquina que funcione sem intervenção, e seja então
necessário dizer de antemão, no mínimo, quais são as matérias-primas e o que se
quer manufaturar.
Falando em ‘entropologuês’, é preciso que a eficiência da
máquina não seja julgada de modo absoluto, pois ela não faz mais do que
produzir desordem
. É preciso que se delimite o universo de atenções, intenções e
interesses e em que o texto se inscreve. "



retirado da tese de amir geiger

29.12.08

parece que tudo no mundo é voltado para aquela coisa de romantismo. sim. é musica melosa pra cá, comercial cor de rosa pra lá. novela das seis, das sete, das oito com casaisinhos que não podem ficar junto. vixi maria. um troço que me dá enjoo... e não é porque tô gravida, é porque chega ser nojento essa coisa.

um momento por favor.

bem é assim. a mulher é bonita, é inteligente, pode não ser aquela gostosa do comercial de cerveja, mas tambem não é de se jogar fora, entende?! mas só porque ela é isso, parece que homem fica com medo, a procura cai... lembro de meus anos do ensino médio... era mais burrinha e vira e mexia tinha um sapato velho pro meu pé torto (mesmo que ele fosse exigente!), agora só porque corta-se o cabelo e lê-se meia duzia de uns livros... as coisas mudam, infelizmente, quando não, apenas um idiota ou outro que se acha superinteressante (porque já leu simmel, ou fez curso de fulano de tal e só por isso acha que pode dar pitaco em tudo) vem te atazanar o juízo.


daí só porque é criada pra casar e quando vê tá caída por um cara [que por sinal é um filho da puta*] sente a pressão que é ser mulher nesse mundo de deus.
é dificil cabra.
isso é porque vi a novela da tarde, que só tem casal apaixonado, menina louca pra dar, rapaz doido pra comer e o discurso do eu te amo em todas as cenas. puta que pariu.








* sim, todos são filhos da puta... pode ser meigo, carinhoso, abrir a porta do carro, ouvir música boa, ligar no outro dia... mas não se anime, no fundo ele é apenas um filho da puta carinhoso. e só.

28.12.08

sobre a natureza fajuta da escolha

um texto não é nada se dele não vem algo de sentido ou verdade. a natureza das coisas é bem mais marcada pela a experiencia que a justificativa de criação divina. é um ciclo sempre, e não deveria eu pensar dessa maneira. tudo tem inicio, meio e fim. isso é eterno. isso acaba.
mas explicações holistas sempre são as preferidas [minhas preferidas] e talvez toda essa lamúria não é recusa ao individuo, mas um crédito ao todo. ao tudo.

nunca soube a diferença de poesia pra poema
nem de artigo pra ensaio
nem de vontade pra desespero

na primazia da escrita bem feita ou palavra acertada
poucos são os que detêm tal habilidade
mas são as fugas que transformam qualquer um num autor
e as destrezas percebidas nestas ocasiões permitem entender os processos criativos

a imagem é arrimo para o cerébro de quem a fez
não explicar justifica a fraqueza das palavras
ou melhor, esconde as palavras
prefiro assim e no fundo ir pro passado de uns sambaquieiros é tradução dessa vontade de não assumir as questões que incomodam e que sei: nunca serão respondidas... talvez teriam muitas respostas e de qualquer forma não satisfariam a inquietude que me atrai a tais "problemas".

26.12.08

(a) de esperar você
lembrei das poucas e boas palavras
sacanas e indecentes suspiros
até que sussurrei nos teus ouvidos
as boas palavras que estavam na boca pra encantar

ou

(b) de esperar você
sacanas e indecentes suspiros soltei
até que sussurrei nos teus ouvidos
as boas palavras que estavam na boca pra encantar

***

mostrando caminhos curtos
guerra de meia vontade
performance dos corpos encaixados
dois em um , dentro do mundo
por cima da pequena vergonha
no meio da limpa cama e lençóis brancos
os brandos minutos disfarçaram a diferença
e era ali dois sem mais [ou mas e poréns]

***

morena venha cá e beije os olhos de quem te chama de pequena.

um dia
um amor
um morena falará
um beijo
um desejo
um reciproco carinho
um poreum
um sem um.

25.12.08

existe destino
do jeito daquele que a gente segue
ou devia seguir
ou existe um acaso muito não por acaso
que [re]orienta o rumo
como um gps
como um guia
como luz
luz pouca
ou
luz baixa [como os dos faróis do carro que de noite só te deixa ver um pouco]
afinal, é abuso a luz alta, coitado do outro



destino ou gps
não importa mesmo o nome
mas parece que algo contribui
de qualquer modo a questão é
o mapa de navegação será reavaliado (como que sendo referenciado)
é assim, só alguns pontos, ou pessoas.
puras formas sem recheio (leia-se conteudo)
os sorrissos e presentes eram tão vazios quanto o pneu da bicicleta
no fundo deveria também desejar feliz natal,
horrivel dizer o que não sente, por isso não digo

23.12.08

Queridos tenho que lhes fazer saber dessas coisas, talvez por isso escrevo não agora com medo, mas com melancolia. Sim, melancolia. Ela invadiu o peito de manhã e os sonhos que tinha e planos que fazia eu com tanto gosto se esvaiam de mim, como aquela poeira de filme que entra pela janela, misturada a luz do sol, que a travessa a cortina de cor amarela que com contraste faz o escuro do quarto ficar bonito. é assim, às vezes a vergonha deixa a gente escura, deixa os olhos fundos e é só porque vejo que o ano finda e o próximo vem, que esse sentimento toma conta de mim nesses dias.
ainda não descobri o que faço de melhor, nem como melhor fazer o que gosto. uma pouca boa vontade, misturada ao desprezo a que sou assaltada depois de um pouco tempo de felicidade.
porque é assim mesmo, todos tem seus altos e baixos e são das médias que fazemos as escolhas. listei os prós e contras de morar sozinha, no final a coragem faltou pra assumir tal responsabilidade. e é justamente ela que faz com que eu me afogue nessas palavras, me sinta mais baixa, mais sórdida. sórdidos na verdade são os amigos que andam me fazendo falta, queria encontrar com um agora e esquecer das minhas próprias angustias, apenas ouvir as dele, tenho certeza, ficaria mais confortavel que agora. Tive ontem vontade de beber, coisa essa que pouco faço por escolha, gosto de ter os sentidos bem apurados e perdê-los por, quem sabe, três dias, seria melhor. Beberia por isso, não por aquele gosto de alcool, e sim porque alguma substancia deixa de ser produzida pelo corpo. alguem me falou isso e poderia alocar a esse alguem uma mera referencia, daquelas do tipo "pessoa desconhecida"/"pouco importante". só que não. na verdade não posso é dizer o nome, na verdade não posso nem nomear o que sinto, nem o que acontece. destoado demais essa parte, que só eu mesma falando nos ouvidos do alguem pra fazer sentido. Já estou pelas tabelas, e são dez da manhã, poderiam ser onze da noite. poderia não ser tempo, não ser dia, nem noite. ser nada, nadinha.
a lembrança que me vem toda noite, antes de dormir, enquanto penso no dia, é sempre das palavras não ditas e isso me magoa demais. é triste, sem propósito. é solidão. por falar sozinha e pensar muito e por me apegar em folhas que são escarradas por mim, essas lágrimas que não caem do rosto é prova da dureza que é sentir desprezo.
elas secam antes de cair, e nem pra me fazer de coitada, consigo.
com afeto e sem comoção,
jaqueline



ps.: pelo menos o céu do meu gmail tá bonito hoje,
sem chuva e raios, só um azul bonito.

17.12.08

" que as aparências são tudo o que temos e que elas jamais desdizem o medo
ou o desejo: elas simplesmente os confirmam"

durante qualquer tempo possível

torna-se pressuposto para o sensível

a consciência ou vontade de tê-la

porque se na vida da gente,

seja aparência ou imagem,

[não importa mesmo o nome]

somos vistos e imaginados

vimos e imaginamos

há de vir o dia que quando olhares nestes olhos

lhe falará mais que as palavras o brilho que sai deles

afinidade é nome disso

já que

dispenso o amor - se é que existe isso que tão irresponsavelmente chamamos de amor.

dispenso deus - ou isso que chamamos de deus, porque se é que ele existe deve desagradar-se dessa dona.

e o sentimento é reciproco.

ok. sem mais nem menos esse é um (1) fim.

16.12.08

Faz alguns dias um rapaz entrou lá na sala que faço estágio. Eu estava acompanhada de uma amiga e essa foi minha sorte ou uma bela coincidência. Sempre fico sozinha naquele lugar, entre cheiro de cigarro, balanço da rede do outro lado da parede e algumas músicas do Marcelo Camelo ou da Céu, identifico ossos e faço algumas pequenas observações de tafonomia, leio também alguns trabalhos de arqueologia das revistas do MAE.

No fundo essa é uma maneira de estar longe mas no mesmo lugar. É uma maneira de me sentir mais independente mesmo crendo que só serei de fato quando chegar aos meus 30 anos. O interessante é que naquele único dia essa amiga me acompanhava. Estavam ali duas pessoas de saco cheio de um espanhol que fala "tchem-tchem" quando gostaria de falar "tcham-tcham" pra dar aquela interpretação dos malditos números nas ciências sociais. Pois é, eu nunca vou usar coeficiente de Pearson pra nada na vida.

O saco cheio, a cabeça vazia e volta e meia falávamos de...de... bem, tudo que mulher fala, seja homem, bolsa, sapato, e até sobre a bunda da fulana de tal que fica caída quando coloca aquela calça horrível de bolsos pequenos. Pura futilidade e alguma inveja que escorria por aqueles comentários, afinal ela tem a bunda caída mas tem também um namorado [ou sei lá o que aquele rapaz de olhos claros é dela] que com as mãos dadas andam pelo corredor do nono andar.
Daí, como eu dizia lá em cima, um rapaz entra, meio desconfiado, um pouco nervoso, perguntando sobre "aquele cara cabeludo que trabalha aqui, o.. o... Guilherme".
- Ah sim, o Guilherme. Olha ele não está agora, deve chegar um pouco mais tarde.
- Poxa, mas você não sabe das coisas de antropologia não? Antropologia não estuda a beleza das pessoas?
- Bem, antropologia não estuda beleza não, estuda a "cultura".

(abro agora um espaço pra dissertar sobre minha incapacidade de falar sobre aquilo que eu estudo faz três anos. Sim eu estudo a cultura. A boa e velha, cultura. Essa lata de lixo, ou quem sabe, buraco negro onde a gente joga tudo e mais um pouco da vida. Não importa quantas aulas eu já tive, muito menos o que a porra do geertz ou o babaca e caquético do levi-strauss falam, e não importa também se já fiz uma disciplina que seu nome era Teoria da Cultura, parece que nada adiantou, parece que tudo [e isso inclui meu próprio modo de vivenciar meus dias] continua a mesma coisa. Deprimente.)

- é que minha tia fala que minha era índia, índia lá do nordeste. Não tem essa coisa de índio feio e índio bonito ? Os índios lá de cima, são os feios, e eu... me acho feio, sabe...
- aah cara, não tem essa coisa de índio feio e índio bonito não... eu não sei te falar sobre essa beleza que você está dizendo...
- mas como eu faço pra saber se eu sou de índio mesmo? aqui vocês fazem o teste do sangue?
- aqui não, você pode fazer isso na Fiocruz.

Mandei o rapaz voltar outra hora, estava já preocupada com aquela estória, com aquele jeito meio, digamos, anormal de olhar para os lados e coçar a cabeça estranhamente. Ele saiu e me deixou ali com a sensação de fracasso misturada com a de medo. Várias pessoa já me disseram: "tranca a porta Jaque", "não fica aqui sozinha", "presta atenção em que hora você vem pra cá". Não adiantou. Minha tal amiga foi embora, e a acompanhei até o hall e quando voltava quem estava na porta do laboratório? Aquele rapaz. Me escondi, esperei ele desistir e então corri, peguei meus papéis e fui para a sala de estudos.

Fraqueza com preconceito e uma pitada de desconfiança.
Esses foram os elementos que me levaram agir dessa maneira.

E a tal beleza ficou na minha cabeça:
"Antropologia não estuda a beleza das pessoas?"

Sim, a antropologia estuda a beleza das pessoas - responderia com todo o gosto isso se perguntassem tal coisa. Aprendi algo que nenhum cara desses aí disse até agora nos textos que li. E o melhor de tudo, o cara descendente dos índios feios me ensinou isso. E tive medo dele, ele parecia saber melhor que eu de antropologia. Sua blusa azul gasta e os chinelos empoeirados me denunciavam de onde ele vinha e suas palavras me deixavam confusa: bobo ou esperto, consciente ou alucinado, pares de oposição. Essa é a beleza que estudo, um complexo de laços e símbolos, uma gama de sentimentos, um conjunto incontrolável de relações. Talvez melhor que estudar seria admirar. Viver é uma experiência estética cortada por planos de ação construídos enquanto a própria vida acontece.


* chega por hoje. não cumpri o que disse (postar uma foto), estou desocupada o suficiente para pensar na beleza das pessoas e escrever sobre minhas feiuras.

15.12.08

Meu quarto anda muito bagunçado. Chegou a hora de organizar a vida. Talvez a cabeça.
Porque quando mês de dezembro chega vem sempre aquele sentimento de melancolia, tentativa de fazer o balanço geral e se ocupar com os planos do ano vindouro.

Pois é e é sempre assim.

Os blogs têm textos desse tipo, as casas recebem pintura nova e o chester ou peru sempre ficam mais caros [e com a crise então...rs].
Digamos então que não vou fazer isso aqui. Não agora.
Mas é incrível como o tempo se esvai e quando você vê, faz, sei lá, oito meses que aquela estória começou, ou aquele caso terminou ou a sua avó morreu.
Por isso minha gente tais balanços são fundamentais.
Aconselho todo e qualquer ser pensante se ocupar com essas ínfimas e distraídas olhadas pra trás. Dizem que faz bem. Eu não digo nada - a preferência é alocar a essas pessoas desconhecidas o grau de que o falado é certo - alias quem sou eu pra dizer alguma coisa.

Comecei a receber uns e-mails de fim de ano, aquelas pessoas mais adiantadas são assim mesmo, as mais atrasadas só fazem isso quando já é janeiro. Em todo caso, devemos ser educados e responder a essas mensagens coletivas como se elas fossem feitas apenas e unicamente pra gente.

É só um ciclo, um roteiro bem seguido por cada um.
Eu já respondi algumas e se por acaso você receber alguma mensagem que o endereço seja jaquelinegomes06@gmail.com , não hesite em ter certeza que você não foi o único a recebê-la.

Tirando essas pequenas observações, se algo me agrada nesse periodo são as luzes de natal e a arvore da Lagoa também e já tenho até data para fotografá-la, talvez domingo próximo.
Prometo não escrever nos dias que virão, estarei longe e ocupada. Depois retorno aqui e posto alguma fotografia, pra fazer descansar os olhos e a alma admirar a beleza da luz artificial, que só não é melhor que o refresco de pêra que comprei ontem.
Ai essas artificialidades...
escrevi uma coisa muito bonita dias desses só que eu mesma não sentia aquilo de verdade. estar preocupado com as metas e objetivos que traçamos é normal mas resumi a vida nisso, é absurdo.
levei um beliscão hoje, como esses que as mães dão quando as crianças fazem bagunça.

ela, aquela amiga que faz falta, me disse tantas palavras que precisava ouvir... dela saiam puxões para a realidade, dela jorravam advertencias necessários, e era tão intenso como as aguas de uma cachoeira depois da chuva...

por isso gosto de ouvi-la.
por isso gosto de estar com ela e se eu gostasse de mulher faria amor com ela.
mas o melhor é deixar esses papos de corpo pr'outra hora.
não pensar nisso é bem melhor.

opção garantida do fim do ano é comer e a meta é engordar dois quilos,
mas vou listar outras tão importantes quanto decicir a vida até fevereiro:
despreocupar a cabeça, jogar xadrez na internet e ler lya luft.


depois eu acostumo e não corro mais atras do prazer.

14.12.08

é de fuder com qualquer um. meu sorriso nos últimos dias tem sofrido um grau de falsidade que poderia ser ignorado - mas não é. o poema, o ensaio, os números. essas sutilezas que me faltam resultam nessa condição que me encontro. alguém me disse que não deveria me preocupar tanto com os problemas [e não me debruço mesmo sobre eles] mas o poema, o ensaio, os números, eles, justamente eles, têm sido problemas não resolvidos. a confusão instaurada e o silencio que me imponho é justamente pra não sofrer por eles.

aliás ele se incomoda com o silencio, talvez nisso a gente não combina. mas vamos combinar, porque nada sem propósito funciona bem, é claro que não justifico a vida por um viés funcionalista, é o seguinte... amplitude demais deixa a produção barata, desimportante.

as leituras acadêmicas, os interesses profissionais, as roupas compradas, os escritos pessoais. o único elemento que os une é a variabilidade. a única certeza é que pertencem a ela (ou a mim). personagem que se elabora aos poucos, nos intervalos de uma tarefa e outra.

sacana até o dedo fazer calo. assim definiram ela e assim ela nunca se vê. assim eu também nunca me veria. criei uma personagem ontem e estou disposta a dar algumas alegrias a ela. o projeto não começou bem, era segredo - e aqui já falo dela pra alguém. nada demais. talvez uma história com um pontinho de verdade ou quem sabe, realidade.
ela é ela e eu sou eu.
preciso distanciar-me.
aqui, nada é biográfico, nem lá deve ser.

*

inventei um livro sem nome
pros dias que o blog não pode abocanhar minhas idéias,
já que algumas realmente precisam ser escondidas e não guardadas.

*

13.12.08

troco a manhã por aquela melodia que ouço sair da tua boca
e vou desencilhar-me de vez
ser mais dócil e meiga
e um dia assumir os gostos

*
(não consigo escrever nada melhor agora)
pausa profunda e desapego pela própria criação.
ontem procurava um livro pra uma amiga e me deparei com aqueles vidas e obras do geertz, quase comprei e dei de presente a mim mesma, ando numa profunda crise que já faz dez meses e não consigo deixá-la. essa crise tem nome, é medo. medo dessa imprevisibilidade que me consome o peito. um dia serei independente e decidida de verdade. quando ter trinta anos espero que esses sejam adjetivos que sirvam a mim.

*

.perdoe minha pequena digressão.
*

esses gostos.
porque minha indelicadeza é como luz do sol
que entra pela janela naqueles dias quentes de verão,
sem ser convidada, incomoda
só os mais sensiveis encaram isso como um charme.

*
pena que homens não são sensiveis e a ciência já deve ter a resposta pra isso.
talvez alguma substancia que o corpo feminino produza em maior quantidade.
o meu deve produzir uma quantidade tal como a dos homens
acho o fim da picada gente mal educada,e ontem fui assim. grosseira. sem que e nem pra que.
podia a sensibilidade ter passado por entre as veias e ter finalizado a conversa com um sorrisso "meia-boca". não deu.
*
charme é algo tão intimo e subjetivo
escorre por entre os dedos alguma definição.
sem forma é a vida disponivel que vivo
encaro-a como uma fase.
*
podia escrever: uma fase que vai passar.
não quero, já disse isso algumas vezes aqui e ela nunca passa.
assim vou ficar sem palavra. desacreditada mesmo.
veja só que confusão não sei terminar minhas estrofes. vou deixar a cargo do leitor, como esse movimento de autoria inacabada. funciona na fotografia, no cinema, no texto, na arte, deve funcionar comigo também, autor, dono ou seja lá o que for.
*

11.12.08

a disritmia do peito foi mais forte que ontem e talvez a preocupação com a próxima segunda me deixa sentir isso mais e esquecer de outras tantas,

sendo agradável o dia
e a noite mais curta,
o sono vem rápido.

9.12.08

pura desgraça e assumida vergonha
um café foi o tropeço que não podia dar [mas dei]
e pior, cai.
estou, pela primeira vez, com medo do tombo.

8.12.08

só porque desliguei o computador mas não consegui dormir que volto a este lugar. só porque como algumas pessas já sabem, minha vontade de escrever vem assim, do nada. só porque os pensamentos e desejos irremediáveis que disfarçamos durante o dia explodem durante a noite, venho aqui procurar palavras para não tocar a mim mesma e satisfazer a vontade do corpo. e não importa quem ou quantos olharão pra cá e na verdade só sei que eu daqui um tempo vou reler cada palavra. é uma vergonha se deixar levar dessa maneira, preferiria andar e procurar uma poesia nos olhos de alguem, mas não posso, meu pai não me deixa sair uma hora dessas. hoje pude me deliciar diante alguns versos de michel e tenho certeza que isso me deixou inquieta, como também a conclusão que os dias passam muito rápido. talvez o sono não veio porque o medo que me entope as vias do ar está cada vez mais forte, tenho medo do olhar daquele que comeu e não gostou (com perdão do trocadilho). ando por demais agressiva segundo explicações esotéricas (que eu poderia até acreditar) é porque marte está passando pela minha oitava casa. abandonar essas maluquices agudas seria arrogante. coloquei no msn "num bem estar que dá até medo" e me perguntaram o motivo de bem estar. disse que não sabia (e não sei mesmo) apenas sentia (sim, não sinto mais, fui pensar sobre ele e ele correu de mim). agora mesmo, aqui, nesse instante vejo a contradição que invade e me toma como sua e se deixa ser minha. não gostaria de transformar seus olhos em janela para minha esquisita amargura, só abriria minhas pernas para ser porta de prazer. em sete minutos escrevi tais coisas e em muito menos alguem vai ler isso. e isso importa muito pra mim. o tempo que levo pra dizer os sentimentos, não é o mesmo que eles se transformam em imagens de mim.

forcei o ponto que não era final

quarenta minutos depois tive vontade de desfazer essas palavras e isso seria justificável. a autora sou eu e eu mando aqui. mas não apago. às vezes as risco. um dia explico o que sinto mesmo ao escrever. mas é quase o mantra que deixo nas entrelinhas: sentir apenas. muitas vezes até a disposição das frases tem um sentido pra mim. sentido que vem de sentir e nem sempre associo isso ao pensar e refletir. alguma vez já disse que escrevo desse jeito porque acho bonito, quase como um juntar palavras e descomplicar minha própria idéia de escrever. alguma outra vez, já assumi o quanto é precioso não usar as palavras tão corretas e não deixar-se tão clara e transparente. a gente fala melhor de si quando se esconde mais. uma série de gratuidades me consomem dessa maneira e aqui guardo os poemas desleixados, tal como meus cabelos. não como artista das palavras - não sou capaz de tamborilar com tanta destreza por elas - tropeço entre as virgulas e pontos e reticencias. essa relação de amor e odio, que por vezes assume um grau de traição, me faz sentir como um corno a quem não pertence sua mulher, tal como os textos que aqui deixo guardados. para todo mundo que não eu, eles se constroem diferentes. antonio cicero já escreveu coisa linda que jamais eu escreveria, assim, abro um parenteses para ele:



(Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que de um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.)

7.12.08

meus olhos de poetiza e de fotógrafa mal sucedida

descansam agora
um dia não estarão mais aqui
nem em qualquer outro lugar
sabe aquelas frases inesperadas que te envolvem até o ultimo fio de cabelo?
confesso q nos ultimos dias as expressões de sentimento não vem convencendo ou tendo sucesso.
mas é sempre assim, rediscutir os rumos da vida o tempo todo impede o deixar-se levar pelo acaso.
a preferencia de assumir os riscos dessa empreitada passa longe desse corpo
( e da alma - a palavra é mais bonita, mas desconheço um conceito de alma plausivel, tenho a noção vaga de uma esfera dos sentimentos e sensações).

é exatamente tal incapacidade de previssão que assusta a maioria das criaturas bem sucedidas na vida,
se por um lado podem saber demais, por outro desconhecem as razões do bem estar,
apenas por estarem ligadas a si mesmas.
se tem algo que justifica a existência, este algo não seria sobrenatural
digo isto apenas porque a incompreensão que me acomete em relação a esses assuntos é como um convite a descrença

este é o maior motivo dessa vida leviana...
dane-se se como puta ou irresponsável te classificam
no mais das vezes os rápidos momentos são mais importantes
as sensações mais intensas
a vida mais bem aproveitada

justifico esse pensar como se não tivessemos a opinão alheia como construtora da gente
mas no fundo eu sei que assim é e prefiro desprezar tal coisa.

de todas as profundas palavras e olhares trocados
aquele do elevador me disse tudo que iria ocorrer naquele espaço
e por isso olhei para os números e para os meus próprios pés
seria deprimente manter alguma interação com aquelas duas pessoas
só de pensar que no outro dia não seria eu a sua companhia.

mas no fundo era isso que eu tinha a dizer
a existencia dessa vida levada a indagação da validade de ser
é respondida por uma pura idéia destrambelhada
interdependência
interação
ou
outro
[quem sabe]
você

5.12.08

entrei naquela loja e vi um vestido que me lembrou aquelas mãos
foi a primeira vez que isso aconteceu.


odeio essas feminizes

4.12.08

to sentindo uma coisa aqui na alma
porque se é que ela existe
deve ser o espaço que as vezes é preenchido
e outras horas se esvazia...

e a ansiedade que sinto parece ser de outra natureza
só que reflete aqui no corpo
e as tensões nos ombros pequenos que tenho
me deixam insatisfeita até com o sabor da felicidade.

é furada deixar-se levar por essas coisas
é melhor concentrar-se nas adaptações filogenéticas do eibl.