28.12.09
25.12.09
o tempo não foi suficiente para escrever uma mensagem de natal (tradicional: paz, amor e sucesso; ou mesmo a combo: feliz natal e um próspero ano novo), de tabela minha única sms não conseguiu ser entregue e acabei enviando outra para um número de brasília,e a propósito não obtive resposta.
êta vontade de tudo fazer sem a possibilidade de nada sair do papel:
nem sentimento, nem planos.
19.12.09
são os mais simples [e por isso mesmo fáceis de tornarem-se tangíveis]
eu me pergunto porque cheguei ao ponto de pensar cinco minutos para decidir falar com um amigo e mais quinze para inventar uma boa frase - porque um oi não recebe resposta - e mesmo assim não obter sucesso na tentativa.
eu não consigo ignorar ninguém nem quando vejo o pouco caso alheio.
é claro que não há reposta pronta como lasanha da sadia.
13.12.09
é preciso e necessário.
porque, como sabe-se bem, insisto nos meus desejos e por alguns dias evito pensar que o tempo e a distancia serão responsáveis por tirá-lo de mim:
meu espaço não suporta mais o meu tamanho.
foi por isso que passando por aquela famarcia, verifiquei-me numa daquelas balanças completas que nos dizem tudo.
O resultado?!
A minha felicidade tem uma relação de proporção com meus planos futuros
[e talvez seja por isso que os anseios aumentaram 60%]
12.12.09
Mas nem o telefone tocou, nem a caixa de e-mail apareceu o nome esperado, nem quando quebrei o silêncio a resposta foi imediata. É aí que vejo que não importa quantas palavras a gente usa, ou quantas frases rimadas e feitas com gosto seriam necessárias...
nada é necessário, nem pode ser paliativo contra o desgosto de não ser querido por alguém. Digo querido não da forma carnal que tantas vezes achei que seria suficiente, são os sentimentos os mais importantes... são os gestos de carinho e não o ritmo do sexo que fazem bem.
Levarei uns dias para centrar os pensamentos em mim, e isso pode ser que seja perceptivel nos textos que virão, contudo, por enquanto este espaço - mais usado como um campo de diálogo mudo - esconde muito sofrimento e de outra forma não dá pra ser.
Quem dera ser romantismo frouxo mas é apenas um nó na garganta, porque dói fingir não se importar. Como dizem as mais boas línguas: as prioridades são outras (ou deveriam ser).
29.11.09
Não entendo como conseguem se materializar em líquido.
Contudo não são deles que pretendo falar e sim das quarenta e sete balinhas de caramelo que comi compulsivamente até o meio do dia à procura de tirar da minha boca o gosto daquele fumo, daquele fumante.
O gosto que dos lábios não sai.
É claro que sei, são minhas lembranças que trazem o sabor do cigarro enrolado com minhas mãos sujas de terra preta, um cigarro fino, bem tratado, bolado com gosto (característico de uma paixão fugaz)
.-.-.-.-.
Sonhei que me casava com um passáro de asas muito grandes e fortes.
Ele com seu canto jurava-me amor eterno
e uma melodia nova em todos os dias de sol.
22.11.09
2.11.09
Se do lado A do disco penso ser essa uma ‘razão razoável’ dada a vida e à forma de fazer dela algo de valor - dotada de sentido que encontra significado na relação com outro -, do lado B do mesmo disco concluo que é ingenuo ou fraco encontrar-se nessa condição.
Sim, porque é uma condição, percebida agora mais cedo quando voltei pra casa com a sensação do tempo correr pelas mãos e minha capacidade de trangredir os limites frágeis do espaço transformada num conformismo.
Lamentável para alguem que como eu gosta de andar pelas bordas do mundo.
Convenhamos que a cidade fragmentada não é o lugar de bordeiros, porque de certa maneira a tal categoria livre não traz aos meus pensamentos identificação alguma, acho que nunca me sentiria livre nos termos que muito pretendem. Anularia até essa idéia mas justifico minha ansia pelo não-reflexo de mim em outros na inconstancia de objetivos de vida que fazem dos bordeiros pessoas tal como xamãs, que andam pelo mundo humano e extra-humano, ou pensado de outra forma, não pertencem a eles e por isso não conseguem adentrar nem em um, nem em outro.
Ora o conforto de se apegar a uma posição exótica parece ao menos uma justificativa recorrente de cabeças pensantes e aventureiros meia-boca. Porem os aventureiros de boca-inteira são realmente livres já que não se importam com categorias – seja de libertade, seja de ser dotado de privilegio de andar entre mundos.
Dessa forma, consciente de minha condição bordeira-meia-boca errante entre um caminho palpavel e outro inventado pelas minhas idéias, imagino um projeto de vida que tem a obrigação de me surpreender.
É nesse sentido que vejo ser incompatível saborear sentimentos tão pequenos, (como ‘posse’ – mesmo que este seja fruto de ‘amor’) diante de um mundo que se apresenta como de ninguém ou de tantos seres que pouco importa compreendê-los sobre meus próprios conceitos fatídicos.
o que é pra ser vigora
por isso nem dúvidas me servem de contraceptivos aos sonhos.
1.11.09
29.10.09
28.10.09
mas antes argumento que minha narrativa pode se confundir com medo e esperança de entregar a alguem mais do que belas palavras, porque palavras, como já sabem alguns espertos seres, são sentimentos... sim, elas são índices.
essas palavras guardam uma relação de continuidade com meus sentimentos, com meus prazeres, desejos e sonhos, é como se cada sílaba e até os erros de concordância fossem produtos de estímulos sensoriais bem específicos, reais, sentidos e expressos em sinais de pouca compreensão.
lamento por tanto que há ainda para dizer, por que nas idealizações dos modos de agir que delimito ao meu espirito, os silêncios diriam mais e melhor; contudo percebo que isso é um engano inventado por mim nos dias de mais solidão, quando me percebo misturada entre tantos barulhos, sorrissos, fumaça de cigarro e cheiro de bebida.
essa é a intenção de se perder entre os mundos que se tocam em mim mas não consigo torná-los congruentes. fascínio talvez pela possibilidade de ser várias em lugares diferentes em intervalos curtos de tempo.
foi assim numa dessas personagens que saí pra rua para beber temporais e tornar-me nuvem pesada e cinza, como a da tarde de ontem.
de outra maneira, escrevi poesias para um amor que um dia pensei dar a você, porque juro que compreendia os fatos como acasos, e eventos como coincidências. hoje vejo como uma pura forma de manter a distância mínima entre nós, entre, na verdade, um nós que havia nas palavras desse blog, nos olhares que oferecia aos seus, nas tardes em uma cama ou entre os braços que meu corpo era envolvido em poucas noites do ano. refiro-me a uma vontade de dar ouvido às argumentações, às músicas, às leituras que fazem de você o que é.
mas uma outra pele tornou seu tempo como meu ou o meu tempo como o dela. foi como brincar na lama com as unhas feitas, sapatos novos, de salto alto; foi uma felicidade banal.
ao voltar aqui, ao mesmo lugar, não posso adimitir que já não o quero mais, porque quero. porém os pensamentos e a felicidade calmante que experimentei me alimenta o plano de ação que é não ser mais de outro que não se dispõe a receber de bom grado o que de bom grado lhe é oferecido.
14.10.09
12.8.09
26.6.09
foi facil demais escrever palavras tortas
desenhar linhas certas
envirgular frases desconexas.
mas não é facil esquecer você.
você que em mim está e nem idéia faz, que ao beijar outro rapaz o nivelamento das sensações não é atingido e a escala negativa se transforma, como escala de um a mil, como um zero absorto sendo o equilibrio do meu desejo não saciado, nem pedido concedido.
espessa camada de tolerancia e inconstante fluxo de pensamento.
retomo meu amor por você como aquela instancia entre a meia vontade de bem-querer e meia vontade de bem-ser-querida. revelo dessa forma sem sentido o sentido sem conteúdo que meus lábios não pronunciam quando forçados assim fazer.
retrocesso de um tempo em que as lamentações e desesperanças misturadas ao desejo do corpo me forçavam a forçar o interesse seu por mim. hoje passo por uma fase igual, sendo eu a importunada pelo desejo do outro. sei agora muito bem a sensação de alguem que não sabe dizer não porque não sabe o quer, apenas o que não quer. e isso talvez seja já um passo, que sem direção pode se afastar do abismo entre nós e o resto do mundo.
depende, é claro, sempre da minha indumentária... do modo como vesti meus sonhos e a cor da bolsa de planos que escolhi usar. e não existe no mundo alma abalada que não se pense como a mais triste como a minha, que recorre vez ou outra à parede invisível da distancia controlada. o beijo na testa, o aperto de mão, a poesia lida, a musica feita sem melodia. detesta-se a distancia imposta [não pelos quilometros, mas pelo espirito e a desconfiança de entregar-se a alguem]. a fragilidade que sinto hoje me impede de procurar saidas de emergencia... é como um filme que começa e em poucos minutos te captura e invade a alma e você pode ver-se ali num mundo que nem pai nem mãe pode te proteger e o caminho te impele a andar com as próprias pernas.
22.6.09
reafirmo:
não é mera discursividade vazia:
é sentimento sentido, coagido.
13.6.09
10.6.09
7.6.09
foi o tempo que fiquei fora e me doei aos outros que contribuiu intensamente para o sentimento de desamparo que ataca as pernas e faz delas fracos instrumentos de caminhada. o ato de doar-se nem poderia ser de valor pra alguem que se consome na solidão de um quarto frio e escuro. ninguém sabe o que é sentir tão profundamente o desapego pelo futuro descompromissado que a vida impele aos despreparados. é inato. tenho certeza. são anos de solidão que nunca seriam esquecidos com um piscar de olhos. é cicatriz mal curada. relapso.
não entendo como foi possivel fugir da rota que desde meu nascimento o peso dos olhos denunciara o sentido. meu passeio por seu mundo me distanciou do meu próprio desvendando que quando menos quero ser de alguem mais sou de mim, e como conta inversa, ser de você não me permite ser de outro. foi dessa contrariedade de sentimentos que falei outro dia com o porteiro do prédio que não moro. dessa maneira me dei conta que fui mais "verdadeira" com alguem que nunca vejo do que quem sempre me vê nua e transparente.
como pode ser? é a relação fugaz que nem vestígios deixou sobre o suporte de vida. assim resumo a ópera pra quem de fora está e sem permissão me lê e com minha permissão não me quer. ando sem saber o que fazer e rompendo meus limites, invadindo fronteiras arbitrárias e à maneira despótica pretendendo o amor. como pisar em ovos é viver à sombra de planejamentos. não serei boa o bastante pra enfraquecer o discurso comum da singularidade, porque o que me dói é perceber que são tantos como eu e até os sentimentos que julgava tão leais a minha alma não passam de fragmentos de tantos outros solitários. reconheço que a garantia que preciso não encontro a venda, mas juro que daria meus prazeres em troca de um comprimido capaz de fazer de mim apenas apenas minha.
mas é "como se houvesse definidamente uma inimizade contra mim na teia incerta das coisas"
25.5.09
22.5.09
17.5.09
"La valse de mon âme"
Eu sou uma
a quem pertenço só metade
que entre ruídos e esquinas disfarça
desaparece
Como perfume que misturado à essência natural
se renova com o tempo passado no corpo
esvai
Tocada por melodias
Encoberta por palavras sujas
Desmascarada por si
Uma metade há
A outra só deus sabe
Parte sou que sonha acordada
desabotoa o vestido
escreve poesias
olha o vento bater
corre em direção ao silêncio
anda sobre marés de pensamentos
Parte que suspira sem tocar o chão
colore os segundos
alimenta-se das próprias angústias
morre a cada duas horas
torna-se tristeza
nua
lânguida
pesada
Destoada com a voz
pinta os olhos
inventa estórias cor de rosa
arranja medos para esconder a covardia de viver
Apenas viver
Incerta com a metade que não descobre
sacia a fome de amor com a pele branca
pêlos macios
suor salgado
Sim, leves suspiros de paixão forjada
Cai sobre sua própria alma
Dança sozinha consigo
Comigo
Fecha as pálpebras ao olhar pra dentro
reencontra-se guardada em si
E somos nós em mim.
de frente pra mim
sem espelho algum por perto
mas me vejo
transparente.
***
foi aquele livro, tenho certeza, foi ele que fez isso comigo, com a gente.
e reescrevo o parágrafo e apago seu inicio e procuro sinonimos para o fim.
não há...
nem sequer existe fim, e o começo, data certa.
há na verdade [ou queira o coração acreditar na] a besteira da previsibilidade
e não esqueço da mania esquisita de acordar e do café forte demais.
foi quando me entreguei aos bobos jogos de seduzir: com luz propícia, vinho bom, beijo molhado.
não preciso complicar a estória e ninguém precisa,
a vida por si só complica quando mais a gente quer simplificar.
são jogos sempre, são regras sendo quebradas, e por isso mesmo, sendo inventadas:
feito quando a gente joga bolinhas de gude...
quantas vezes mudamos o jogo porque meu irmão sabia melhor que eu dar o peteleco na bola e a vantagem dada a mim nada mais era que a vontade de competir que pulsava por nossas veias.
pra falar de amor não preciso recorrer a metafora do jogo, nem a do teatro.
talvez a do porco-espinho com frio.
eu me enveredei por esse caminho e toda quinta me sinto só demais por causa dos diagnósticos de vida moderna que acabam comigo. é quando na sexta procuro um amigo, um lugar quente, um remédio contra a solidão [e é bom, juro]. mas no sábado não dá pra aguentar os espinhos da interação, é quando machucada volto pra casa e passo toda a semana aliviada porem desconfiada com minha vontade de viver.
aí me sinto mais e melhor... preocupo-me com toda a besteira que é esperar a vida acontecer.
um dia apenas vou dar atenção aos detalhes mais ínfimos da casa (como minha avó, meu pai e minha mãe) e infelizmente encarar meu trabalho como minha vida (como certos amigos)... e só de vislumbrar isso me causa dor pensar envelhecer.
14.5.09
Tudo porque pela terceira hora seguida meus olhos desviaram do rumo dos meus pés e quase involuntariamente minha cabeça virou noventa graus e olhei aquele corredor [maldito].
E dessa maneira a banda toca,
o verso segue a prosa
e minhas mãos documentam os sentimentos.
Foi quando percebi que esse vazio, depois de sennetti e freud [e outro qualquer], não pode ser o mesmo, mesmo.
É uma leveza até,
porque não estou sozinha nessa,
porque meu sentimento não é autentico nem singular.
É calmaria até,
porque não restrinjo apenas a mim minha existência,
porque o sentido que dou a mim mesma depende daquele tenho para o outro.
...seja lá o outro que for.
11.5.09
(o sr anonimo que visita minhas palavras)
nem sempre.
concordo em parte, discordo em outra.
mas julgo não ser tão bacana manter conversas nesses termos tão impessoais,
de fato, nem tenho que me preocupar com os anonimos que aprecem por aqui,
afinal de contas, se fosse assim deveria cometer jejuns litetários ou suicidios virtuais.
mas é engraçado o medo de mostrar-se,
na verdade,
o medo de se deixar saber quem é.
10.5.09
discorrer e atualizar meus escritos, e recorrer aos momentos de prazer e desfazer as cadeias de pensamentos torturantes e escrever pra você, de você, com você.
nunca mais me deito torta, nem balanço minhas pernas naquelas cadeiras pesadas de estofado azul escuro, nem ligo teu rádio, ou computador, nem quero saber tua senha, nem desfolhear livros teus.
nem suponho minha vontade de saborear sua performance erótica, de reviver seus olhos revirados de prazer, nem quero pensar nos copos quebrados, nas fotos vistas, nos momentos intimos guardados.
porque isso não é viver. viver nem sequer pode ser definido por um ser assim como eu, que ao não saber dominar seus instintos de modo civilizado se entrega a auspiciosa maneira de falar de sentimentos por simples palavras.
nem minha própria experiencia estética se elabora de forma específica,
nem meu vulgo "olhar" é produto interno bruto,
é na verdade, na real e intransponivel condição, fruto de um habitus.
nem quero pensar sobre isso. é intenso, demasiado intenso.
3.5.09
2.5.09
25.4.09
meus furos na orelha se fecharam, meus brincos não cabem mais em mim e os colares de sementes do fruto proibido não mais podem suportar o meu balanço, a minha nuca já não suporta também o peso do desejo. é quando releio meus e-mails e as discussões mais bizarras que podem ter duas pessoas sensatas, é quando também recrio o silencio do carro em movimento, quando percorro o caminho de socorro, e me alimento pela luz dos faróis dos onibus na via dutra. foi assim, comum e cotidiano das mais bisbilhotices. o amigo que me segredou as confusões do seu peito não sabia que estes eram os que eu mais escondia do homens comuns. e por medo de que meus segredos confusos se tornem poesia não escrevo por hoje e então os astros tomam direção contrária, meu humor é vivificado. porque vivi sem ele e por ele vivo agora. é disturbio, é deja vu, é esperança e medo com doses fortes de absinto.
****
frag I
eu não consigo me desvencilhar
já faz 20 dias, v.i.n.t.e longos dias
involuntariamente essas aguas saem de mim
queria acreditar que é o sentimento de decepção que em outro estado físico sai do meu peito
mas isso, no fundo, sei que não é.
****
frag II
minhas leituras cesaram quando passei a escrever mais
não retomo minha filosofia custeada por horas solitárias,
apenas me deixo aqui.
porque poesia em prosa é dificil fazer,
já poesia sem ritmo é filantropia:
nem todos são gênios, são poetas, artistas.
são os vômitos literários fazem o patamar de repugnancia se elevar
****
frag III
posso procurar nos amigos o conforto que preciso agora, posso até conhecer pessoas novas, mas pra mim, isto não basta de mentiras subjetivas.
se me perguntam:
- está tudo bem? como você está?
a resposta é sempre a mesma, o tom também:
- sim, está tudo bem.
aí me pergunto porque fazemos assim? porque mantemos as coisas nesse padrão mediocre de tolerancia? por que eu mesma procurei ser tolerante? porque não respondi "enfie todos os momentos mágicos no seu cú"? a resposta eu invento: é porque eu mesma não consigo assim fazê-lo e a impotencia diante dos meus fluxos de pensamento ecoa por todo o corpo, fragil, pequeno, franzino.
aí percebo que meu espírito é mais sensivel que projeto ser.
****
24.4.09
por cada qual que passasse por mim, sentia-se a melodia suave
o vento sublime
o gosto de mel
voltei ao meu corpo-lugar
pois era como se aquele assento fosse parte de mim
e com seis pernas me vi refletida nos olhos teus
p.s.:
p/ a cadeira vermelha do quarto que já faz parte de mim
22.4.09
Não há confessionário no mundo ou ouvidos que já não tenham se compadecido de minha situação, contudo por dias a fio escondi até do amigo mais chegado os desejos da alma, porque eles passam por cima da minha vergonha, se estabelecem como estandartes, se constroem como se fossem exteriores a mim. No fundo sei que é amor próprio que me falta e doi concluir isto numa noite fria sem companhia ou vislumbre de tal.
Não posso continuar aqui, nem fingir que não quero o que quero. Eu sei que a combinação não é a melhor, que intelecto e estatura não se encaixam, que um futuro comum aos dois não será palpavel, sei que é burrice manter as coisas nestes termos... Queria era que tudo o que escrevo, tivesse um sentido de verdade, um modo de tornar-se verdadeiro por seu autor em vida, em corpo, em carne.
Se sentir fosse o mais importante eu mesma não racionalizaria meus sentimentos, nem me colocaria numa fogueira por tensões que confundem meus pensamentos.
Isto não é publico mas não vale a pena esconder.
20.4.09
15.4.09
a conclusão [não tão concluida como fim de filme, mas talvez como fim de filme com dois finais - tal como aquele Stigmata] é que quando vc se mantem naquele estado de "estou ferrado" e/ou "o-mundo-não-é-tão-bonito-ou-bacana", você tem o que escrever com maior facilidade. você não, eu. sim prefiro escrever quando estou futricada, com a cabeça doída e a alma pesada. pois é que as palavras combinam melhor, as rimas ficam mais entoadas, o corpo do texto mais refinado... falar de felicidade é dificil pra mim, porque quando a tenho só sei vivenciá-la. talvez com o tempo isso melhore e sou otimista para crer suficientemente nisto.
11.4.09
o "tudo" não dá conta das sensações e peripécias com que a vida nos presenteia. as vezes o tudo é pouco e nem chega perto de uma definição satisfatoria. nem tudo passa e aqui reside o mais importante da experiencia cotidiana: o tudo não deve passar... se passar não aprendemos e caimos no erro de inúmeras maneiras diferentes. de resto o que passa não fica, o que passa marca pouco e rapídamente desaparece: é quando você tenta lembrar com quem assistiu aquele filme bacana pra caramba, ou quem dizia aquela frase que você repete agora como se fosse de autoria sua.
dá uma afobação no peito quando percebo que as coisas estão passando, quando o tudo se resume no momento oportuno de lembranças pequenas, e as sensações viram apenas estórias, ou quando o momento vivido vira um momento mágico...
desforma-se o bolo que solou. e ele é tão gostoso quanto aquele outro que o fermento fez crescer.
são os dois de gosto doce e o recheio é de libélulas com borboletas e abelhas que fabricam o mais puro mel. mas apenas algumas pessoas apreciam o bolo solado, a maioria morreria pra ver o outro crescido, aumentado. fui uma dessas e apenas quando dei-me conta que necessariamente não é assim, foi quando certifiquei-me que não é preciso que as coisas passem. me reservei o direito de liberar-me de minhas próprias imagens difusas daquilo que é sentir.
ai as minhas próprias imagens do sentir
e ai de mim quando reflito sobre minhas imagens do pensar
dúvidas e receios dão as mãos. a viagem pelo mundo se inicia e os sonhos de meia moça reconstroem o olhar imaturo mas bastante sensivel de quem está aqui porque não sabe por onde deve trilhar seu próprio rumo.
me prometo: não vou aperriar o corpo e mente. e por hoje chega.
8.4.09
rascunhei dezenas de bilhetes mas não entreguei. até que resolvi ligar e escrevi numa folha de papel o que diria, a folha molhou e já não conseguia entender as palavras em grafite 0,9 já que estavam embaralhadas com respingos de lágrimas e manchas de café. preferi o silencio, já que ele é companheiro mais fiel.
posso agora dizer que dói. dói muito confiar em si e mais ainda se responsabilizar pelo rumo que a vida toma. não acredito em amor, e as poucas pessoas que me conhecem sabem desse meu pensamento, precisamente quando depois de algumas doses de alcool a filosofia amorosa da dona jaque salta pelos lábios e numa linguagem pouco articulada misturada ao sotaque indefinido eu sopro aos quatro ventos que o amor não existe, é inventado, é cultural, que no fundo, quer seja o amor, quer seja o romance, é uma resposta muito bem elaborada por seres sentimentalistas à necessidade de prazer que todo homem tem. acredito muito mais na companhia, na cumplicidade. não sou especialista nesse tipo de coisa. só sei que dói e o que causa dor não é bom pra ninguem. gosto das diretrizes que embasam a vida de maneira simples e me proponho a resolver meus dilemas de modo prático, mas é dificil meu camarada. é dificil porque a nossa vontade escapa dos planos mais racionais.
hoje, o dia que deveria estar demonstrando meu amor por aquele ser que me colocou no mundo, que me orienta e conhece como ninguém, a situação foi contrária. ela que com sua cumplicidade, me abraçou e sua respiração e o meu resfolegar misturaram-se. não queria que fosse assim e gostaria muito de fingir estar tudo bem por esses dias, mas minha expressão e os olhos fundos não deixam que eu me engane e minta a mim mesma diante do espelho, muito menos diantes daqueles que gosto.
7.4.09
1.4.09
nos meus ouvidos naquela doce melodia
ele acendeu as lâmpadas do meu quarto e sussurrou poesias.
estava nas rodelas de abacaxi gelado que comi ontem a noite
em pensamento no cinema gelado
na boca de pessoas belas e imundas
nos quadros e fotografias
ele estava onde eu podia ver
estava ao alcance da mão
materializado
em concretude
pude saber o peso dele,
medir suas dimensões
dessa vez não deixei escapar, fui atras e talvez seja esse apenas o começo do maior amor da minha vida.
30.3.09
Você é tudo o que eu queria pra mim, você com a toda sua erudição completa minha vontade e me surpreende com o tom carinhoso que vejo sair dos seus lábios. Não confundi minhas expectativas quando me entreguei a este que me leva com destreza e me trata como unica. Porque eu não sou mais uma. Eu sou mais do que você antes nunca pensou ter. E de fato, sua indulgencia me deixa ser sua e você de mais ninguém. Arranjei os encontros, desmenti minhas invenções dando-lhes mérito ao acaso, mas cada parte da estória sabia e planejava silenciosamente as ações. O não ligar, o não falar, o dar silencio, o se entusiasmar - até o gemido - vezes acho ser consciente, vezes acho ser de gente distraída... mas vem de você e também sai de mim.
E não há no mundo borboletas que já não estiveram em minha barriga quando pensei e ansiei por um encontro, por um beijo. Cada particularidade das horas compartilhadas com você me consome a alma e a tristeza - e em algumas situações -a alegria. O que me atormenta saber é que hoje viram em mim felicidade, ninguém me disse, mas pude a ver refletida nos olhos de diversas pessoas que esbarraram em mim no centro da cidade, e a vergonha desse ar ditoso me impediu de encarar amigos no metrô e cumprimentar um professor que amo feito pai e admiro como mestre. Toda estabilidade que construi nesses meses de leituras e entregas etnográficas, literárias, me fez perceber que a instabilidade não é uma oposição, é como aquela coisa de entropia, ou de ordem na desordem... Na verdade crua que sangra e pulsa nas pontas dos meus dedos, me observei nua diante do espelho em plena uruaguaiana e era possivel ver as pessoas passando por detras de mim: a moça de saia rosa, o senhor de calça quadriculada que é um charme, um vendedor de guarda-chuva que elevou seu preço quando o céu começou a chorar - ele estava surpreso com a florescencia do espírito dessa que vos escreve. Sucumbi no final da tarde quando percebi que via você em homens vários, podia naquele instante entender que você já estava em mim em imagens de outros - e comecei bendizer até a minha décima terceira geração no momento que meu coração disparou ao supor que aqueles passos eram teus, e eram.
Me resta saborear o emaranhado de desordem que se instaurou na minha vida curta, analisá-la com o intento de encontrar ordem onde pensei um dia não ter.
24.3.09
Você é tudo o que eu não queria pra mim, você apesar de toda erudição não completa minha vontade e me despreza com o tom soberbo. Confundi minhas expectativas quando me entreguei a este que me leva com destreza e sinicamente me trata como mais uma. Porque eu não sou mais uma. Eu sou mais do que você antes nunca pensou ter. E de fato, sua fraqueza não me deixa ser sua, nem você de ninguém. Arranjei os encontros, desmenti minhas invenções dando-lhes mérito ao acaso, mas cada parte da estória sabia e planejava silenciosamente as ações. O não ligar, o não falar, o dar silencio, o se entusiasmar - até o gemido - vezes acho ser consciente, vezes acho ser de gente distraída... mas vem de você e também sai de mim.
E não há no mundo borboletas que já não estiveram em minha barriga quando pensei e ansiei por um encontro, por um beijo. Cada particularidade das horas compartilhadas com você me consome a alma e a tristeza - e em algumas situações -a alegria. O que me atormenta saber é que hoje viram em mim solidão, ninguém me disse, mas pude a ver refletida nos olhos de diversas pessoas que esbarraram em mim no centro da cidade, e a vergonha desse ar solitário me impediu de encarar amigos no metrô e cumprimentar um professor que amo feito pai e admiro como mestre. Toda estabilidade que construi nesses meses de leituras e entregas etnográficas, literárias, me fez perceber que a instabilidade não é uma oposição, é como aquela coisa de entropia, ou de ordem na desordem... Na verdade crua que sangra e pulsa nas pontas dos meus dedos, me observei nua diante do espelho em plena uruaguaiana e era possivel ver as pessoas passando por detras de mim: a moça de casaco verde, o senhor de blusa amarelo-manga que odeio, um vendedor de guarda-chuva que elevou seu preço quando o céu começou a chorar com piedade dessa que vos escreve. Sucumbi no final da tarde quando percebi que via você em homens vários e praguejei até a minha décima terceira geração no momento que meu coração disparou ao supor que aqueles passos eram teus.
Me resta fugir do emaranhado de desordem que se instaurou na minha vida curta, analisá-la com o intento de encontrar ordem onde pensei um dia não ter.
23.3.09
**
espero por ele toda noite
acabo adormecendo
e sou
despertada por chuvas
de flores amarelas
que formam um tapete
da porta da minha casa
até o lugar sem nome
de minha liberdade.
22.3.09
a fila aumentou, outras pessoas chegavam em poucos minutos e em um tom indiferente [forjado com pouca chance de convencimento] ele veio cumprimentar maria, que vendo a patética situação criada pelo hábito cinéfilo se viu em um beco sem saída, do tipo se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. o bicho em questão era o desejo, com cinco xícaras de amor, três de tesão, oito de cumplicidade. não entendiam como deixaram as coisas chegarem a este ponto, mas sabiam que não fora algo planejado, consciente.
- oi...
- oi - com um sorrisso no canto da boca misturado com um nervosismo que dava-lhe cólica maria respondeu - e você continua vindo aqui...
- pois é, e você também!
- mas eu posso, afinal eu que te trouxe aqui, lembra?
sentaram-se juntos como faziam e foi quando ele passou seu braço esquerdo sobre os ombros dela e como reação do corpo, ela se encollheu e sua cabeça descansou sobre ele.
17.3.09
por mais que nos ultimos dias eu tenha me entregue a algum tipo de incoerencia, é duro e desafiador perceber que tal sensação continua, mesmo após encontrar aquele amigo que não via há tempos, ou quando pude conhecer alguem por uma carta lida em frente a uma camera... conheci chantal akerman ela me contou suas imperfeitas e contraditórias histórias por um fio condutor que se expressa pelo silêncio, pela repetição, pelo nada numa tela... aquilo que é mulher.
mas repito a sensação continua. meu gosto pode até ser reiventado quando leio coisas que por exemplo bourdieu escreveu, mas só por uns dias, gostaria que minha vida tivesse tomado outro rumo. queria por uns dias não ter acesso a tantas informações que mais me enjoam de minha condição de individuo, do que me tras calma ou bem-estar, ou liberdade mesmo que forjada e mal resolvida... por uns dias gostaria de não sentir meus impulsos. não é o caso de não atendê-los, é o caso mesmo de não senti-los.
é furada a tentativa de otimização do tempo, aproximação virtual, desapego pelo outro. é furada a tentativa de querer parecer mulher madura, não me cabe esse papel. não tem um dia que não pense em me deixar livre pra alguem, mas não consigo. queria ter mais controle sobre mim, sobre meu gosto, sobre meus pensamentos.
é crise de pouca idade, tenho certeza.
de cabo a rabo, prefiro só a simplicidade
por isso vos deixo a velha máxima:
"DE GUSTIBUS NON DISPUTANTUR"
ps.: em latim pq aí estou marcando minha distinção, minha despretenciosa e desavergonhada tentativa de me inserir na elite intelectual, de possuir códigos outros que não de alguem que vem de uma familia protestante, na qual nenhum membro possui formação universitária, descendentes de nordestinos, cheios de supertições...
15.3.09
11.3.09
nem madura, e talvez, desprovida de consciência
duvido que um dia de terça comum há dois anos atrás tal coisa me faria alarde ao peito
duvido muito menos que daqui dois anos eu sinta novamente isso.
***
O senhor nunca levou em conta que os homens precisam de mitos?
- Sim, claro. Mas então eles devem escrever poemas - é que faço também, a propósito. Também preciso de mitos - e de pinturas.
- O senhor era pessimista?
- Não. O pessimismo e o otimismo são igualmente categorias que não convêm; não consigo trabalhar com esses conceitos; se assim me permitem, eles são muito grosseiros. Eu não era nem otimista nem pessimista; fazia o possivel para ser realista.
Norbert Elias por ele mesmo. Zahar. 2001
8.3.09
5.3.09
podia ser o sofrer, mas esse é o viver. viver, que repito, é delimitado pela preocupação com o tempo, com a interação, com as músicas que como melodias de açucar se desfazem dentro do peito. ou com a intensidade que é ser jovem demais. é a vida toda pela frente te puxando pelo pé, mas há uma mochila cheia de pedras nas costas, sendo cada peso a meta que propus ao meu espírito quando tinha ainda doze anos. fugi de você ontem até porque eu não me faria bonita para ninguém - nem aos olhos de quem me ama; porque quando amamos alguem o bonito transforma-se nele e não importa quantos anos se passaram ou quantos dias não se veem, ou quantos minutos atras se beijaram, o bonito é bonito por ser, e tal coisa está nos olhos de quem a vê.
aquele gosto guardado aqui debaixo da língua, agridoce - como já sabes, me vem de meia em meia hora e as coisas expressas que gostas de ler não podem mais ser escritas por mim, é complexo demais, ou fluido. quando vejo já fui levada a fazê-lo pensando em você.
possuindo apenas sintonias pobres e letras baratas nem a espessa camada de gelo pude retirar de mim nessa manhã, e a fiz de propósito porque falta dias e milhares de minutos para o calor de dentro se expor sem preceitos. não falarei das memórias de beijos rápidos, de conversas despretensiosas e contrariedades que afastam os corpos, no final das contas [e isso já com os dez por cento do garçon], todos nós sabemos que diferenças separam mais que juntam individuos inteligentes. e não sou mais nem menos interessante porque falo isso, nem mais fraca ou forte feito rocha porque me liberto de angustias atraves de palavras...
durante um tempo na vida tudo é permitido, na verdade, este tempo dura enquanto os donos querem. outros justificam as permissões. minhas justificativas já não são segredo para ninguém.
o vento da juventude que me sopra o rosto
o ardor de paixões que causam fissuras nos ossos
a escassez de experiencia sensorial que transforma vontade em necessidade
a linguagem pobre que me causa insuficiencia de versos
***
canso rápido de minhas idéias e documento tais oscilações em vazias leituras.
4.3.09
sei também que isso é murmúrio de meia idade
porque eu nunca achei o uniforme da seleção feminina de volei bonito
como sempre detestei homens que usam amarelo-manga
isso é velhice de espírito
monotonia da mente
morte do sonhos
a alma desse ser - e de um grupo maior de gente - é porão, entulhado de quinquilharias, abarrotado de memórias, submerso por angustias e expectativas.
... meu iáiá, meu iôiô...
1.3.09
e recordar calmamente as cenas mais alegres da vida - até aquelas que ainda não vivi.
como um déjà vu [ou nostalgia]
***
li hoje que os chimpanzés têm (alguma, e seja lá qual for) noção de eu. eles podem se olhar no espelho e reconhecerem-se.
hoje não me senti no topo da escala da evolução, quando acordei e não me reconheci na imagem que era refletida de mim: um misto de criança e mulher, de juventude e desesperança, de beleza com feiura (uma feiura braba daquelas). danei a reclamar com Jacuí minha situação, ele ou ela [1] me dava toda a atenção que precisava naqueles dez minutos matinais antes do café.
depois do banho me senti um dos seres mais bonitos do mundo e mais dono de si também.
________
[1] pois não é que troquei o sexo do meu gato? pensei ser uma femea e a dei um nome feminino, justifico: ela miava pra cacete e como uma homenagem aos nambikwara a nomeei como a flauta sagrada, na verdade não queria era ouvir aquele miado irritante; mas na quinta passada a vi fazendo xixi pra trás - típico comportamento masculino (se fosse a especie homo, falaria: "fazendo xixi em pé") - entrei em paranóia, agora aqueles olhinhos verdes tão meigos são de um macho que tem duas bolinhas enormes entre as patas, tá sendo dificil pra mim, ainda não lhe mudei o nome e acho injusto fazer isso agora.
26.2.09
Ele, cujo nome ela nunca revelara a mim, não gostou daquela mudança, ele gostava tanto de café que chupava seus dedos finos e pequenos quando os via com aquela cor. Maria sabia disso e usava bem essa fraqueza, que era como um código que ambos elaboraram ao silêncio. Era ela aparecer com aquelas unhas e ele sabia que podia quando bem quisesse atravessar as mãos pelo vestido ou saia. Coisas de casal, todo e qualquer par que se preze inventa uma linguagem própria, cheia de símbolos, significados que pertencem ao número restrito de pessoas, dois. Uma amiga de Maria comentou durante a semana sobre um 'sinal' do seu marido, se ele olhar para a tv e o relógio com aquela expressão, a sobrancelha esquerda mais elevada, ela lhe vinha com o jornal. Maria de repente se imaginou servindo café e não o seu desejo ardente se continuasse com aquela linguagem. Por isso, pintou as unhas à francesinha no outro dia de manhã e chegou com mais vontade de ter aquele homem dentro dela do que em qualquer outro dia. Ele assustado pensou duas vezes antes de passar as mãos por entre as pernas de Maria ainda no carro, mas ela se vestiu pra isso e com elas entreabertas convidava os olhos dele, bem como suas mãos. Foi quando ele disse:
- porque as unhas estão claras hoje?
- resolvi mudar, meu bem
- e porque? gosto tanto delas daquela outra cor...
- eu sei, mas é melhor não cair na rotina. Me beije aqui - disse ela apontando para a boca fresca.
Ele a beijou, e seu pensamento era uma confusão, havia apenas alguns meses que saiam juntos, encontros que eram casuais porém com certa regularidade, que o atormentava uma noite ou outra, mas que ele sempre cedia porque, como ele mesmo admitia, Maria tinha o gosto muito bom, era gostosa. Intrigava era essas ações dela, que gostava de ficar só algumas vezes, em um silencio absoluto, e virava e mexia, saia com uma dessa de cair na rotina, fugir do compromisso, descarrilhar o trem, não que ele quisesse que fosse tudo certo, como manda o script, não, ele gostava da casualidade, da amizade colorida, da intimidade que existia muito mais na cama do que em qualquer outro lugar. Foi um tormento quando abriu os olhos novamente, já estava ela de olhos abertos, e foi a primeira vez que ele percebera que ela sempre abria olhos primeiro que ele. Começou a observa-la mais de perto, com mais precisão ou atenção.
Ela ainda abaixando a mão em direção ao peito dele, sentiu a aproximação do corpo grande daquele homem muito rápida, ele fugia de algo, pensou ela, e enquanto o beijava não conseguiu como nos outros beijos, apenas senti-lo, ela se indagava daqueles olhos fechados, daquela rapidez da língua e não mais podia fingir sentimento, abriu os olhos. Foi quando ele percebeu.
Não conversaram mais que meia hora e foram pra cama, daquele dia em diante ele pensou ser outro código inventado, unhas à francesinha era sinômino de mais desejo e ela pensou ter rompido com um código. enganaram-se os dois, mas não a mim.
(perdoe-me terminei o texto desajeitado, nem falei do corte de cabelo dela, mas é que preciso continuar com as fotos, e os amigos me chamam querendo-as.... outra hora ou dia continuo e justifico, não coloco como rascunho porque então aí é que eu abandono a estória... já tem tantas coisas que abandono que preciso me manter presa pelo menos nisso aqui.)
com força e sem piedade de si travou uma briga com seu corpo
conseguiu passar pela garganta e chegar ao peito - ali onde estava seu coração e logo atras o pulmão.
fechou os olhos e sentiu o afago, a dor, e suspirou profundo
com as unhas arrancou aquele pedaço de amor
deu umas porradas no outro órgão e
sentiu o alívio que causara a paz
esta, fugiu-lhe de medo.
foi assim quando o caos se instaurou.
25.2.09
20.2.09
hoje eu to bem pra caralho.
foi dia de poucos amigos e só um dia pra mim
eu indo de encontro ao meu autor preferido
redescobrindo que tenho músicas na barriga
na garganta tenho um grito surdo
no peito um amor imenso
só explico isso porque hoje
estou do tamanho do mundo
ou maior que ele. e sem exageros.
18.2.09
aviso, sou invejosa. e machista. e pouco me importa se isso é da ideologia dominante e se até na arqueologia as pessoas querem ver lutas de classes, que hodder vá pro inferno, assim como aquela amiga de cabelo duro que anda me desprezando. é demais pra um ser de 1,60 de altura. a minha outra amiga traiu o namorado e me conta isso com remorso, eu lhe pregunto: gozou? ela gostou e ficou até com marcas pelo corpo (isso me dá até vontade d ficar com algumas também). então, há coisa melhor?! sim, há coisa melhor. companhia e a cumplicidade de entender o outro no olhar. respeito os casais duradouros mas acho que nunca alguem gostará de me ter com par, porque nasci não pra ser sozinha, odeio ficar só e odeio ter que assumir isso... sim nasci pra ser par pra mim. é a alma que tem 1,80 de altura e me serve bem de companheira, é meu lado macho falando mais alto apontando uma arma pra mim e perguntando: qual é a tua [meia] mulher?!
qual é a minha, porra? o que eu quero com isso... muita coisa. de tanto pensar me perco no pensamento. outra hora lhes digo como termina isso, apesar de saber eu e vc que isso nunca acaba. como também nunca acaba o tempo inventado arbitrariamante e esse sentimento que me confunde a cabeça e a minha própria ideia de espaço e minha causa de fome, e sede. falta é tesão pr'os estudos de gente viva, porque me vejo nelas e seus problemas colam em mim. é um grude. uma merda. sei que isso que escrevi não vai agradar a algumas pessoas mas saciou meu disturbio de porralouquice -por enquanto.
lápis sem ponta
túnel sem saída
metade d'um mesmo corpo
[ou da laranja?]
truculento
compêndio do amor,
arrogante
manual das relações,
não há rima
nem pobre
[talvez]
uma arritmia
feito poesia concreta
discreta
repaginada mas pouco sofisticada
só que alumiada
com talento
e brilho de olhos de gente que está a sonhar...
p/ "Vontade de Início da Noite"
17.2.09
Imaginei a fotografia que faria e o retrato que nunca me deixaram concretizar. um desejo meio bobo que como um silencio surdo se espalhou pela casa... escondi a camera em baixo da cama e sussurrei à minha própria alma a correnteza que me levava por aquela luz pobre que entrava pela janela. Confesso, até hoje não tirei a camera de lá, e a covardia que afogou o peito em lágrimas não se contentou com minha abstinência, faz já dois meses que não fotografo e cinco séculos que não vivo a experiência de ver o outro pelo visor. é como cinco séculos, apesar de nem três décadas este corpo ter. balbucio algum verso torto que de encontro a minha esperança de fazer algo novo se perde em mais uma tentativa frustrada. gostaria era de poder colocar uma foto aqui e os olhos de meus leitores verem poesia nela. poesia, conto, quem sabe, ensaio. não aprofundaria nada, tal como são meus textos, meus trabalhos e minhas sensações.
confuso em certa parte e não era pra ser até certo ponto.
é um tirocínio. uma caminhada sem erros ou acertos, só um caminho. um dia espero encerrar minhas incertezas numa frase de efeito, frase que será lida pela percepção, e os signos serão os elementos do quadro instantâneo. invenção, criatividade desassossego da mente. fugir de certos pressupostos garante que construamos outros, mas irresponsavelmente me indago sobre que inventividade é esta. que obra e pessoa se reserva espaços de tempo para este fim? e por que deveria eu me prestar a isso? não há respostas e no fundo nem as procuro, me contento com a evanescência que me é característica.
***
costumeiramente (gosto muito de usar "mentes" nos escritos) aplico uma fórmula que as vezes funciona e me agrado com o resultado... mas hoje foi diferente e após escrever veio uma onda que apagou tais sensações. não vejo motivo pra esse comportamento e não consigo explicar a mim mesma as causas dele. confesso que juntar as palavras desta maneira resumem e mostram a incerteza que consome algumas horas dos meus dias, porque é rotineiro demais. esqueça.
15.2.09
é, isso mesmo. o sono não vem e as memórias sacanas te invadem a cabeça, a mente, os olhos, o corpo. e quando vê, aí que a insonia te domina e não há no mundo ser que se desprenda dessas miudezas.
e não há no mundo ser que se desprenda dessas miudezas?
não há no mundo ser que se desprenda dessas miudezas.
envolver-se com alguem requer uma certa organização espacial, um senso de direção e um sonífero que funcione e não ofereça contra-indicações intelectuais. a concentração nesses casos é a mais afetada e enquanto o trabalho te chama o desejo de puxa pela perna e dá uma rasteira daquelas, um carrinho por trás na pequena área e você puto pede ao Juíz um cartão vermelho.
Aí, a galera vai ao delírio! Você vai ao delírio.
a confissão feita às paredes enquanto os olhos se dirigem ao teto é secreta, que deve ser mantida em segredo. porque cada canto da casa deve ter uma lembrança, uma marca e tudo na vida e no mundo é assim. o meu pé direito guarda o dia em que desobedeci minha avó e abri a porta do guarda-roupa e maldita caiu nele. é no próprio corpo que a história se faz.
13.2.09
Ps.: Desconfio dos bons moços. E mais ainda da minha polidez.
10.2.09
7.2.09
causaram aos olhos alheio o desvio de mim
hoje estou invisível e ninguém pode falar comigo.
quase um outro ciclo. por um triz outra vida
a poeira abaixa e o sono perdido retorna ao seu dono,
volta também uma ponta de felicidade solitária
um misto de surpresa com esperança e calma
***
há em algum lugar nesse mundo de deus
uma lógica que permite esse passar, esta mudança.
tal como colo de mãe
ou o carinho do amor
[vide a bula da sensação [boa] que tais coisas oferecem]
a imaginação ajudará descobrir onde fica,
e a saída será fotografar,
localizar e marcar no google earth para que todos tenham acesso a ele
(me entende? acesso ao tal lugar tal como colo de mãe e carinhos do amor)
daí não precisaremos mais de mães nem do amor nem de colo nem de mãos, abraços.
só um lugar, meio imaginado, meio real. meio lá e cá.
5.2.09
Sempre aquele semblante mostrava-se calmo e o apreço que possuia por aquela profissão era muito grande. Estudara muito por muito tempo e de alguma maneira podiamos ver em suas falas comentários cândidos em relação ao seu futuro. Polido. Gentil. Funcionava feito máquina e tinha gostos normais para os que o vissem de fora e esquisitos para alguem que o visse por dentro. Repetidas vezes concordara que a ideia de se envolver naquele momento com outro ser, desprovido de uma armadura contra as tentações do seu desejo, lhe culminaria numa emboscada. Sem ser destro, com destreza caminhava pelos assuntos e tinha um humor elevado. Um requinte no andar e paladar, com bom ouvido. Bom entendedor no melhor sentido da expressão do comercial de cerveja. Para ele, meia-palavra-basta.
Numa noite pegou-se sem dormir ao pensar no vazio que sentira naquele dia, um dia duro que nem mesmo as pequenas doses de bebida no inicio da noite aliviaram as tensões dos ombros. Queria era uma massagem de um par de mãos leves, talvez pequenas. Fazia pouco tempo que preferia o costume de ser só mas tinha a necessidade de dormir acompanhado de um outro corpo alguns dias. Meio macho, meio homem, meio moleque, mas gostava mesmo era de ser o primeiro - um toque mais selvagem nas palavras já que nos gestos e no olhar era tão feminino como uma moça. Sussurrou para seus próprios neurônios as atitudes que devia tomar e a concentração que deveria manter no trabalho até que não aguentou. Pegou as chaves e saiu pra ver estrelas com o vento do mar soprando aos ouvidos a melodia da calma no odiado, mas desejado [somente naquele momento] silêncio.
3.2.09
repetidas vezes o recheio da sobremessa foi consumido com maior vontade que a cobertura
e uma dúzia de pensamentos voaram como folhas secas entre os carros engarrafados na perimetral.
o castelo de areia desmorounou-se como também o corpo da morena escupida com cuidado em copacabana - a bunda ficou defeituosa.
os sinais vermelhos não siginificavam parar - eram alertas para os sonhos de peixes fora d'água que como amigos viviam em bolsos e tomavam suco de laranja no sertão nordestino.
surpreendeu-se o coração de alguem quando o pivete tinha como arma bolinhas de sabão
e a armagura que sentia se foi como agua corrente, incolor e que bebia-se sem filtrar.
1.2.09
Pensava ela, no nosso belo-azul-ensolarado dia de manhã, nas coisas que fizera naquela tarde anterior. Diante do espelho com o creme de espinhas espalhado pelo rosto - creme que fazia dois anos que estava no depósito de coisas inuteis, acompanhado do baton cor de boca, da meia calça fina, do secador de cabelos - repetia as frases compulsivamente, as frases que deveria ter dito a ele com alguma irresponsabilidade, como ele já tinha feito algumas vezes com ela. Os olhos de cor castanho-comum lagrimejavam e com o rude pensar sugeriu a si mesmo que era a validade do creme que estava vencida. Na verdade não adiantava chorar agora, muito menos pragejar o gozo rápido de uma tarde quente.
10:33 AM chegou perto da geladeira e a abriu procurando algo para mastigar, viu só uma garrafa d'àgua e lembrou da crise renal do seu amigo, e friso, não lembrou do amigo, ele já martelava a cabeça de Maria [que não era Tereza, nem Das Graças, muito menos Luísa) desde as 5:48 AM com aquelas imagens difusas de sorrissos, beijos, carícias e de concentração na leitura de livros. Maria [só Maria] permitiu-se voltar alguns dias do tempo corrido da vida e rememorar umas poucas trocas de olhares tímidos nos meados do ano anterior. Por ela estas lembranças poderiam sofrer processo de decomposição, mas as ingratas não saiam dela, as levavam era de volta a tempos passados quando ainda não conhecia as formas do corpo humano como convites irrecusaveis ao prazer. Ficou a indagar-se quantas mulheres aquele amigo já possuira e quantas frequentavam aquela cama confortavel e afixionada por aquelas performances delirantes queixava-se do pouco ritmo de seus movimentos. Foram dois minutos que a enxurrada da memória veio em um fluxo intenso e ao fim deles concluiu sua fragilidade: não poderia nunca confiar em alguem pois até ela colocara-se na mira dos que deveriam dormir e não acordar. A filosofia de Maria era que a vida vale a pena se a consumimos com vontade e destreza. Concordo com ela numa parte. E ela até que consumia a vida com vontade, todavia a habilidade nem a experiência havia lhe proporcionado em quantidade necessária.
Voltou os olhos para aquele livro de capa rosa e páginas amareladas decidindo o resto do seu dia, deitada nua na cama em pronação devoraria cada fonema daquele velho que tão bem escrevera sobre paixões humanas. Talvez compreenderia sua condição - que até deveria ser passageira só que as concepções de Maria e do Tempo de passageiro diferiam muito, para a primeira deveria ser rápido e medido em dias, para o segundo não deveria ser nem isto, nem aquilo, nem medido podia ser.
Declamava Maria
" - a alma que possui a mais longa escala e mais fundo pode descer,
a alma mais extensa, que mais longe pode correr e errar e vagar dentro de si,
a mais necessária, que com prazer se lança no acaso,
a alma que é, e mergulha no vir a ser, a que tem, e quer mergulhar no querer e desejar,
a que foge de si mesma, que a si mesma alcança nos circulos mais amplos,
a alma mais sábia, à qual fala mais docemente a tolice,
a que mais ama a si mesma, na qual todas as coisas têm
sua corrente e contracorrente, seu fluxo e refluxo - "
Perdoe-me, mas devo adiantar. Maria tinha uma alma livre e sofria por isso, queria prendê-la dentro de si. Não conseguia. A velhice era esperança para ela e sua mãe com o olhar de lince esperava isto também. Conversavam muito apesar do silêncio constante de Maria, a mãe vezes por outra argumentava diante da filha sua precisão de colocar para fora em som o brilho dos olhos perdidos em tormentas nuvens. A filha ignorava, era silenciosa e arrogante. Até a forma de andar denunciava tais características.
Lera naquele dia entre perdas de raciocínio e cochilos, 117 folhas. Tomou um café forte e vestiu-se bonita para conquistar uns elogios. Pegou a bolsa comprada na feira de todo sábado na praça e saiu a rebolar com certa decência, podia ser sensual, mas odiava ser vulgar e percebera que deixou-se ser por duas horas no dia de ontem. Quando findava o dia pensou no cheiro daquele lugar e até podia sentir - de longe - o gosto do suor amigo. Comeu, sorriu e pensou sobre o mundo e um filete sobre arte. Dormiu sem vê-lo aquele domingo e saboreou a vantagem de ser só quando queria.
21:35 PM. Ela não dormiu sem vê-lo, na verdade ele apreceu lá acompanhado de alguem que parecia melhor que Maria. A unica saída foi desviar o olhar e fingir não ver, porque ela já não sabia o que era, nem o que sentia... um misto de decepção com vergonha, de raiva com medíocridade. Arrependimento talvez. Podia ser de mil maneiras mas foi dessa. Agora de noite tudo parece irreal.
Sent: Saturday, January 31, 2009 17:12 PM
To: Jaqueline
Subject: Frustração
é no final sempre tudo fica bem
eu esqueço do pouco apego,
do chamego que não ganho.
guardo o ato selvagem - selvagem em certo ponto.
e me ajeito entre os lençois.
não me importo com a fuga do olhos
compreendo demais tal atitude
minha alma viaja por aí
e só o silencio fica ali
junto ao ruído que sai da tv.
30.1.09
e choro porque sei da minha profunda vontade de ser
bem mais ... mais
mas...
*
quer sim ser creme como aquele que vem no café, suave leve macio gostoso pro paladar.
é ritmo é doce é ininteligível. é. basta.
*
você se transformou numa assombração
me persegue todos os dias
minhas palavras
meus suspiros
meu olhar
*
não diria aos meus netos o campo de possibilidades que existe ao homem - def.: ser finito, fraco, mesquinho - de ser importante pra alguem na vida - def.: circuito, linha, corrida [pro mais capitalistas] - sem justificativa no amor - def.: (?) .
ps.: acho que nem na minha terceira geração saberei defini-lo.
*
é como quase outra esfera
a pergunta que não se responde por si
essa necessidade possuida de não ser acompanhada
ser solta entre aspas
pertencer a si só
*
curto capítulo I
era um fim meia boca, diferente do começo que parecia ser romance de filme francês. as bocas mexiam-se pouco ao contrário dos olhos que movimentavam-se rapidamente fugindo um do outro. ele pediu algo leve e ela bebeu agua e ouviram conversas alheias e não sentiram gosto da comida só a secura e o amargo de um fim já pronunciado desde o começo. sabiam ambos que não combinavam, possuiam na verdade alguma afinidade - pouca bem pouca. não há motivo pra tristeza ou assombro, concordavam entre si, sentiam era uma pontinha de descontentamento já que acreditaram por alguns dias que surpreenderiam-se um com o outro. não era o beijo que tinha gosto, era a vontade dela que dava gosto a ele e ensinara-lhe em tão curto tempo as destrezas das relações. sofreram um bocado só porque eram egoistas o suficiente para pensarem nos próprios umbigos e me deram uma boa estória para contar e aos senhores para ler.
18.1.09
nunca alguem me viu de verdade, mais por falta de permissão do que desinteresse compulsório. aqueles que tentaram correram de mim no segundo instante de contato ou intrusão, porque é assim que tanta gente se esvai de minha companhia. não é reclame ou lamúria, é fato. insolente fato. pouco comovente e mais animador que não pareça ser. a poesia que se faz nesses casos é destoada de sentimento ou brilho de luz, é muitas vezes escura, embaraçosa ou desfocada. por isso o isolar o peito das intensidades reservadas a ele é cogitado varias vezes ao dia, mas nem sempre respeitado. o orgulho é maior e a falta de prazer fala mais alto.
pessoas orgulhosas desfazem as malas mais rápido.
as sentimentais nunca as desfazem.
expressão de carater bom falta àquelas primeiras e é de sobrar nas ultimas, assim dizem os mais velhos. só que falar demais por entrelinhas é como dizer nada porque por falta de sabor até as linhas mais escritas e bem escritas se perdem no leitor que à espera da compreensão se vê desiludido, decapitado, desrespeitado quando não a tem (digo, a compreensão).
respeito falta aqui. e lá. e nem mais posso reclamar.
aquele gosto de morango macio, delicado e do sorvete de creme que deixou no meu peito por vezes sobe aos lábios e a lingua tenta e não consegue sentir o prazer que foi insatisfeito por um lado. porque assim deveria ter continuidade mas por horas ele se corroeu ou correu de mim.
agora proponho que as belezas sejam corriqueiras. nem pai nem mãe podem assumir o erro, nem eu, voltar atras. costumo receber os elogios teus como fontes de rejuvenescimento, já que apesar da pouca idade e pouca experiencia, sinto o tempo passar tão passatempo que ao olhar pra ontem as rugas brotam no rosto. não é culpa de ninguém. nem minha. suplico nem piedade nem carinho, poucos são os momentos que construídos por bem prazer ou prazer bom desfumaçam os sonhos de meia moça. meia moça sim. um pouco pudica. mas sem vergonha no pior sentido do termo. sem mais ou mas e poréns. só o vento do ventilador gigante que refresca o corpo seja da temperatura do mundo ou da cabeça. escrevo pra ninguem e publico pra mim. disfarço a vontade de leitura de alguens e exponho pouco a pouco o diluvio que não é tão santo como o de noé, mas é tão intenso quanto [que pode afogar ou mesmo matar]. é foda esse final.
ps.: não voltei a escrever. é só uma recaída. tenho direito a algumas.
7.1.09
só agora percebo o quanto vulneravel é se ver pequeno
porque é assim que me sinto e juro não é tão bom quanto dizem por aí.
se é que existe reciprocidade em qualquer relação, comigo ela nunca é presente
nunca é presente também o bem estar que tanto gosto
uma vez ou outra ele vem e é culpa unicamente minha essa situação
sentir-se assim é doído demais
e não querer sentir-se assim é natural.
e escrever assim é pobre, é porco. é sujo. nem mais aqui apareço.
poucas vezes sou sincera comigo mesma