31.12.08
as metas eram:
ler a obra de levi-strauss
tirar minha habilitação
escrever um texto
ser mais paciente
começar o curso de francês
participar de festivais
conhecer três cidades
fazer a obra do quarto
comprar doze livros
trabalhar todo fim de semana
produzir algo bacana
não deixar o cabelo crescer
terminar o namoro
fazer vestibular para UFF
trocar o equipamento
fracassei em algumas metas, levi-strauss vai ficar pra mais tarde, mas a habilitação desse ano não passa, conheci mais de três cidades, recusei maconha, fiz documentário (esse é o produzir algo bacana). E trabalhei (quase) todo sabado, terminei o namoro no inicio do ano, troquei o equipamento e aprendi a trabalhar com a luz rebatida. conheci uns prazeres bons... beijei outra boca e experimentei a amargura de sentir-se só. andei de barco, senti muito vento no rosto e ganhei um por-do-sol como presente de aniversário. conheci ótimas pessoas e fugi de outras (mas isso sempre acontece). escrevi "demais". falei "demenos".
li muitos textos atrasados. não fiz caridade e me sinto bem por isso. só dei uns trocados prum muleque.
as metas são
ler trinta e oito livros
conhecer o médio rio negro
fazer a prova do mestrado (se conseguir me decidir até a data)
comer mais besteiras e engordar cinco quilos
dizer eu te amo pra dona mirian no dia das mães
visitar meu pai em sp
tirar minha habilitação
trocar meu equipamento reserva
adquirir minha 2.8
tomar vergonha na cara e expor minhas fotos
fotografar em p&b
sair mais aos domingos
não ficar online no gmail e não escrever tanto no blog
aprender a falar no telefone
demonstrar mais carinho aos amigos
talvez pintar o cabelo
ler tudo o que geertz escreveu
conhecer nossa senhora das dores
conseguir um emprego estável e um apartamento barato (muito dificil)
dizer mais coisas bonitas
ter mais prazer
dormir mais e sonhar menos
aprender ter paciência e calma (utopia)
cortar o refrigerante e fazer algumas trilhas do rio
ir ao show da alanis!
participar de algum concurso
aprender ingles de verdade
dar os livros que tenho e nunca vou ler
comprar poucas coisas velhas
gastar menos e depositar mais na conta
investir nas minhas ideias
ter pouca vergonha pra assumir mais as vontades
largar de ser uma bichinha que fala de relacionamentos.
a lista foi maior...
deve ser pq nesse ano ela é pública
:)
30.12.08
organizar as idéias não tão deliberadamente
"A Introdução, que costuma ser aquilo que primeiro se lê em um trabalho
deste tipo, é também, geralmente, aquilo que por último se escreve.
Neste espaço vazio entre o fim da escrita e o início da leitura por outrem,
parece ser preciso realizar ao mesmo tempo duas coisas inteiramente diferentes.
Justificar aos próprios olhos o que foi feito, e tornar essa justificação, esse
sentido próprio pessoal, em um texto que conquiste a cumplicidade do leitor. Não
qualquer leitor, mas justamente aquele para quem uma tese acadêmica só faz
sentido se não precisa justificar-se.
Leitores de teses, ou pelo menos os freqüentadores profissionais desse gênero
de trabalho, são céticos e críticos quanto a todas as demonstrações que o texto
possa lhes oferecer; mas são também os que mais demandam que se lhes diga
que caminho o texto os fará seguir. Talvez isso se dê em função da complexidade
da comunicação que está sempre em jogo nas ciências sociais, em todos os
momentos ou aspectos da produção de seus conhecimentos. Talvez também
porque nenhum texto é uma máquina que funcione sem intervenção, e seja então
necessário dizer de antemão, no mínimo, quais são as matérias-primas e o que se
quer manufaturar. Falando em ‘entropologuês’, é preciso que a eficiência da
máquina não seja julgada de modo absoluto, pois ela não faz mais do que
produzir desordem. É preciso que se delimite o universo de atenções, intenções e
interesses e em que o texto se inscreve. "
retirado da tese de amir geiger
29.12.08
um momento por favor.
bem é assim. a mulher é bonita, é inteligente, pode não ser aquela gostosa do comercial de cerveja, mas tambem não é de se jogar fora, entende?! mas só porque ela é isso, parece que homem fica com medo, a procura cai... lembro de meus anos do ensino médio... era mais burrinha e vira e mexia tinha um sapato velho pro meu pé torto (mesmo que ele fosse exigente!), agora só porque corta-se o cabelo e lê-se meia duzia de uns livros... as coisas mudam, infelizmente, quando não, apenas um idiota ou outro que se acha superinteressante (porque já leu simmel, ou fez curso de fulano de tal e só por isso acha que pode dar pitaco em tudo) vem te atazanar o juízo.
daí só porque é criada pra casar e quando vê tá caída por um cara [que por sinal é um filho da puta*] sente a pressão que é ser mulher nesse mundo de deus.
é dificil cabra.
isso é porque vi a novela da tarde, que só tem casal apaixonado, menina louca pra dar, rapaz doido pra comer e o discurso do eu te amo em todas as cenas. puta que pariu.
* sim, todos são filhos da puta... pode ser meigo, carinhoso, abrir a porta do carro, ouvir música boa, ligar no outro dia... mas não se anime, no fundo ele é apenas um filho da puta carinhoso. e só.
28.12.08
um texto não é nada se dele não vem algo de sentido ou verdade. a natureza das coisas é bem mais marcada pela a experiencia que a justificativa de criação divina. é um ciclo sempre, e não deveria eu pensar dessa maneira. tudo tem inicio, meio e fim. isso é eterno. isso acaba.
mas explicações holistas sempre são as preferidas [minhas preferidas] e talvez toda essa lamúria não é recusa ao individuo, mas um crédito ao todo. ao tudo.
nunca soube a diferença de poesia pra poema
nem de artigo pra ensaio
nem de vontade pra desespero
na primazia da escrita bem feita ou palavra acertada
poucos são os que detêm tal habilidade
mas são as fugas que transformam qualquer um num autor
e as destrezas percebidas nestas ocasiões permitem entender os processos criativos
a imagem é arrimo para o cerébro de quem a fez
não explicar justifica a fraqueza das palavras
ou melhor, esconde as palavras
prefiro assim e no fundo ir pro passado de uns sambaquieiros é tradução dessa vontade de não assumir as questões que incomodam e que sei: nunca serão respondidas... talvez teriam muitas respostas e de qualquer forma não satisfariam a inquietude que me atrai a tais "problemas".
26.12.08
lembrei das poucas e boas palavras
sacanas e indecentes suspiros
até que sussurrei nos teus ouvidos
as boas palavras que estavam na boca pra encantar
ou
(b) de esperar você
sacanas e indecentes suspiros soltei
até que sussurrei nos teus ouvidos
as boas palavras que estavam na boca pra encantar
***
mostrando caminhos curtos
guerra de meia vontade
performance dos corpos encaixados
dois em um , dentro do mundo
por cima da pequena vergonha
no meio da limpa cama e lençóis brancos
os brandos minutos disfarçaram a diferença
e era ali dois sem mais [ou mas e poréns]
***
morena venha cá e beije os olhos de quem te chama de pequena.
um dia
um amor
um morena falará
um beijo
um desejo
um reciproco carinho
um poreum
um sem um.
25.12.08
do jeito daquele que a gente segue
ou devia seguir
ou existe um acaso muito não por acaso
que [re]orienta o rumo
como um gps
como um guia
como luz
luz pouca
ou
luz baixa [como os dos faróis do carro que de noite só te deixa ver um pouco]
afinal, é abuso a luz alta, coitado do outro
destino ou gps
não importa mesmo o nome
mas parece que algo contribui
de qualquer modo a questão é
o mapa de navegação será reavaliado (como que sendo referenciado)
é assim, só alguns pontos, ou pessoas.
23.12.08
ainda não descobri o que faço de melhor, nem como melhor fazer o que gosto. uma pouca boa vontade, misturada ao desprezo a que sou assaltada depois de um pouco tempo de felicidade.
porque é assim mesmo, todos tem seus altos e baixos e são das médias que fazemos as escolhas. listei os prós e contras de morar sozinha, no final a coragem faltou pra assumir tal responsabilidade. e é justamente ela que faz com que eu me afogue nessas palavras, me sinta mais baixa, mais sórdida. sórdidos na verdade são os amigos que andam me fazendo falta, queria encontrar com um agora e esquecer das minhas próprias angustias, apenas ouvir as dele, tenho certeza, ficaria mais confortavel que agora. Tive ontem vontade de beber, coisa essa que pouco faço por escolha, gosto de ter os sentidos bem apurados e perdê-los por, quem sabe, três dias, seria melhor. Beberia por isso, não por aquele gosto de alcool, e sim porque alguma substancia deixa de ser produzida pelo corpo. alguem me falou isso e poderia alocar a esse alguem uma mera referencia, daquelas do tipo "pessoa desconhecida"/"pouco importante". só que não. na verdade não posso é dizer o nome, na verdade não posso nem nomear o que sinto, nem o que acontece. destoado demais essa parte, que só eu mesma falando nos ouvidos do alguem pra fazer sentido. Já estou pelas tabelas, e são dez da manhã, poderiam ser onze da noite. poderia não ser tempo, não ser dia, nem noite. ser nada, nadinha.
a lembrança que me vem toda noite, antes de dormir, enquanto penso no dia, é sempre das palavras não ditas e isso me magoa demais. é triste, sem propósito. é solidão. por falar sozinha e pensar muito e por me apegar em folhas que são escarradas por mim, essas lágrimas que não caem do rosto é prova da dureza que é sentir desprezo.
elas secam antes de cair, e nem pra me fazer de coitada, consigo.
com afeto e sem comoção,
jaqueline
ps.: pelo menos o céu do meu gmail tá bonito hoje,
sem chuva e raios, só um azul bonito.
22.12.08
18.12.08
17.12.08
" que as aparências são tudo o que temos e que elas jamais desdizem o medo
ou o desejo: elas simplesmente os confirmam"
durante qualquer tempo possível
torna-se pressuposto para o sensível
a consciência ou vontade de tê-la
porque se na vida da gente,
seja aparência ou imagem,
[não importa mesmo o nome]
somos vistos e imaginados
vimos e imaginamos
há de vir o dia que quando olhares nestes olhos
lhe falará mais que as palavras o brilho que sai deles
afinidade é nome disso
já que
dispenso o amor - se é que existe isso que tão irresponsavelmente chamamos de amor.
dispenso deus - ou isso que chamamos de deus, porque se é que ele existe deve desagradar-se dessa dona.
e o sentimento é reciproco.
ok. sem mais nem menos esse é um (1) fim.
16.12.08
No fundo essa é uma maneira de estar longe mas no mesmo lugar. É uma maneira de me sentir mais independente mesmo crendo que só serei de fato quando chegar aos meus 30 anos. O interessante é que naquele único dia essa amiga me acompanhava. Estavam ali duas pessoas de saco cheio de um espanhol que fala "tchem-tchem" quando gostaria de falar "tcham-tcham" pra dar aquela interpretação dos malditos números nas ciências sociais. Pois é, eu nunca vou usar coeficiente de Pearson pra nada na vida.
O saco cheio, a cabeça vazia e volta e meia falávamos de...de... bem, tudo que mulher fala, seja homem, bolsa, sapato, e até sobre a bunda da fulana de tal que fica caída quando coloca aquela calça horrível de bolsos pequenos. Pura futilidade e alguma inveja que escorria por aqueles comentários, afinal ela tem a bunda caída mas tem também um namorado [ou sei lá o que aquele rapaz de olhos claros é dela] que com as mãos dadas andam pelo corredor do nono andar.
Daí, como eu dizia lá em cima, um rapaz entra, meio desconfiado, um pouco nervoso, perguntando sobre "aquele cara cabeludo que trabalha aqui, o.. o... Guilherme".
- Ah sim, o Guilherme. Olha ele não está agora, deve chegar um pouco mais tarde.
- Poxa, mas você não sabe das coisas de antropologia não? Antropologia não estuda a beleza das pessoas?
- Bem, antropologia não estuda beleza não, estuda a "cultura".
(abro agora um espaço pra dissertar sobre minha incapacidade de falar sobre aquilo que eu estudo faz três anos. Sim eu estudo a cultura. A boa e velha, cultura. Essa lata de lixo, ou quem sabe, buraco negro onde a gente joga tudo e mais um pouco da vida. Não importa quantas aulas eu já tive, muito menos o que a porra do geertz ou o babaca e caquético do levi-strauss falam, e não importa também se já fiz uma disciplina que seu nome era Teoria da Cultura, parece que nada adiantou, parece que tudo [e isso inclui meu próprio modo de vivenciar meus dias] continua a mesma coisa. Deprimente.)
- é que minha tia fala que minha vó era índia, índia lá do nordeste. Não tem essa coisa de índio feio e índio bonito ? Os índios lá de cima, são os feios, e eu... me acho feio, sabe...
- aah cara, não tem essa coisa de índio feio e índio bonito não... eu não sei te falar sobre essa beleza que você está dizendo...
- mas como eu faço pra saber se eu sou de índio mesmo? aqui vocês fazem o teste do sangue?
- aqui não, você pode fazer isso na Fiocruz.
Mandei o rapaz voltar outra hora, estava já preocupada com aquela estória, com aquele jeito meio, digamos, anormal de olhar para os lados e coçar a cabeça estranhamente. Ele saiu e me deixou ali com a sensação de fracasso misturada com a de medo. Várias pessoa já me disseram: "tranca a porta Jaque", "não fica aqui sozinha", "presta atenção em que hora você vem pra cá". Não adiantou. Minha tal amiga foi embora, e a acompanhei até o hall e quando voltava quem estava na porta do laboratório? Aquele rapaz. Me escondi, esperei ele desistir e então corri, peguei meus papéis e fui para a sala de estudos.
Fraqueza com preconceito e uma pitada de desconfiança.
Esses foram os elementos que me levaram agir dessa maneira.
E a tal beleza ficou na minha cabeça:
"Antropologia não estuda a beleza das pessoas?"
Sim, a antropologia estuda a beleza das pessoas - responderia com todo o gosto isso se perguntassem tal coisa. Aprendi algo que nenhum cara desses aí disse até agora nos textos que li. E o melhor de tudo, o cara descendente dos índios feios me ensinou isso. E tive medo dele, ele parecia saber melhor que eu de antropologia. Sua blusa azul gasta e os chinelos empoeirados me denunciavam de onde ele vinha e suas palavras me deixavam confusa: bobo ou esperto, consciente ou alucinado, pares de oposição. Essa é a beleza que estudo, um complexo de laços e símbolos, uma gama de sentimentos, um conjunto incontrolável de relações. Talvez melhor que estudar seria admirar. Viver é uma experiência estética cortada por planos de ação construídos enquanto a própria vida acontece.
* chega por hoje. não cumpri o que disse (postar uma foto), estou desocupada o suficiente para pensar na beleza das pessoas e escrever sobre minhas feiuras.
15.12.08
Porque quando mês de dezembro chega vem sempre aquele sentimento de melancolia, tentativa de fazer o balanço geral e se ocupar com os planos do ano vindouro.
Pois é e é sempre assim.
Os blogs têm textos desse tipo, as casas recebem pintura nova e o chester ou peru sempre ficam mais caros [e com a crise então...rs].
Digamos então que não vou fazer isso aqui. Não agora.
Mas é incrível como o tempo se esvai e quando você vê, faz, sei lá, oito meses que aquela estória começou, ou aquele caso terminou ou a sua avó morreu.
Por isso minha gente tais balanços são fundamentais.
Aconselho todo e qualquer ser pensante se ocupar com essas ínfimas e distraídas olhadas pra trás. Dizem que faz bem. Eu não digo nada - a preferência é alocar a essas pessoas desconhecidas o grau de que o falado é certo - alias quem sou eu pra dizer alguma coisa.
Comecei a receber uns e-mails de fim de ano, aquelas pessoas mais adiantadas são assim mesmo, as mais atrasadas só fazem isso quando já é janeiro. Em todo caso, devemos ser educados e responder a essas mensagens coletivas como se elas fossem feitas apenas e unicamente pra gente.
É só um ciclo, um roteiro bem seguido por cada um.
Eu já respondi algumas e se por acaso você receber alguma mensagem que o endereço seja jaquelinegomes06@gmail.com , não hesite em ter certeza que você não foi o único a recebê-la.
Tirando essas pequenas observações, se algo me agrada nesse periodo são as luzes de natal e a arvore da Lagoa também e já tenho até data para fotografá-la, talvez domingo próximo.
Prometo não escrever nos dias que virão, estarei longe e ocupada. Depois retorno aqui e posto alguma fotografia, pra fazer descansar os olhos e a alma admirar a beleza da luz artificial, que só não é melhor que o refresco de pêra que comprei ontem.
Ai essas artificialidades...
levei um beliscão hoje, como esses que as mães dão quando as crianças fazem bagunça.
ela, aquela amiga que faz falta, me disse tantas palavras que precisava ouvir... dela saiam puxões para a realidade, dela jorravam advertencias necessários, e era tão intenso como as aguas de uma cachoeira depois da chuva...
por isso gosto de ouvi-la.
por isso gosto de estar com ela e se eu gostasse de mulher faria amor com ela.
mas o melhor é deixar esses papos de corpo pr'outra hora.
não pensar nisso é bem melhor.
opção garantida do fim do ano é comer e a meta é engordar dois quilos,
mas vou listar outras tão importantes quanto decicir a vida até fevereiro:
despreocupar a cabeça, jogar xadrez na internet e ler lya luft.
depois eu acostumo e não corro mais atras do prazer.
14.12.08
aliás ele se incomoda com o silencio, talvez nisso a gente não combina. mas vamos combinar, porque nada sem propósito funciona bem, é claro que não justifico a vida por um viés funcionalista, é o seguinte... amplitude demais deixa a produção barata, desimportante.
as leituras acadêmicas, os interesses profissionais, as roupas compradas, os escritos pessoais. o único elemento que os une é a variabilidade. a única certeza é que pertencem a ela (ou a mim). personagem que se elabora aos poucos, nos intervalos de uma tarefa e outra.
sacana até o dedo fazer calo. assim definiram ela e assim ela nunca se vê. assim eu também nunca me veria. criei uma personagem ontem e estou disposta a dar algumas alegrias a ela. o projeto não começou bem, era segredo - e aqui já falo dela pra alguém. nada demais. talvez uma história com um pontinho de verdade ou quem sabe, realidade.
ela é ela e eu sou eu.
preciso distanciar-me.
aqui, nada é biográfico, nem lá deve ser.
*
inventei um livro sem nome
pros dias que o blog não pode abocanhar minhas idéias,
já que algumas realmente precisam ser escondidas e não guardadas.
*
13.12.08
e vou desencilhar-me de vez
ser mais dócil e meiga
e um dia assumir os gostos
*
*
esses gostos.
porque minha indelicadeza é como luz do sol
que entra pela janela naqueles dias quentes de verão,
sem ser convidada, incomoda
só os mais sensiveis encaram isso como um charme.
*
11.12.08
9.12.08
8.12.08
forcei o ponto que não era final
quarenta minutos depois tive vontade de desfazer essas palavras e isso seria justificável. a autora sou eu e eu mando aqui. mas não apago. às vezes as risco. um dia explico o que sinto mesmo ao escrever. mas é quase o mantra que deixo nas entrelinhas: sentir apenas. muitas vezes até a disposição das frases tem um sentido pra mim. sentido que vem de sentir e nem sempre associo isso ao pensar e refletir. alguma vez já disse que escrevo desse jeito porque acho bonito, quase como um juntar palavras e descomplicar minha própria idéia de escrever. alguma outra vez, já assumi o quanto é precioso não usar as palavras tão corretas e não deixar-se tão clara e transparente. a gente fala melhor de si quando se esconde mais. uma série de gratuidades me consomem dessa maneira e aqui guardo os poemas desleixados, tal como meus cabelos. não como artista das palavras - não sou capaz de tamborilar com tanta destreza por elas - tropeço entre as virgulas e pontos e reticencias. essa relação de amor e odio, que por vezes assume um grau de traição, me faz sentir como um corno a quem não pertence sua mulher, tal como os textos que aqui deixo guardados. para todo mundo que não eu, eles se constroem diferentes. antonio cicero já escreveu coisa linda que jamais eu escreveria, assim, abro um parenteses para ele:
7.12.08
confesso q nos ultimos dias as expressões de sentimento não vem convencendo ou tendo sucesso.
mas é sempre assim, rediscutir os rumos da vida o tempo todo impede o deixar-se levar pelo acaso.
a preferencia de assumir os riscos dessa empreitada passa longe desse corpo
( e da alma - a palavra é mais bonita, mas desconheço um conceito de alma plausivel, tenho a noção vaga de uma esfera dos sentimentos e sensações).
é exatamente tal incapacidade de previssão que assusta a maioria das criaturas bem sucedidas na vida,
se por um lado podem saber demais, por outro desconhecem as razões do bem estar,
apenas por estarem ligadas a si mesmas.
se tem algo que justifica a existência, este algo não seria sobrenatural
digo isto apenas porque a incompreensão que me acomete em relação a esses assuntos é como um convite a descrença
este é o maior motivo dessa vida leviana...
dane-se se como puta ou irresponsável te classificam
no mais das vezes os rápidos momentos são mais importantes
as sensações mais intensas
a vida mais bem aproveitada
justifico esse pensar como se não tivessemos a opinão alheia como construtora da gente
mas no fundo eu sei que assim é e prefiro desprezar tal coisa.
de todas as profundas palavras e olhares trocados
aquele do elevador me disse tudo que iria ocorrer naquele espaço
e por isso olhei para os números e para os meus próprios pés
seria deprimente manter alguma interação com aquelas duas pessoas
só de pensar que no outro dia não seria eu a sua companhia.
mas no fundo era isso que eu tinha a dizer
a existencia dessa vida levada a indagação da validade de ser
é respondida por uma pura idéia destrambelhada
interdependência
interação
ou
outro
[quem sabe]
você
5.12.08
4.12.08
porque se é que ela existe
deve ser o espaço que as vezes é preenchido
e outras horas se esvazia...
e a ansiedade que sinto parece ser de outra natureza
só que reflete aqui no corpo
e as tensões nos ombros pequenos que tenho
me deixam insatisfeita até com o sabor da felicidade.
é furada deixar-se levar por essas coisas
é melhor concentrar-se nas adaptações filogenéticas do eibl.
30.11.08
cansada depois de uma noite de trabalho
cheia de idéias sobre morte e loucura
acompanhada de um livro de "imagens do inconsciente"
pensando longe, bem longe.
escrevi quatro frases e apaguei logo em seguida...
hoje não é um dia bom pra escrever
por isso vou dormir, fechar os olhos e aquietar
esse emaranhado de fichas que aposto no dia de amanhã
porque são quase jogos da mega sena meus dias
num desses jogos podia ganhar
fecharia uma casa com trancas seguras e colocaria os meus melhores livros do mundo ali,
naquela estante, pra qualquer instante
28.11.08
é, eu já senti essa semana.
parece até que o corpo muda e a gente se sente melhor
porque se tem uma coisa que qualquer um gosta é saber das coisas
e pode até parecer confissões de quem não tem o que fazer,
só que amigo, pode ter certeza que não,
(não quando você escolhe falar de morte e loucura e se embrenhar pelas linhas de elias)
mas uma coisa é certa, as tarefas te chamam pro chão
i.e.,*
impedimento das viagens ou responsabilidades pesadas
ou apenas tortura.
isso... tortura!
*(x) isto é
( ) inda entendo como imped...
( ) inês exclamou: imped...
por fim estou ferrada. rs.
pra poucos amigos e dispenso elogios.
25.11.08
20.11.08
e o namorado?
putz, todo mundo tem que namorar nessa merda de mundo?
vai se fuder,
de tudo mais impressionante que já vi numa tela de cinema, aquela única cena me anestesiou.
foi o branco, tenho certeza. foi o nada que causava.
planejar as situações é uma caracteristica daqueles que se importam com o bem estar,
mas como já dizia muitos desses autores aí, a vida não depende apenas das variáveis que inventamos, mas tb das vontades alheias, preocupações, fatos condicionais, qu no fundo são elemntos que determinam nossa experiencia cotidiana.
por isso, quando queremos algo de fato, de verdade, não devemos planejar o mundo conforme e unicamente por nossas "variáveis" , o outro certamente terá tantas outras.
assim a preferência de ver o mundo sem planejamento é justificada pela existência de uma ordem...
ordem sim, porque nada pode ser tão arbitrário.
só que ela não é divina. é criativa.
chega uma hora que a espera deixa a gente impaciente, e também chega o momento que se ver ansioso é justificavél até porque as pulsões que desencadeiam as vontades (as mais absurdas e banais) são incontroláveis. dane-se o "processo". algumas pessoas perdem o autocontrole. eis uma aqui.
não quero ser civilizada. e no mais das vezes me permito a esse desejo.
17.11.08
a noção de espaço apreendida no seu mais elevado grau pode ser incompreensivel para aqueles que se perguntam o porque de não cairem da cama enquanto dormem.
pois não é que é uma observação interessante. espacialidade é aprendida por processos de internalização de normas ou seria aprendizagem das formas de uso do espaço?
porque aquele bichinho que saiu da barriga da minha tia não sabe nem o que é e já tem unhas e gosta do peito grande daquela que um dia chamará de mãe. é trágico: em pouco tempo ele a chamará de mãe e terá pelo resto da vida que respeitar um padrão de interação com essa pessoa.
o espaço me deixa pensativa, onde será que ele acaba
meu espaço eu extrapolo quase sempre
e esse espaço aqui eu embaralho e me permito escrever [leia-se: quase dizer] o que me vem à cabeça.
porque se digo que movimentos visuais determinam minha leitura numa imagem que é composta de elementos espaciais - ninguem entende. é objetivo cara. é como dois mais dois.
desconhecer as propriedades das formas que cercam a gente no cotidiano é como um silencio admitido e porcamente compartilhado.
chega por hoje.
aquele frio de ansiedade que passa pela espinha?!
a espectativa desorientada: como uma barata tonta.
olha faça logo isso, não quero pensar o dia inteiro em ninguém.
materialidade bruta
sensibilidade destoada
textura sem conexão
tortura das linhas
prazer desenfreado
aquela fayga ainda acaba comigo.
aquele sorrisso também.
16.11.08
As coisas parecem voltar devagar: as perdas do ano não podem retornar,
15.11.08
recebi uma nota e confesso que esperava mais de mim.
e uma inveja que fica latejando dentro do peito me impede de tomar alguma iniciativa melhor que essa - escrever.
sobre esse esgoto que vejo sair de mim, não basta leituras e textos comoventes.
por um minuto pensei largar a faculdade, pisar no mundo e me deixar leva por qualquer um interessante ser desprendido da vida.
porque minhas fotos não são "boas" no fórum,
porque meu trabalho só vale 8,7 para eles
porque meu romance é uma comédia
porque meu quarto não é acabado
porque meu texto sobre imagens é um círculo com um buraco sem fim no meio
porque meu filme não é bacana
porque não sei pedir desculpas.
não importa, certamente, nada pra ninguem.
decidi que farei mais um ano de curso.
talvez período que vem eu tranco e
vivo pra mim o meio ano.
14.11.08
não consigo apanhá-las e então atravessam o teto...
me pergunto o motivo,e de fato, a resposta não vem,
eu a invento.
tudo isso porque ainda penso nos olhos pequenos.
essa racionalidade e os impulsos deveriam "fazer as pazes"
porque te falo uma coisa sincera, sou adepta ao pensamento do eu fragmentado,
mas experimentar essa coisa acaba com qualquer um.
***
hoje assisti Window Water Baby Moving
tomei a primeira decisão da vida adulta,
não quero ser mãe.
****
ontem pude me deliciar com teus dizeres sarcásticos
hoje me bate a saudade por não tê-lo por perto.
****
aquela lembrança é mais forte agora do que nunca
sobre essa memória elaborada no presente
a partir de um elemento passado
digo apenas:
" - o ontem me parece mais perto e o hoje mais intenso"
****
9.11.08
não sei quem começou com aquilo, mas sei que eu que comecei com o pedido de desculpas, mesmo que tal palavra não tenha sido pronunciada por mim. porque algumas horas desculpa pode significar "tá vendo como a gente tá?" ou "o que aconteceu se a gente não troca uma palavra qualquer durante o café?"
foi dessa maneira que começou com uma dose de drama mexicano - já que é sempre assim que me sinto quando as lagrimas vem aos olhos.
a conversa dessa vez durou algumas horas que entre olhares e mágoas bem guardadas um abraço molhado foi o selo de um periodo duro e solitário que nós duas assumimos.
ser mãe não é fácil, e é facil perceber isso.
ser filha não é fácil, e nem sempre é perceptível tal dificuldade.
hoje pude ligar pra ela enquanto estava no metrô e dizer o quanto puta estava por perder o seminário de anatomia depois de passar seis horas num onibus cheia de frio. uam semana atras e não poderia fazer isso. quer dizer, eu não me permitiria fazer isso.
quando cheguei ela me abraçou percebeu meus olhos fundos e perguntou se eu queria um café.
não pude recusar .:.
31.10.08
26.10.08
acho que a partir de agora vou frequentar mais showsinhos com minha câmera [já que me falta outras cias]
é incrível como se desenvolvem as coisas. imaginei apenas chegar naquele teatro fazer umas fotos legais pois tinha tempo que não fotografava nada parecido com isso, sem contar que a vontade de fazer algo passou pelo corpo, sou movida à sensações.
nem gosto dela assim, nem conheço suas músicas, pra dizer a verdade acho até aquela voz um tanto comum, e cá entre nós, não sou chegada nessas cantoras mulher-macho.
aquela apresentação me chamou atenção para performance, e como tenho uma muda desse assunto plantado no fértil cérebro aqui, me cutuquei com essa experiência. aquelas caras e bocas, aqueles gestos, os comentários (da platéia e dela) me levam a conclusão mais uma vez dessa pouca vergonha da vida social.
puta merda, ando muito desiludida da vida e chego num momento que não vejo mais espontaneidade nas pessoas, só encenação.
isso não é ruim, só não é tão bom.
a leitura involuntária daquele nome, o ciúme póstumo, a vontade de não saber do passado - ou ao menos não se importar com ele.
o conjunto desses pensamentos delimitam o meu espaço, marcam minha pequenez, destroem qualquer plano de conquista, fazem sofrer o peito e corroem até as frases elaboradas para o outro fazer rir.
palavra forte, que me dá medo
e ao mesmo tempo espectativas
mas a responsabilidade jogada ao alguem
que de apoio me serve é tão egoísta e mesquinha
que de fato me sinto medíocre
má sorte, desapego,
ciúme e desconforto
espero um dia nunca ver em alguem uma muleta
não é necessário encosto para a vida, só um companheiro
de tudo mais bonito que li, de todas as palavras de agradecimento escutadas, de todas as significações reconhecidas, convenções compartilhadas, esta, esta pequena frase me constrói uma ponte de desespero, que por debaixo corre o rio da ansiedade.
preciso apenas de um bom café.
não quero escrever nada intenso, já que nem minha vida se presta a esse adjetivo, por opção, não quero meus textos assim, quero-o leve, como uma pluma, livre.
25.10.08
22.10.08
o que vejo como ponto de mistura dos fluxos de informação midíatica e informações interiores é o ato produzido sem ao menos uma reflexão contínua sobre ele. prefiro assim, e isto, já não é novidade para alguns.
mas o que me faz escrever cada palavra dessa
é a sensação de que apenas essa vontade organizada
não passa de desculpa esfarrapada pra esconder uma vontade desorganizada de o 'outro' ter.
não faço mais piadas, me disponho as tarefas cotidianas, sem graça, e por repetidas vezes disfarço a intenção, e por fim, finjo não olhar.
besteira pouca é bobagem.
um dia aprendo administrar melhor essas interações.
19.10.08
mas como todos podem intuir, o lerê-lerê dessa vida corrida está mais puxado que olhos de japas contra a luz do sol, e arranjar tempo para escrever aqui tem sido um verdadeiro chute nos baldes [ou textos, ou fotos, ou tarefas do lar]. rs
prefiro escrever sobre essas coisinhas que acontecem sem mais nem menos.
roer as unhas enquanto escreve um texto. pensar alto enquanto come um pavê delicioso feito por você mesmo. hoje cozinhei, fiz um frango com alho poró e um pavê de sobremesa, tem é tempo que não ouvia do meu pai um elogio culinário. mas é claro, me sacaneou no final - quanto a minha escolha do frango. sabe de uma coisa?! de fato, prefiro frango a carne. isso porque quando pequena minha mãe me fez comer frango duas semanas inteiras [segundo suas próprias palavras, lhe fiz passar vergonha na casa da amiga].
voltemos aos assuntos abstratos, ou então isso não seria um blog, escreveria no caderno marron de folhas recicladas [e mais caras que as normais] essas coisas.
não sei como encaminhar este texto agora, o simples fato de ter apenas sete minutos para escrever faça esse texto não ficar no nível [mesmo que baixo] dos outros. daqui seis minutos terei de tomar meu banho, colocar aquela roupa e pegar a mochila, aturar uma mãe chata e ser agraciada com os sorrissos daquelas crianças.
quando chegar do trabalho retomo este texto, talvez exclua essa parte.
e tento saciar essa vontade, pelo menos essa, que não depende de ninguem.
16:53
00:16
retomo do ponto que parei.
pensei durante fotografava aquela menina, seria interessante mesmo se a gente comprasse um livro que enquanto fosse escrito tivesse leitores. michel melamed teve essa idéia e a partir de hoje passo apoiá-la.
imagine:
você compra um cd, instala o software.
de agora em diante você é um leitor. toda vez que o escritor digitasse qualquer letra em seu computador pessoal, naquele arquivo, ela seria reproduzida em sua tela.
já pensou? coisa de doido.
16.10.08
14.10.08
pois é... fudeu tudo bem na mesma hora só que em dias diferentes
resta é levar as mãos à cabeça e suspirar:
não tem volta só um empurrão com a frase
- vai lá...
----
o ano foi de perdas
- o namorado
- a avó
- a gata
em ordem de acontecimentos
e a vergonha na cara?
essa já me faz falta a muito tempo.
12.10.08
coloquei em palavras sentimentos
inventei estórias aleatórias
e disse sobre você...
relendo aquele caderno marrom percebi uma coisa:
três meses pode sim fazer mudar um estilo
provocar arrepios
destruir idealizações
porque pode não concluir, armazenar, purificar a alma
ler escritos passados nos deixa a sensação de burrada feita, ou acerto bem acertado,
quem sabe algo mais, burrada acertada e não finalizada, eis aqui textos incompletos.
agosto/2008
como pode ser pensar e agir ao mesmo tempo. aposto, essa é uma indagação comum que disfarça o cálculo frio do desejo e congela a reflexão aparente que qualquer outro causa.
ultimamente sinto que as emoções me afloram do corpo; e isso mais que qualquer coisa - ou maior que eu - pode dispensar um tempo que seria melhor investido em outro contexto.
posso discutir política, ou qualquer assunto, porque sou boa nisso, sou boa da cabeça aos pés, posso não compreender um assunto e posso fingir entender ou fingir ignorância - só pra me fazer inocente, pronta a escutar e deixar o outro falar e se mostrar mais interessante. se sentir mais interessante é ótimo. mas não gosto de você. nem do seu assunto. não posso te falar isso, uma pena.
julho/2008
eu não sei falar sobre as coisas que sei, apenas daquelas que sinto.
isso pode parecer absurdos para alguns, teatro para outros.
o fato é, não sou dessas que que se dá tão bem com os sentimentos, tão pouco com a performance necessária ao jogo social.
abril/2008
escrever é dar pistas de uma realidade da vida humana. imaginação é crer que isso é possível.
Um dia ainda pego essas frases e as torno coerentes, escrevo um livro, contrato um marketeiro filho da puta e ganho rios de dinheiro, isso será possível depois q descobrir um modo de guardar ideias e manter a boca bem fechada.
10.10.08
me dá uma mão,
uma canção
devolva meus olhos
o inventário dos sentimentos acabou
não se separe
espere
esperre .o.
esporro
esporo
sopro
spr
sp
ps.: você tem muito o que aprender.
----------------------
porque eu tenho medo até das linhas que você escreve
um beijo na minha casa,
um suspiro na cama
e a solidão uma aspirina não resolve
7.10.08
estou profundamente confusa
estruturas quais
6.10.08
4.10.08
"Vovô me contava histórias do que aconteceu sobre o primeiro que descobriu o Brasil, o Pedro Cabral.
Não sei ao certo, diz que naquele tempo nós índios nem conheciam o branco. Então diz que um dia apareceu um barco grande que vinha chegando.
O índio sentiu medo, pensou que fosse bicho e atirou com flecha, naquele tempo o Guarani tinha flecha. Flecha não faz nada, bate e voa por cima do barco, que quando encostou na praia, aí saiu gente.
Então o índio conheceu o branco. O índio atirou porque nunca tinha visto antes aquilo, mas quando viu o branco sair do barco, aí parou. Então o branco chegou, viu o índio e bateu uma foto”
(Relato de Seu João, cacique da aldeia Sapukai em
"As divinas palavras: identidade étnica dos Guarani Mbya" de Aldo Litaif. )
30.9.08
desencontros entre informação verbal e a imagem?
indefinição expressiva que as imagens propiciam?
ou seria
subjetividades que não dialogam entre si?
(pensando, e muito.)
o buraco é muito mais em baixo...
é a (pós)modernidade amigo, individualidade meu irmão...
fudeu.
mas peraí e barthes onde entra na estória?
(...)
28.9.08
mas vou te falar uma verdade então
Francesco Quibano diz:
varias
Jaqueline diz:
diga
Jaqueline diz:
sou toda ouvidos
Francesco Quibano diz:
o negócio é o seguinte: quer abalar geral? malha a bunda;
Jaqueline diz:
rsrs
Francesco Quibano diz:
hhehehhehehehe
Jaqueline diz:
mas n quero abalar geral!!!
Francesco Quibano diz:
mas a questçao é essa. vc não quer abalar geral, mas quer abalar alguem. pra abalar esse alguem vc terá de fazer o mesmo.
Jaqueline diz:
rsrs
Francesco Quibano diz:
ou melhor, quando vc tiver abalando geral, não se preocupe. alguem virá e irá te abalar.
Jaqueline diz:
ai q lindo!!!
Jaqueline diz:
vou colocar isso no meu blog!
Francesco Quibano diz:
lindão mesmo né...rs
Francesco Quibano diz:
legal
Francesco Quibano diz:
podia botar em uma musica...
Francesco Quibano diz:
um dia vou fazer musicas, livros, poemas...
Pode ser até do corpo se entregar mais tarde
Parece simples mas a gente às vezes é
E o amor é lindo deixo
Tudo que quiser eu não me queixo em ser
Acho normal ver a vida feito faz o mar num grão de areia
É de se entregar a sorte e todo mundo vai saber
É de se entregar a sorte e todo mundo vai saber e ver
Que o vai e vem pode ser eterno
Pra ver quem manda
Acho que não vai dar tô cansado demais
Vou ver a vida a pé
Acho normal tá no mundo feito faz o mar num grão de areia
queria ter escrito isso
porque algumas vezes se sentir só é ser de todo o mundo
e o mundo pode ser simples, como a gente.
letra da música mais tarde - Marcelo Camelo
27.9.08
26.9.08
abrir a grande-angular e capturar tudo e mais um pouco
a distorção faz parte da composição e as bordas escuras também.
gosto dessas lentes. gostos desses olhos.
*
tem alguns dias que o disfarce cai
a sobremesa não é tão gostosa
e o mundo não é imenso
ontem senti isso
hoje, não mais.
*
aqueles livros na estante sempre me deixam pensativa.
será que todas aquelas palavras já foram lidas?
sim? que bem lhe fez?
não? por que as mantém ali?
por isso nós medrosos escondemos os livros.
na minha estante tem apenas vinte
e alguns outros espalhados pelo quarto pequeno.
*
ela esbanja saudade de alguem
de algum
de ninguém.
como eu, foi embora.
*
ele foi fortuitamente encontrado
[soube aproveitar a ocasião]
deixando o gosto de quero-mais,
não-suma,
me-procure.
25.9.08
poderia ter essa explicação também:
me sinto tão leve porque aquelas curvas da rio-santos faz a cabeça dançar, os pensamentos voarem alto e a visão saborear a natureza que se desenha lá em baixo. é lindo. é azul o céu e o mar algumas vezes tem um degradê.
23.9.08
Atenção:
nos próximos dias os sentimentos estarão imprevisíveis
deveríamos carregar uma plaquinha dessa no peito
[mas, com um conselho:
não a cutuque com vara curta]
22.9.08
- o que que tem?
- eu tinha esse livro,mas emprestei e não me devolveram, nem lembro mais quem...
foi assim que a conversa começou. eu a escutei inteira, como um participante não autorizado lá goffman.
- lá em casa a gente compra uma pasta de dente diferente a cada mês. nesse mês agora minha mulher comprou a mesma do mês passado, só porque estava em promoção - continuou - e o detergente, todos eles tem a mesma composição, minuano, brilhante, aquele outro, daí você pega qualquer um, mas não, minha mulher pega o mais caro, o que muda é só o "aroma"....
eu escutei a conversa só porque não consegui me concentrar no livro, e isso, só porque o cara era babaca demais, falava tanta besteira nos meus ouvidos que foi impossivel não prestar a atenção no que ele dizia ao outro.
análise agora:
ele precisa mesmo se decidir... a mulher deve ou não comprar as coisas na promoção? ela precisa pegar o detergente mais barato? aquele cara é um filho da puta que quer se separar da mulher, por isso transfere a ela os problemas de sua incapacidade de não conseguir mais dinheiro, de ter um trabalho qualquer e pegar o metrô cheio todo dia de manhã.
20.9.08
e
os pensamentos foram
atropelados.
*
devolvo a ingenuidade a deus
assumo minha sordidez
*
um olho perspicaz e o outro cego
causa estrangulamento dos bons pensamentos.
*
desse jeito vão saber de nós dois
e nosso amor não será consumido, nem trocado
ele quis não mais dizer tudo e ela não mais escutar tudo
abriu o media player e tocou vanessa da mata.
*
faz quatro anos, num domingo de manhã enquanto folheava a revista do globo parei no texto da martha medeiros, se chamava "todo o resto". a partir de uma frase no filme do cazuza ela consiguiu me fazer apaixonar pelo todo o resto da vida.
"existe o certo, o errado e todo o resto"
não importa o quanto de convenções que existe por aí, uma coisa é certa a gente se enquadra nelas, vive por elas, se conforta nelas. é supreendente o quanto mediocre podemos nos perceber quando um ser dotado de liberdade não age da maneira como esperamos, ou mais, quando não se comporta da maneira que nos comportaríamos na mesma situação.
sabe por que?
porque temos a necessidade de classificar as coisas. a coisa é errada ou certa. mas nem tudo é certo ou errado, existe muito mais entre essas duas formas de classificação.
é certo você respeitar o outro, dar passagem no transito, oferecer ajuda, não xingar o compaheiro, lembrar do outro quando vê algo que esse outro gosta, pedir "bença" ao pai e mãe antes de sair e falar o horário que vai voltar, citar os nomes dos autores que nos apoiamos para escrever, não copiar respostas das provas de sites, não confiar na wikipédia, retornar a ligação do outro, dizer bom dia, boa noite, boa tarde, comer de boca fechada, agradecer quando sair do elevador, programar o futuro, pagar as contas em dia, não sair com outro cara enquanto namora um...
uma imensidão de coisas certas.
não me darei o trabalho de escrever o que é errado, a essa altura você já entrou o clima do texto.
o resto sabe o que é? é toda sensação que não sabemos classificar. e você pode ter certeza que são muitas. muitas mesmo.
eu não sei me despedir. é certo? é errado? dole uma, dole duas, dole três: isso é o resto. tem que dar dois beijinhos? tem que encostar só a buchecha? pode dar selinho? é só o aperto de mão?
sacou?
simplesmente a vida pode ser bem mais. mais que classificações. mais que poucas desculpas. mais que planos. pode ser essa mistura incontrolada.
todos tem um ponto e algumas pessoas tem a mão certa. a minha é um pouco errada e por isso até o brigadeiro às vezes passa do ponto.
às vezes eu passo do meu ponto.
[cala a boca jaqueline]
editei o código html do parfournir, agora a lista de postagens não tem mais números ao lado dos meses. decidi fazer isso porque me sufucava as vias do ar quando olhava que tinha escrito vinte e três vezes no mês. agora não vou mais sofrer com isso. não terei mais números para olhar e portanto o pensamento de tempo perdido no parfournir não vai passar pela cabeça.
outra decisão é que a maioria das postagens não terão título. cansei de inventar sem-titulo-número-tal para elas e não tenho criatividade para entitular meus textos, poderiam ser todos desabafos i, ii, iii ... m. NÃO! posso ser criativa, se eu não consigo não preciso mostrar isso a ninguém.
o que me deixa mais a vontade nessa estória toda é que não preciso mais entrar no blogger para escrever, faço isso nesse programinha esperto e guardo todas as postagens numa pasta específica. bacana.... rs
mas nehum comentário quanto a isso, vou escrever outra coisa. agora não me preocupo com os números, apenas com as letras.
19.9.08
eu não sou fina, só que estou rodeada de gente que é. pessoas que falam francês, comem salgados de garfo e faca, conversam sobre arte e têm opinião sobre tudo. não sou assim, definitivamente. não venho de uma familia tradicional, nem de uma do interior cheia da grana. minha mãe casou-se aos quinze sem nem saber que precisava trepar com o marido. me pariu aos dezoito. se separou, penou, trabalhou muito e me criou sozinha. faz dez anos encontrou alguem, esse alguem que se tornou meu pai. ele, um gênio sem noção disso, tenho certeza que seria um cientista, inventaria algo extraordinário, se não tivesse perdido os pais aos doze. fez merdas que hoje lhe são seus filhos. isso, aos vinte já era pai. é assim... o que é livro? jornal? sabe-se lá. televisão é o maior bem pra ele. já tivemos aqui em casa seis aparelhos, um em cada cômodo, só faltou uma tv no banheiro.
não posso argumentar minha pieguice por uma hereditariedade ou problemas psicológicos de criação sem pai, sem avô, nem posso justificá-la porque minha mãe não fala mais direito comigo, prefere sorrir com a moça que lava a louça aqui de casa.
posso reclamar da familia que tenho. mas não quero fazer isso. nem sou fina para fazer tal coisa. não tenho classe. ontem tomei um café na cavé e já veio aquele cara com uma xícara, um copo d'água, uma canelinha ao lado e um pingo de chocolate - mas o que é isso, eu só pedi um café, café normal. deu vontade de beber aquela água só pra matar de vergonha a minha amiga! não fiz isso, é claro. ela sorriria pra mim e diria como deveria fazer com cada coisa. eu ouviria com paciência.
sou paciente e calma, gosto de ouvir as pessoas, só não me peça para falar nada, não sei aconselhar ninguém. sou rispida. sou grossa. de poucas palavras. bem poucas. nunca ganhei nada de graça, nunca fui pra disney nem fiz curso de inglês. compro minhas coisa com muito trabalho e esbanjo vontade de dar por aí. mas não dou. troco, quase sempre.
a estratégia das boas relações não existe, elas acontecem. até porque qualquer relação que estabeleço deixo logo de cara o que pretendo com ela. disse uma vez para meu antigo namorado que não sentia mais vontade de estar com ele e pensava em outro cara. terminamos. a vontade passou e a gente voltou. é assim, jogar limpo não custa caro. talvez só um pouco caro, como aquele lanche de ontem no final com café, que paguei e nem toquei naquela canela, nem naquela água...
posso não saber exatamente o que se passa na cabeça daquelas pessoas, mas arrisco o palpite infeliz.
essa é a idéia da ciência-com-c-minúsculo que aprendo e estou me formando, se arriscar num mundo que não pertencemos, pensar traduzir códigos que não são os nossos, publicar perspectivas e se dizer conhecedor de alguem (ns). não vou retomar esse assunto.
pierre disse isso pra mim ontem: chega uma hora que a gente percebe que "não se pode ganhar em todos os planos,que não se pode deixar de respeitar as regras do jogo social e que a fascinação de não participar dele conduz a uma grande ilusão"
este é o mantra da esquisitice aguda que me ataca o corpo nessa sexta-feira com sol e fria.
por isso fecho as janelas e tranco as portas desse lugar.
*
porque ele me consumiu até o talo
e o sentimento de honestidade me fugiu entre as pernas
[pobre deslocamento de metas]
[pura razão do conto]
foi-se embora toda serenidade
me invadiu com violencia e indiferença
rompeu a fina pele de respeito
e não perguntou se podia entrar,
apenas saiu.
*
tomei o chá de canela
lancei a música pro ar
desfiz as mentiras impostas
e não vou voltar atrás.
*
consoantes são aqueles que nada falam [se olham]
são ruidos que incomodam os ouvidos
e elos de ligações entre as vogais.
estes tem poder, decidem quando querem [ou o que não querem]
as uso e nada tem com isso ninguém.
*
chega de falar do ego
ele tá cheio e inchado
um beijo a todos e um aperto de mão.
17.9.08
levantar da cama então, pior ainda.
digo isto porque o frio que tocou os pés
foi como um convite à preguiça.
--------------------------
pode parecer coisa não resolvida, problema mal acabado, discussão sem pé nem cabeça, não importa, a ideia é mostrar que temos o que dizer. me falaram hoje"...ela arrassava nas aulas dele (...) e tinha aquele rapaz também que parecia competir com ela..." é assim, o mundo pode acabar na maior miséria, aquela mais descabível e horrenda, pode ser criança morrendo de fome, velho sem casa, ou a barbarie completa, o que vale e o que é presenciado constantemente: é o discurso. mero discurso, mediocre e embranhado por intelectuais. uma verdadeira coisa: desilução, desmedida, desavergonhada.
-----------------------
é moça veja só como são as coisas.
um livro q compraram por oito reais
hoje pode ser encontrado por cinquenta e nove e noventa e nove,
por isso gosto dos velhos
tudo velho, bem velho.
15.9.08
por um futuro incompleto ou um passado deslocado,
não importa a duração dessas variáveis que constroem a vida,
muitas vezes não importa mesmo o presente,
porque há de considerar que a vida é o conjunto de experiência,
não essa da filosofia - do conhecimento transmitido pelos sentidos,
é a experiência no seu mais alto grau, o senso comum.
o elemento tempo é seu maior constituidor,
por isso dirijo os pensamentos a ele.
se fosse possível considerar alguém maduro
apenas quando olhamos nos olhos,
não levaríamos adiante muitos conceitos que tanto fazemos uso.
por fim, se pudesse medir toda essa burocrática condição
que na ocasião ocupo, o faria pelo tempo.
[mas, que tempo?]
porque o mundo conhecido e partilhado
pode ter um tempo comum,
que pode arbitrariamente ser definido,
que deve obrigatoriamente ser seguido.
[perda de tempo]
[uso mal feito do tempo]
[tempo perdido]
[tempo desperdiçado]
[ganhei tempo]
[falta tempo]
tempo pra que?
os transportes não serão controlados pelos minutos,
mas pelas pessoas,
sairão quando o ultimo passageiro se sentar.
depois as sessões de cinema não terão horários marcados,
os filmes vão começar quando todas as poltronas estiverem completas.
um dia não vou correr contra o tempo,
ele será apenas um aliado.
14.9.08
tudo junto, misturado e disfarçado
por que as horas passam voando
por que essas palavras saltam daqui
sabe que mantenho os olhos fixados
porque ela faz tudo tão certo
e porque pensa que tudo pode ser melhor
essa imensidão de documentos
de papeis, de abas do explorer,
de músicas que falam
e fotos que escondem o sabor
é dificil manter-se assim
mas ela consegue
é forte
é fantástica
ela é linda
e ele inteligente
mas babaca
a noiva - a mais complexa
o noivo - o mais irritante
só seria o casal mais apaixonado fotografado
pode parecer papel picado
recorte mal feito
fragmentos, ou,
sentimentos diluidos. não.
é percepção.
------------------
parfournir tá novinho em folha...
13.9.08
11.9.08
... se a gente fosse uma lista simples de caracteristicas, ou como uma receita de bolo, ou se viessemos ao mundo acompanhados de um bula [não, talvez seria melhor um manual de instruções], me sentiria melhor ao ler o trecho acima: descobri que sou sensual, posso ser manipuladora e gosto das coisas da carne (hum!).
9.9.08
8.9.08
4.9.08
será?!
deixa eu assumir uma coisa. tenho que fazer isso mesmo: posso sofrer de esquizofrenia. sério...falo sozinha.
e não adianta ter um monte de amigo por perto, ou um aparelho que faça esse monte presente. é assim simples. sentar na cama, imaginar o outro com cara de atenção, falar mil coisas e contar outros tantos acontecimentos, daí pensar as interferencias desse outro cheio de atenção, e por fim, notar que está sozinho, falando com um imaginado.
escrevo coisas sem nexo, sem que e nem pra que...
o que começo não termino, nem meus textos aqui no blog. minha rede social tem diminuido. os sentimentos estão confusos. a atenção difusa...
segunda-feira vou procurar um médico.
28.8.08
três de mim
uma de mim continuaria sendo a Quel: acordaria todo dias às oito, tomaria o café acompanhada da mãe, trataria fotos de casamentos, batizados e aniversários. depois almoçaria sempre o frango temperado e o arroz grudento e sairia pra passear de carro no banco do carona lendo em voz alta as notícias do dia pra motorista, a mãe.
outra de mim continuaria tentando ser uma antropóloga, discutiria a imagem como representação, fotografaria o mundo, produziria uns 100 filmes ditos etnográficos, talvez passasse na prova do mestrado, talvez conseguisse uma bolsa, talvez não me preocuparia com dinheiro, nem com dúvidas metodológicas, nem com teorias imagéticas. viveria no rio, encontraria um homem bacana e viveria com ele por dez anos, visitaria a mãe aos fins de semana.
a ultima de mim poderia se decidir de vez pela arqueologia, daí não ficaria numa plena confusão enquanto na frente de uma tela luminosa lê sobre editais de provas, tão pouco sofreria com as incertezas de uma profissão. se mudaria pro amazonas, trabalharia em escavações e projetos de amigos, depois seria orientada por alguem legal, produziria um trabalho de analise arqueologica bacana, seria envolvida nas causas indígenas, produziria boas fotos apenas por que gosta. talvez encontrasse alguem, talvez seria feliz, e visitaria a mãe duas vezes no ano.
odeio ser ignorada e é isso que ela faz comigo.
um dia digo na cara as verdades que precisa ouvir,
talvez ela entenda
ou de vez me desconsidere como filha.
eu sou uma filha da puta.
bem puta.
----------------------------
fim da produção de agosto.
não me permito escrever mais que 23 vzs ao mês.
a gente precisa de um limite em tudo,
o meu é esse, o nº 23.
23 postagens.
23 pensamentos.
23 aborrecimentos.
nenhuma verdade, nem a mais subjetiva.
24.8.08
fuligem
sem título XIII
esqueça das idéias,
algo melhor faz presença: o sentir.
---------------------------
romântico é aquele que se impõe e não escuta o eu te amo
essa é a frase mais descabível em qualquer relação.
--------------------------
possibilidades jogadas pela janela do carro
enquanto você vê que ele olha pelo retrovisor uma loira gostosa na calçada.
--------------------------
20.8.08
lentidão
tal encontro, marcado pela lentidão que ocorreu,
está condenado a se expressar na mera interpretação alheia.
os carros andavam a 40 km/h e os passos foram economizados.
resultado: cheguei em casa mais tarde, cansada e com tarefas a realizar.
19.8.08
notas
essa foi a coisa[1] que o ouvido percebeu e decodificou como cumprimento.
olhar veloz, inquieto, despível.
identificado por um outro olhar controlado mas cheio de pensamentos impuros[2]
tais fragmentos da interação estabelecida entre dois, concomitantes, contrários, que não se anulam. certeza absoluta da imprecisão dos sentidos e percepções. troca mútua de dúvidas e fim.
notas
[1] coisa porque parece que assim o é, e não porque faltam palavras. coisa sem outro sinônimo.
[2] impuro mas não sujo, talvez, pecaminoso... na perspectiva cristã, é claro.
18.8.08
coisas, apenas juntas
mas algumas coisas precisam ser ditas,
e não importa se assim já o fizeram.
novamente me coloco a escrever um texto ou sentimento que se constroí aqui
e de cara lavada e sem vergonha assumo minha irresponsabilidade
e o medo de não ser interpretada da maneira que almejo.
Minha insegurança que se torna mais forte a cada dia e se entranha no desejo inconcebível,
está corroendo a esperança do "fazer certo" qualquer plano de ação.
No mais, espero que os significados dessa imagem torta
que me deixo refletir possam impressionar quantas pessoas conseguir.
O texto, a imagem, a conversa, a roupa, tudo
é friamente calculado e percebido como mais um
ponto caracteristico de formação de um eu desajeitado,
mas muito bem compactado nessa redoma e vitrine ambulante,
que sorrateiramente se perde entre rampas, escadas e pessoas pouco educadas.
A estranheza comum que ataca os fios do cabelo
deixando-os, em número maior, brancos.
O costume de roer a unhas, volta, sem dó nem piedade,
injusto, afinal foram longos dias deixando-as crescer.
Contudo pior que as mãos pequenas é apresentar canelas desproporcionais
ao corpo miúdo que impele ao outro um domínio e ensinamento dos prazeres físicos.
Confesso que a incoerencia que me permito aqui deixar,
não diz respeito a nenhum ser vivente.
Confesso que hoje me confessaram que
o companheiro perfeito foi perdido e a falta do sexo e do beijo,
ou do mais simples abraço o deixava desconcentrado
nas tarefas do dia e das atividades academicas.
Pobre amigo, eu não confessei que sentia o mesmo, nem o farei aqui.
Confesso somente que isto me atinge - e não necessariamente
porque estou na mesma situação,
talvez seja apenas porque gostaria de falar isso a alguem
mesmo que ainda não tenha experimentado tais experiências.
No fundo, a experiencia vivida pertence a um,
mesmo que ela só tenha sido possivel pela interação.
Quando me olho no espelho e reclamo com ele sobre essa espinha ou olheira
que apareceram subitamente na face,
estabeleço uma interação com um outro imaginado,
mas não quero escrever sobre isso, simmel já fez isso e muito bem.
O ponto é, toda essa corrente desencadeada por uma pequena frase
destaca um elemento que diria o principal: representação.
um dia deixo alguem ler isso em voz alta e interpretar aquilo que eu mesma não consigo melhor fazer.
17.8.08
não dá pra ser melhor que isso aqui não
assisti hoje lemon tree
melhor filme do segundo semestre.
bom. o comportamento é contido
o meu deveria ser mais assim.
foi ótimo ver aquela mulher, aqueles limões, aquele muro,
é tudo mesmo uma merda absoluta.
o final não é como nos filmes americanos,
é digno. nada de gente feliz e coisas inconcebíveis. amo isso.
mas eu não reescrevo o que está postado, é como aquelas coisa de principio, saca?!
a partir de agora
desencano
> ?<
ficar não fincado
bem desnecessário
descontado o valor
o tempo contado
segundos não passados
>@<
a prece não feita
pedido perdido
o fim consolado
inicio moldado
cabeça doída
a boca pedida
beijo não dado
o erro assumido
>!<
síntese alternada
consumo atrelado
perspectiva alterada
encontro marcado
>(...)<
sem título XXXIV
aquela maneira de falar, o tom baixo,
tudo me leva pra mais junto.
odeio estar junto sozinha
-------------------------
a formiga que sai do canto do quarto tem um caminho certo,
pega meu açucar na mesa
e não importa quantas vezes mudo de lugar
ela acha e leva
aquele caminho podia ser tão certo quanto dela
assim, eu poderia até pegar uns atalhos
mas saberia voltar ao meu canto do quarto.
------------------------
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa está por dentro
ou está por fora*
quem está por fora
quando me olha nos olhos
escapa e eu me mantenho
quem está por dentro
mantenho e ele foge.
----------------------
* leminski